Seis anos de garantia. A notícia parece boa, ao mesmo tempo em que é uma bela jogada de marketing da fabricante chinesa JAC, recém-chegada ao Brasil. Buscando ganhar a confiança do consumidor, desde o lançamento dos primeiros produtos, J3 e J3 Turim, a marca, de cara, anunciou os seis anos de garantia. Mas a JAC apenas foi na esteira de outras montadoras que, em busca de ganhar mercado, há tempos veem no aumento da garantia uma boa ideia. Tudo começou com a Toyota, quando passou a produzir a picape Hilux, na Argentina, em 1997, e o Corolla, no Brasil, em 1998. Como a marca japonesa ainda era pouco conhecida no país, decidiu oferecer a garantia de três anos: um grande trunfo numa época em que todas as fabricantes davam somente o tradicional um ano de garantia. A moda foi pegando pouco a pouco, principalmente no segmento dos sedãs médios, exatamente liderado pelo Corolla. Mais recentemente, as coreanas Hyundai e Kia passaram a adotar cinco anos.
De um para três; de três para cinco; de cinco para seis anos! O longo período de garantia virou moda no Brasil e pode ser uma ótima ideia para quem não quer ter nenhum tipo de preocupação com o carro, a não ser com as tradicionais revisões. Ah, as revisões. Montadoras são multinacionais e não casas de caridade. Logo, existe uma contrapartida ao "presente" da enorme garantia, que é fazer regularmente todas as revisões programadas nas concessionárias autorizadas. Uma comodidade que pode custar caro. Veja e pondere as vantagens e desvantagens, levantadas pelo caderno Vrum, antes de optar por um carro com prazo de garantia tão longo.
Um carro com tanto tempo de garantia, além de dar a impressão de que a marca confia na qualidade do produto, passa segurança, já que em caso de defeito fica mais fácil reclamar e conseguir o conserto sem ônus. Outro benefício é para quem vende o carro antes de completar o período de garantia, pois a cobertura valoriza o veículo na hora da revenda.
Por outro lado, para manter essa garantia o consumidor fica “preso” a normas do fabricante, como a realização de todas as revisões em concessionária autorizada e dentro do período e/ou quilometragem determinados, com tolerância pequena para mais ou para menos. E os preços de peças e mão de obra cobrados pelas oficinas autorizadas nem sempre condizem com a realidade. Muitos fabricantes inclusive já adotam preços fechados para as diversas revisões, que costumam ser usados como publicidade até como forma de mostrar que vale a pena comprar o carro, mas nada garante que quando chegar a hora da revisão programada o valor será o mesmo. Além disso, nenhum outro tipo de serviço pode ser feito fora de concessionária autorizada (a instalação de um som, por exemplo), sob pena de perda da garantia.
Enganosa
Ao comprar um carro visando o longo período de garantia como vantagem, é preciso ficar atento a propagandas que podem induzir à compra, acreditando-se que as revisões serão baratas. Exemplo recente foi o que aconteceu com os modelos Hyundai. No início do ano, o grupo Caoa, responsável pela marca no Brasil, divulgou em publicidade por todo o país preços fixos de revisões programadas. No caso do i30, por exemplo, o valor da revisão dos 10 mil quilômetros seria de R$ 173,32. O caderno Vrum, na época (reportagens publicadas em 9 e 19 de fevereiro), ligou para todas as concessionárias de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo e só as de São Paulo passaram o preço anunciado. As demais cobraram mais caro e houve concessionária que pediu R$ 1.062. O assunto, inclusive, virou alvo de investigação do Ministério Público de Minas Gerais (reportagem de 25 de maio).
Ranking da garantia
JAC
Seis anos
Hyundai
Cinco anos (exceto para o HR, de quatro anos)
Kia
Cinco anos ou 100 mil quilômetros (exceto para o Bongo, de três anos ou 100 mil quilômetros)
Subaru
Cinco anos (exceto para os Impreza WRX e WRX STI, de dois anos)
Chery
Três anos
Chrysler/Dodge/Jeep
Três anos
Honda
Três anos
Jaguar
Três anos
Land Rover
Três anos
Nissan
Três anos
Renault
Três anos
Ssangyong/Chana
Três anos
Suzuki
Três anos
Toyota/Lexus
Três anos
Lifan
Três anos ou 60 mil quilômetros
Mitsubishi
Três anos para ASX, L200 Triton, Outlander, Pajero Dakar e Pajero Full; dois anos para TR4 e demais versões da L200; um ano para Lancer Evolution X
Audi
Dois anos
BMW
Dois anos
Mercedes
Dois anos
Mini
Dois anos
Smart
Dois anos
Troller
Dois anos
Volvo
Dois anos
Effa
Dois anos ou 50 mil quilômetros para M100 e linha comercial da marca; um ano ou 60 mil quilômetros para os camihões JMC
Chevrolet
Um ano para a maioria (para a Montana há mais dois de motor e caixa); dois anos para Camaro, Omega, S10 e Blazer; três anos para Captiva, Vectra e Malibu. Nocaso de os veículos serem cadastrados como de uso comercial, em todos os casos passa a haver limite de quilometragem (50 mil quilômetros para os modelos cuja garantia é de um ou dois
anos, sendo que a garantia de dois anos é reduzida para um; 100 mil quilômetros para os demais).
Citroën
Um ano C3, Xsara Picasso e Jumper; três para os demais
Fiat
Um ano para a maioria; dois para o Bravo e o 500; três para o Linea
Ford
Um ano para Ka e Fiesta; três para os demais
Peugeot
Um ano para linha 207 e 307, Hoggar e Partner (os dois últimos têm mais dois de motor e caixa); três para 408 e 3008
VW
Um ano para a maioria (mais dois de motor e caixa); três para Amarok e Touareg
Saiba mais
Como funcionam as revisões
As revisões são exigência para não se perder a garantia. O período é determinado pelo fabricante e espaçado conforme quilometragem e/ou tempo de uso. A maioria prevê serviços de 10 mil em 10 mil quilômetros ou a cada ano. Há intervalos menores a cada seis meses. Mas muitas intercalam esse período com trocas de óleo obrigatórias. As primeiras normalmente são básicas e incluem apenas troca de óleo e filtro de óleo, o que também tem que ser feito nas concessionárias autorizadas, na maioria dos casos. As mais caras e completas geralmente são realizadas próximo aos 40 mil quilômetros. Mas tudo varia conforme a marca e o modelo do veículo, devendo ser checado minuciosamente o manual antes de se procurar a concessionária, para evitar cair “no conto do serviço desnecessário”.