As vendas de picapes e utilitários-esportivos estão em alta. Como esse tipo de veículo geralmente tem alguma aptidão para o fora-de-estrada (tração 4x4, boa altura do solo, bons ângulos de ataque e saída, etc.), o comprador logo pensa em equipá-lo com pneus próprios para a terra, lama e areia. Às vezes, a troca é feita por motivos estéticos, para deixar o carro mais bonito e com aparência mais esportiva. O problema é que, na maioria dos casos, o dono do carro roda quase 100% do tempo no asfalto e raramente encara estrada de terra. Saiba quais são os problemas gerados pelo uso do "sapato" inadequado para o veículo.
Apropriados
Assim como outros componentes, os pneus também incorporam alto nível de tecnologia e são desenvolvidos para uso cada vez mais específico. Quem acompanha as corridas de Fórmula 1, sabe da importância de se escolher um "pisante" adequado para a pista seca, molhada ou intermediária. Uma opção certa ou errada do pneu acaba sendo determinante para a vitória, saída de pista ou batida. E embora em nível de sofisticação menor, a compra do pneu adequado, para o uso no asfalto ou no fora-de-estrada, é determinante para a performance do veículo e o bolso do proprietário.
Borracha
De acordo com Roberto Giorgini, coordenador de produto SUV (utilitários) e ULT (picapes leves) da Goodyear, pneus de uso misto (terra/asfalto) são feitos com um pouco mais de borracha natural na banda de rodagem, para suportar a abrasividade do piso (necessidade maior de tracionamento) e não permitir o arrancamento (soltar pedaços), no caso de derrapagem ou giro em falso na terra, por exemplo. "Ao rodar constantemente no asfalto, esse produto apresenta desgaste mais irregular e acentuado, nível de ruído mais elevado e desempenho pior, principalmente em estabilidade", explica Giorgini.
Ombros
Na prática, significa que o motorista deve tomar mais cuidado, principalmente em curvas, e que vai conviver com barulho irritante durante a viagem, o que pode gerar mais cansaço. Flávio Santana, gerente de marketing e produtos para pneus de passeio e caminhonetes da Michelin, explica que o pneu desenvolvido para o asfalto tem gomos mais compactos e se apoia mais nos "ombros" nas curvas, enquanto aqueles criados para o fora-de-estrada tem o "ombro" mais recortado, o que reduz um pouco o apoio e, conseqüentemente, a estabilidade.
Prejuízo
Além de todos esses inconvenientes, ao rodar sempre no asfalto com pneus mais voltados para o fora-de-estrada, o proprietário do veículo também vai gastar mais, pois os produtos mais específicos para a terra, lama e areia costumam ser bem mais caros (até 40%) do que aqueles desenvolvidos para pisos mais lisos. Tomando como exemplo dois Wranglers, da Goodyear, na medida 235/75 R15, o RT/S (70% asfalto/30% terra) custa em média R$ 445, enquanto o AT/S (50% asfalto/50% terra) tem preço médio de R$ 494.
Liso
O motorista que encara trechos de terra com pneu liso (para o asfalto) também vai enfrentar vários problemas. Como a escultura não é voltada para soltar a terra, o cascalho e a areia, os sulcos logo se enchem e a banda fica ainda mais lisa do que antes, perde até mesmo a aderência que tinha no asfalto, tornando perigosas as curvas e freadas. A falta de reforço na banda de rodagem também pode ocasionar dano irreversível logo no primeiro choque com uma pedra.