Os fabricantes utilizam o conceito de série especial de diferentes maneiras. Em alguns casos, o veículo recebe apenas um emblema de identificação e já entra no mercado com um dito diferencial. Outra estratégia comum é tomar uma versão intermediária como base e equipá-la com alguns itens a mais, sem pesar muito no preço. Porém, eventualmente, surgem algumas edições excepcionais, que se tornam memoráveis.
Carros que honraram o conceito de série especial
E o listão de hoje é justamente sobre esses modelos: o VRUM enumerou 10 carros nacionais que ganharam séries realmente especiais. Muitas delas receberam equipamentos exclusivos e até alterações mecânicas: todas marcaram época. Confira o listão!
1- Chevrolet Monza EF 500
A gama Monza teve várias edições de tiragem limitada, entre as quais a High Tech, de 1993. Porém, a mais caprichada foi a EF 500, de 1990: era uma versão Classic - a top de linha - ainda mais sofisticada, com direito a bancos em couro, aerofólio e até a motor com injeção eletrônica, que elevava a potência para 116cv.
Na ocasião do lançamento, a Chevrolet anunciou a produção de 5.000 unidades do Monza 500 EF, com carrocerias de duas e de quatro portas. O nome da série especial era uma homenagem ao piloto Emerson Fittipaldi, que havia vencido as 500 Milhas de Indianápolis no ano anterior. Aliás, cerca de duas décadas depois, o fabricante voltou a homenagear o piloto brasileiro, com uma edição limitada do Omega.
2- Chevrolet Opala Diplomata Collectors
A série especial mais icônica que o Chevrolet Opala já teve foi justamente a última: a Collectors, que marcou a saída do modelo do mercado, em 1992, após 24 anos de produção. Disponível para a versão top de linha Diplomata SE, vinha sempre com motor 4.1 de seis cilindros e câmbio automático. Diferentes fontes informam os números de produção, que variam entre 100 e 200 exemplares.
O Collectors nem era tão mais equipado que um Diplomata comum: trazia, além dos emblemas, um certificado, um chaveiro banhado a ouro e um fita de vídeo VHS com a história do modelo. Ainda assim, entrou para a história por ter sido a primeira série especial do Brasil a marcar a despedida de um carro. Posteriormente, a própria Chevrolet repetiu a dose com as edições Collection de Vectra, Zafira e Meriva.
3- Fiat Oggi CSS
O que não faltava ao Oggi CSS era exclusividade: foi o único membro da gama 147 a oferecer um motor 1.4, o de maior cilindrada até então. Consequentemente, também foi o modelo mais potente dessa linha, com 78cv. Câmbio, suspensão e até a caixa de direção tinham características próprias. Claro, não faltavam exclusividades também no acabamento, entre as quais bancos e volante esportivos.
Na verdade, a Fiat lançou a série especial CSS (sigla de Comfort Super Sport) para conseguir homologar o Oggi no campeonato Marcas e Pilotos, que só aceitava automóveis produzidos em série. E não foi além do mínimo exigido pelo regulamento: a produção somou apenas 300 unidades.
4- Fiat Stilo Blackmotion 2.4
O Fiat Stilo Blackmotion, por si só, já é interessante, mas alguns exemplares dessa série especial, lançada em 2009, são ainda mais atraentes. É que a maioria dos veículos trazia o motor 1.8 de quatro cilindros, porém o vigoroso 2.4 de cinco pistões chegou a equipar alguns deles. Muito poucos: as estimativas apontam que não mais de sete exemplares foram produzidos com a mecânica mais potente, de 167cv.
Independentemente da motorização, o Stilo Blackmotion fazia bonito nos equipamentos. O conteúdo incluía ar-condicionado com duas zonas de temperatura, bancos em couro e até teto solar Sky Window. Isso, sem falar na pintura preta e nas rodas de 17 polegadas em grafite. O pênalti ficava por conta do câmbio automatizado Dualogic, que vinha de série nas unidades com motor 1.8.
5- Fiat Uno série especial Grazie Mille
Ao contrário de outros carros deste listão, o Uno Grazie Mille não dispunha de refinamentos mecânicos nem de motor potente: sob o capô, pulsava o 1.0 Fire de até 66cv. Ainda assim, é inegável que a Fiat caprichou na série especial, a começar pelo pacote de equipamentos, que incluía ar-condicionado, direção hidráulica, rodas de liga leve e sistema de som com Bluetooth e subwoofer: itens, então, incomuns em carros populares.
O modelo também era cheio de detalhes, como conta-giros, pedaleira esportiva, tecidos exclusivos nos bancos, soleiras com o nome da série especial e forro de teto preto. Para completar, todas as 2.000 unidades vinham com uma placa numerada. A série especial Grazie Mille marcou o fim da produção do Uno, em 2013; nada menos que 29 anos após o lançamento, que data de 1984. De certo modo, em 2021, a Fiat repetiu a dose com o Uno Ciao.
