São poucos os motoristas que realmente se preocupam com os vidros. Eles somente se dão conta da sua importância quando são obrigados a desembolsar soma considerável para trocá-los. Mas agora, além do prejuízo da troca, existe a possibilidade da multa, se o dano estiver no campo de visão do motorista. Existem alguns cuidados simples, que podem evitar grandes prejuízos.
Legislação
O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicou recentemente a Resolução nº 216, que proíbe que veículos circulem com danos em pára-brisas e define quais tipos de reparos podem ser feitos (ver quadro). Quem não cumprir a resolução poderá perder cinco pontos na carteira, ser multado em R$ 127,69 e ter o veículo retido para a regularização.
Reparos
Eles devem ser feitos de acordo com as diretrizes da norma inglesa BS AU 242a, de 1998, que estabelece os seguintes critérios técnicos: podem ser reparadas trincas de até 40 mm de diâmetro, dependendo da localização delas; e, em caso de mais de um dano, só serão possíveis reparos se existir uma distância mínima de 100 mm entre eles. Somente são feitos reparos na lâmina externa do vidro.
Torções
De acordo com Marco Aurélio Rettore, gerente de marketing da Autoglass, a torção é uma das causas mais comuns de trincas no pára-brisa, pois os vidros representam 30% da resistência estrutural do veículo. Por isso, ele recomenda que o motorista dirija com cuidado. Alguns motoristas acreditam que atravessar o veículo ou passar com apenas uma roda sobre quebra-molas seja uma maneira de poupá-lo. Mas esse procedimento provoca grande torção na carroceria, afetando diretamente os vidros e resultando em trincas (aquelas do tipo risco, sem derivações). Outras atitudes que podem ocasionar torção são: subir em calçadas de forma brusca; passar sobre lombadas em alta velocidade ou sobre buracos mais fundos; e bater a porta do carro com muita força.
Choque térmico
É um problema real, mas que pode ocorrer em uma escala bem menor do que geralmente os motoristas supõem. "Se fosse estabelecer uma estatística para trincas causadas por choque térmico, eu diria que é uma em mil casos", explica Marco Aurélio. Mas, de qualquer forma, ele recomenda alguns cuidados, como evitar que o carro fique muito tempo exposto ao sol e à chuva, pois a rápida mudança de temperatura, causada por água fria ou uso do ar-condicionado, pode afetar os vidros. O motorista deve diminuir gradativamente a temperatura do ar-condicionado.
Chuva de granizo
Neste caso, o motorista não tem muita coisa a fazer para evitar danos na lataria, mas pode apoiar a palma da mão no centro do pára-brisa para evitar danos, pois essa atitude garante maior firmeza ao vidro. O procedimento vale também para pedras que caem das carrocerias de caminhões.
Palhetas
Têm que estar em bom estado para evitar danos ao pára-brisa e ao vidro traseiro. O motorista deve trocá-las uma vez por ano, pois a ação do sol e da chuva provoca o ressecamento e, posteriormente, riscos no vidro. Jamais acione os limpadores com o vidro seco, pois isso pode danificar (riscar) de forma irremediável o pára-brisa.
Trinca
Ao perceber uma trinca no pára-brisa, o motorista deve providenciar logo o conserto, porque, segundo o gerente de marketing da Autoglasss, ela aumenta de tamanho rapidamente. “Em alguns casos, basta uma semana para dobrar de tamanho, pois ela cresce de acordo com o movimento de torção da carroceria, que ocorre quando o carro passa por quebra-molas, entra e sai de rampas, sobe em calçadas etc.”, explica.
Limpeza
O motorista deve tomar cuidado com a água do reservatório do limpador do pára-brisa. Ela somente deve ser misturada a produtos específicos para essa função. Não use detergente de cozinha nem esponjas desgastadas. Para a limpeza externa e interna, deve-se usar limpa-vidros, aplicado a uma tolha de papel, por exemplo.
Adesivo
Quando ocorrer trinca, o motorista deve imediatamente fixar um adesivo de proteção sobre o local, para evitar a entrada de poeira e sujeira, que vão dificultar futuros reparos. Em seguida, ele deve levar o carro a uma loja especializada em troca e reparo de vidros. O adesivo geralmente é distribuído por empresas que fazem seguro de vidros, mas, como ele é difícil de ser encontrado no mercado, pode-se usar outro tipo de adesivo.
Troca
Durante as primeiras 72 horas depois da troca do pára-brisa, o motorista não deve dirigir em alta velocidade; evitar bater as portas com os vidros laterais fechados; não lavar o carro com jato de alta pressão; e não usar produtos químicos. O motivo principal é que a cola, usada para fixar o vidro, não seca instantaneamente. No caso do vidro traseiro, as recomendações são as mesmas do pára-brisa, acrescentando-se a de que o motorista não deve ligar o desembaçador antes das primeiras 72 horas.
Tamanho
O vidro reposto deve ser exatamente do tamanho do original. Marco Aurélio alerta que qualquer medida acima ou abaixo (mesmo que seja 1 mm) já será suficiente para provocar uma grande trinca.
Pestanas
O motorista deve tomar cuidado com as pestanas (aquelas borrachas externas sob os vidros laterais e que impedem entrada de água no carro), pois, se estiverem ressecadas, também podem danificar os vidros.
Desembaçador
Uma das maiores causas de dano ao desembaçador do vidro traseiro é a retirada de películas escuras. Existe uma tinta importada que restaura a conexão da resistência rompida, mas ela tem pouca durabilidade e é difícil de ser encontrada. Em alguns casos, para ter de volta o desembaçador, o motorista terá que trocar o vidro.
Preços
O motorista deve pesquisar antes de comprar um vidro novo, pois alguns concessionários chegam a cobrar o dobro do valor pedido no mercado paralelo, alegando originalidade. Mas é bom esclarecer que os fabricantes, na maioria das vezes, são os mesmos que fornecem para as montadoras e o mercado de reposição.