A seta é princípio básico de comunicação entre veículos. Sinal simples que contribui para a organização do tráfego e pode evitar acidentes. Muitos motoristas, porém, não dão importância ao mecanismo e, muitas vezes, nem sabem que, além de descortesia com quem está nos demais veículos, não sinalizar adequadamente é infração grave, com multa de R$ 127,69 e perda de cinco pontos no prontuário. Em mais uma pesquisa envolvendo itens de segurança do carro, ouvimos 100 motoristas, dos quais 19% admitiram se esquecer de dar seta em algum momento. A pergunta também foi feita a internautas, pelo portal Vrum, e o índice foi bem parecido: 20,1% (de um total de 2.405 respostas) disseram não dar seta sempre que fazem uma conversão ou mudam de faixa. Números que parecem ainda pequenos quando se observa o trânsito de Belo Horizonte.
"A maioria esquece mesmo. Acho que uns 70%", diz o taxista Geraldo Soares, que passa o dia todo no trânsito. A opinião é compartilhada com o colega Timóteo Pereira: "Os motoristas não dão seta, não obedecem. E, quando você dá seta, pedindo para entrar, não deixam". A reclamação em torno dos demais motoristas que não dão passagem é comum e motiva decisão radical. "Quando vou mudar de faixa, não dou seta mesmo. Porque, se eu der, aí, que não me deixam entrar", diz outro motorista sem se identificar.
Multas
No ranking de autuações aplicadas pela BHTrans, os números parecem ainda mais longe da realidade. De janeiro a setembro deste ano, apenas 335 motoristas da capital foram multados por não darem seta. As multas representam somente 0,095% do total de 352.275 infrações registradas pela empresa no mesmo período. O erro está regulamentado pelo artigo 196 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e descreve quatro falhas: "deixar de indicar com antecedência, mediante gesto regulamentar de braço ou luz indicadora de direção do veículo, o início da marcha, a realização da manobra de parar o veículo, a mudança de direção ou de faixa de circulação".
Dos 81 motoristas que disseram dar seta sempre, 59 (ou 72,8%) admitiram se sentirem incomodados por quem não sinaliza a intenção. "Até se não houver carro atrás de mim, eu dou seta. Tenho pavor das pessoas que não dão e viram em cima da hora", diz a auxiliar de enfermagem Sirlene Dias. "Sempre dou seta, mas você não pode confiar muito. Muitas vezes o motorista se esquece de ligar a seta e faz a conversão; ou, o contrário, a esquece ligada e não vira", completa o gráfico José Nilo. "Sempre me incomoda a pessoa que não dá seta. E é ruim também para o pedestre. Fica esperando para atravessar, acha que o carro não vai virar e depois vira", lembra a estudante de direito Clarice Figueiredo.
Apelo
A despreocupação com a seta fez com que a Associação dos Moradores do Bairro Belvedere, na semana passada, colocasse uma placa (foto acima) na Avenida Presidente Eurico Dutra, esquina com a Avenida José Maria Alkimim, no própio bairro, na região Sul, pedindo mais atenção aos motoristas com relação à sinalização de direção. Moradores e taxistas da região contam que no local havia muitos acidentes e que se trata de um cruzamento perigoso. A falta da seta deixa motoristas confusos, já que a interseção, próxima a uma pequena ilha, permite conversão à direita, à esquerda ou seguir em frente.
"As pessoas não sinalizam. Inclusive, já solicitamos à BHTrans um projeto para aquele local, em que há uma curva acentuada e não existe nenhum redutor de velocidade", acrescenta o presidente da associação, Antônio Geraldo Costa. Segundo ele, o objetivo da placa foi chamar a atenção de quem passa pelo local e fazer um alerta para o uso da seta.
Opiniões
"Não vou falar que sou perfeita, mas procuro dar seta sempre que é preciso. Procuro estar certinha", Leonie Rehfeld, relações-públicas
"Às vezes esqueço, mas é muito importante", Amarildo Lino, comerciante
"Sempre dou seta. Incomoda muito quando os outros motoristas não dão", Carlos Eloy Andrade, engenheiro