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Segurança - Susto que salva

Equipamento nacional, colocado atrás da orelha, identifica motorista sonolento, dispara alarme e surge como opção criativa a equipamentos usados por montadoras

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Fala-se muito das condições das ruas e estradas e do abuso do álcool, quando o assunto são os acidentes de trânsito, mas passa despercebido que 20% das batidas de veículos no Brasil são causadas pelo cansaço do condutor e 30% das 24 mil mortes têm a mesma origem. Os dados são de um estudo da ONG SOS Estrada, feito por encomenda do Programa de Redução de Acidentes de Trânsito (Pare), do Ministério dos Transportes e da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet). O cansaço diminui os reflexos e aumenta o tempo de reação e identificação das situações de perigo. Em alguns casos, o motorista chega a dormir no volante, eliminando qualquer chance de evitar acidentes.

Nos Estados Unidos, o órgão responsável pela segurança nas estradas (NHSTA) estima que 100 mil acidentes por ano sejam causados por condutores que adormeceram ao volante, levando a 1,5 mil mortes e 70 mil feridos. Já na Alemanha, o instituto que reúne as empresas de seguros calcula que 25% dos acidentes nas auto-estradas (autobahnen) resultem de fadiga humana.

Como itens de segurança são um grande chamariz de vendas, sobretudo em mercados mais ricos, como EUA, Europa e Japão, os fabricantes têm pesquisado meios de evitar que o motorista caia no sono, ou pelo menos seja alertado. A Citroën, por exemplo, já comercializa um sistema chamado lane departure warning system, que, em velocidades acima de 80 km/h, identifica a mudança involuntária de faixa, seja contínua ou tracejada. O aparelho só funciona quando a troca de pista de rolamento ocorre sem o uso da seta e, para avisar o condutor, aciona sistema de vibração do banco.

No caso da Volvo, o equipamento é chamado de driver alert control. O sistema usa princípio parecido com o empregado pela Citroën e acrescenta uma série de softwares para detectar se o motorista controla o veículo. Além disso, é suficientemente sofisticado para constatar se o condutor está tendo a atenção desviada pelo telefone celular ou por crianças. O condutor é alertado por sinais de som além de uma mensagem de texto na tela do sistema de entretenimento do veículo.

Nacional
Recentemente, uma empresa brasileira apresentou proposta de baixo custo para resolver a questão. A Stracta, empresa de tecnologia instalada em Santa Rita do Sapucaí, no sul do estado, desenvolveu o Sleep Alarm, pequeno aparelho usado na orelha, disponível em duas versões, que avisa o motorista dorminhoco com vibração ou alarme sonoro, dependendo do modelo.

Luiz Henrique Cury, diretor de marketing da Stracta, explica que o aparelho tem um pequeno pêndulo, que detecta o movimento frontal disparando o sinal. O equipamento foi testado por empresas de transporte e Luiz Henrique afirma que a resposta dos usuários foi positiva.

Como o equipamento é relativamente simples, Luiz Henrique reconhece algumas limitações. O Sleep Alarm pode disparar em outras situações de movimento do motorista, como quando inclina para operar o sistema de rádio ou os vidros elétricos. Outra questão é que, devido à sua aparência, poderia ser confundido com fone de ouvido sem fio para celulares, o que não é permitido por lei e pode causar multa. Mas parte do trabalho de lançamento é esclarecer as autoridades de trânsito sobre o aparelho.

De acordo com o fabricante, já foram vendidas 50 mil unidades. O principal canal de distribuição é a página de internet da empresa, mas já há revendas em alguns estados. Curiosamente, não em Minas Gerais, estado de origem da Stracta. O Sleep Alarm também será vendido a frotistas. O custo é de R$ 9,90 para a versão com alerta sonoro e R$ 14,90 para o equipado com alerta vibratório.