6- Ford Escort XR-3 Fórmula
O Escort teve várias edições memoráveis no Brasil, como a Pace Car, de 1984, e a 75 anos, de 1994. Entretanto, a série especial que trouxe mais alterações em relação às versões convencionais foi a Fórmula, de 1992. Isso, graças à presença de um sistema ativo de suspensão, com amortecedores eletrônicos: ao toque de um botão, os componentes podiam ficar mais rígidos, para privilegiar a estabilidade, ou mais macios, com foco no conforto.
Os amortecedores eletrônicos eram uma baita sofisticação técnica, mas poucos sobreviveram: muitos proprietários acabaram instalando componentes convencionais quando foi necessário fazer uma substituição. De qualquer modo, essa solução inovadora acabou sendo a característica mais marcante do Escort Fórmula, até porque, no mais, ele não se diferenciava tanto do XR3: externamente, trazia apenas adesivos de identificação. O motor era o conhecido 1.8 de origem Volkswagen, com 97cv.
O VRUM já dirigiu um Ford Escort XR-3 1992: assista ao vídeo!
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7- Ford Landau série especial de 60º aniversário
Um dos mais icônicos carros que a Ford fabricou no Brasil teve uma série especial pouco conhecida atualmente. O lançamento ocorreu em 1979, ano em que a Ford completava seis décadas de atuação no mercado: para comemorar, o fabricante deu ao top de linha Landau uma edição de "60º aniversário". A produção contabilizou apenas 300 unidades, todas na cor vinho.
Discreto, o modelo tinha só uma plaqueta de identificação na parte interna, afixada à tampa do porta-luvas. Tampouco a mecânica, composta por motor V8 302 de 197cv de potência bruta e câmbio manual ou automático, recebeu modificações. Ainda assim, o Landau 60º aniversário merece menção pelo pioneirismo: lançado em uma época em que séries especiais ainda eram raras, ele abriu caminho para outras edições limitadas da Ford, como o Escort 75 anos, de 1994 e Ka e EcoSport 100 anos, de 2019.
8- Volkswagen Gol Copa
Quando o assunto é série especial, muita gente se lembra do Gol Copa. E não é por acaso: afinal essa edição teve três tiragens, nos anos de 1982, 1994 e 2006. Porém, a mais icônica é a primeira delas, lançada durante o mundial de futebol na Espanha e limitada a 3.000 veículos. Vale lembrar que o modelo teve várias outras edições comemorativas, incluindo a derradeira Last Edition.
Na época, a Volkswagen juntou tudo tudo que o Gol tinha de melhor para criar a edição Copa. Isso incluía o motor 1.6 refrigerado a ar - o mais potente da gama de então, com 66cv - e vários equipamentos, como faróis de neblina, rodas de liga leve e volante esportivo. Porém, o detalhe mais interessante era o pomo do câmbio em formato de bola de futebol.
9- Volkswagen Kombi Last Edition
Eis uma série especial um tanto polêmica. Isso, por causa da decisão da Volkswagen de ampliar a tiragem de 600 para 1.200 unidades. Alguns dos compradores do primeiro lote de veículos chegaram a acionar a justiça. Mas o caso é que essa edição marcou o fim da carreira do modelo mais longevo do Brasil, cuja fabricação durou nada menos que 56 anos. Por isso mesmo, a Kombi Last Edition tornou-se icônica.
A indumentária incluía pintura bicolor em azul e branco, combinando com o estofamento e as cortinas das janelas, faixas brancas nos pneus e certificado de autenticidade. O motor é o 1.4 com refrigeração a líquido, de 80cv. Ainda hoje, é a mais lembrada das séries especiais da Kombi, que, essencialmente, sempre foi um veículo voltado para o trabalho: as demais foram a Prata, de 2005, e a 50 anos, de 2007.
10- Volkswagen Santana EX (série especial Executivo)
Entre as edições memoráveis do Santana, como a Evidence, de 1989, e a Sport, de 1990, a mais caprichada, sem dúvidas, foi a EX (de Executivo), também lançada em 1990. A Volkswagen utilizou exatamente a mesma fórmula do Chevrolet Monza EF 500: simplesmente equipou o Santana com tudo o que era possível, inclusive com um motor 2.0 dotado de injeção eletrônica (o mesmo do Gol GTi).
O fabricante também fez alterações no câmbio, na suspensão e nos freios, para proporcionar dirigibilidade à altura da potência de 125cv. Deu certo: a série especial ficou bem mais afiada que as demais versões. Some-se a isso um par de bancos Recaro, aerofólio traseiro e rodas raiadas BBS, que completavam a atmosfera de esportividade. A produção limitou-se a 4.000 unidades.
Gosta dos carros da linha Santana? Então, assista ao vídeo de uma Quantum 1987: