A insistente procura por um simulador de direção que despertasse interesse a quem quer aprender a dirigir resultou no protótipo RDV-1000. Feito sobre a base de um VW Fox, o moderno simulador virtual foi apresentado no último fim de semana, em Belo Horizonte, a profissionais da área. O equipamento é fruto da parceria entre especialistas de quatro diferentes setores (centro de formação de condutores, simuladores de corridas, engenharia e softwares), que fundaram a empresa Real Drive e pretendem instalar fábrica em Pouso Alegre, no Sul de Minas, a 384 quilômetros de Belo Horizonte.
À primeira vista, o simulador lembra um jogo virtual. Mas basta sentar-se à direção e iniciar o programa para perceber o grau de seriedade com que é tratado e como é cobrado o candidato no comando do volante. Ao contrário dos videogames voltados para a diversão, em que muitas vezes é possível fazer piruetas, morrer e ressuscitar várias vezes, o enredo é bem próximo da realidade. Só para começar, o cenário é o da cidade onde o aluno pretende tirar a carteira. E dirigir passa a ser coisa séria. O candidato é avaliado desde o momento em que senta, ajusta o banco à sua estatura e coloca o cinto de segurança. O trajeto deve ser seguido com seriedade, com respeito aos limites de velocidade, paradas obrigatórias e as marchas sendo trocadas na hora certa. Vícios como cruzar os braços ao volante ou passar uma das mãos por baixo do aro no momento da curva: ai, ai, ai? nem pensar.
Avaliação
Enquanto dirige virtualmente, o aluno é avaliado pelo instrutor, que acompanha e determina as fases do teste. ?O instrutor pode criar situações como a travessia repentina de um cachorro ou pedestre para ver a reação do candidato. Também pode simular situações à noite, sob chuva, em rodovias e estradas de terra?, explica o engenheiro João Tadini, um dos sócios da empresa. ?Em Belo Horizonte, onde há muitas subidas, pode ser treinado com maior ênfase o controle de embreagem?, continua. Segundo Tadini, por enquanto o simulador tem apenas uma tela central, mas a ideia é que tenha duas outras telas laterais, bem ao lado da central, para treinar a visão periférica do aluno.
Terminada a aula, é gerado, automaticamente, um relatório com foto, biometria do candidato e toda a sua performance: velocidades desenvolvidas, acelerações, freadas, troca de marchas, velocidade média, número de vezes em que o motor morreu etc. E tudo pode ser acompanhado on-line por exemplo, pelos Detrans, se for o objetivo. O equipamento permite, ainda, testes e adaptações para portadores de necessidades especiais e pode ser usado no combate a traumas, por quem tem medo de dirigir.
Lei
O simulador de direção, que pode ser estático (o aluno treina em carro comum, fixo em cavalete), é exigido pela Resolução 74/98, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), dos centros de formação de condutores credenciados para o ensino da prática de direção. O RDV-1000 nasceu da procura do empresário Luiz Antônio Lopes, dono de centro de formação de condutores, por algo que agregasse mais conhecimento ao candidato a motorista. ?Quando saiu a lei, em 1998, comecei a procurar no mercado, mas não encontrei nada?, conta. Logo depois, Luiz conheceu Marelo Armaroli, especialista em simuladores, inclusive de Fórmula 1, e Osvaldo Oliveira Júnior, experiente em softwares, e, por fim, João Tadini. Há um ano, o grupo trabalha no desenvolvimento do RDV-1000 e agora busca parcerias para sua comercialização. Tadini revela que já existe um ?namoro? com a Volkswagen, que pareceu interessada no projeto.
Mas, enquanto não há nada concreto, os empresário procuram divulgar o simulador, com apresentações pelo Brasil. O protótipo viaja dentro de uma van, que funciona como um escritório móvel e vem sendo mostrado em feiras e eventos ligados ao trânsito. Em Belo Horizonte, ficou em exposição no último fim de semana, na concessionária VW Carbel, podendo ser testado por clientes e profissionais da área.