De Nova York - É verdade que carros compactos, econômicos e menos poluentes foram o chamariz do Salão Internacional do Automóvel de Nova York, que abre hoje ao público e vai até o dia primeiro de maio, mas a elite da Big Apple que aprecia marcas exclusivas, produtos raros e uma boa grife também se encontrou no autoshow. Marcas como Lotus, Rolls-Royce, Jaguar, Porsche e Bentley focavam os ricaços que também são bons e exigentes consumidores.
É de cair o queixo, mesmo de quem não é apaixonado por carros. Para se surpreender com os belíssimos modelos, basta apreciar o que é bom e gostar de luxo. Agora mais acessível, como promete o menor Ghost, um modelo que, segundo os executivos da marca, busca um público mais esportivo. A verdade é que ele não foge nada do padrão Rolls-Royce. O motor é um V12 6.6 litros turbo, suficiente para ir da inércia aos 100 km/h em apenas 4,9 segundos. Custando US$ 246 mil, é o mais barato da marca e, de acordo com a empresa , responsável pela ebulição da Rolls-Royce entre os novos integrantes da elite mundial em países de grande crescimento, como a China. Achou barato por tanto luxo? Saiba que no Brasil, o Rolls-Royce de entrada, não custa menos do que R$ 1,8 milhões. Mas quem compra um Rolls-Royce, geralmente não quer o basicão. Ao incluir alguns acessórios como o sistema de entretenimento com tela retrátil de LCD de 15 polegadas aos ocupantes do banco traseiro, rodas cromadas de aro 20 e sistema de monitoramento por câmeras, o valor do veículo sobe para US$ 315 mil, uma pechincha para os freqüentadores de butiques caríssimas da Quinta avenida e moradores de coberturas de US$ 15 milhões no entorno do Central Park.
Outro modelo que prima pelo acabamento impecável e tradicionalmente conhecido pelo seu conforto é o Phantom. O exposto no New York Auto Show é uma versão exclusiva, a Spirit of Ecstasy Collection. Preço de tabela: US$ 380 mil. Mas a história é a mesma, com um detalhe: quanto mais caro é o carro pelado, mais caro são os acessórios. O modelo exposto custa nada menos do que US$ 445 mil. É tanto mimo aos ocupantes que para se ter ideia do conforto proporcionado, basta olhar para o carpete, que é todo feito com pele de carneiro, feito de forma artesanal, com um rigoroso controle de qualidade para que tudo saia perfeito. Impossível não ter dó de pisar no assoalho. Mas se este também for o seu problema, peça a fábrica para colocar um tom mais escuro, suja menos. Se estiver chovendo, não se preocupe, pois o guarda chuva está elegantemente embutido nas portas, para tirá-lo de lá, basta apertar o botão.
Fechando o estande com chave de ouro, destacamos o Phantom Drophead Coupé, carro de US$ 447 mil na versão básica, passando os US$ 480 mil agregando poucos acessórios. As características são as mesmas de seus irmãos mais comportados, mas ele sugere um toque de aventura para a elite restrita ao luxo contido. Ele é para quem deseja mais do que o gigantesco teto solar do Phantom tradicional.
Mas há os que curtem esportividade. Pensando neles que a Porsche mostrou o 911 Targa 4S, com motor 3.8 litros e 385 cv. Destinado ao público que não tem mais opção com o 911 comum, ele custa US$ 108 mil na tabela do fabricante. Com os acessórios, quase inevitáveis, passa os US$ 150 mil. É o preço para ir de 0 a 100 km/h em 4,5 segundos num carro exclusivo.
O luxo do mundo antigo
Outros carros sofisticados, exclusivos e de muita grife também chamaram a atenção, como os Lotus, Jaguar e Bentley. As marcas britânicas buscam renovação. A Bentley aposta as suas fichas na segunda geração do GT Continental, que manteve as linhas básicas do anterior, justamente para não espantar o público do carro, o mais vendido da marca. Serve como novidade necessária já que, segundo pesquisa da própria Bentley, o dono de um carro dessa classe procura um novo modelo a cada 18 meses em média. Se for um da própria Bentley, melhor.
Prestes a enfrentar uma renovação (e ampliação) completa da gama, a Lotus mira suas armas contra a rival Porsche com o Evora, cupê 2%2b2 criado para competir com o 911. No Salão, o Evora chegou com traje mais esportivo, na versão S, que faz uso de um motor Toyota V6 3.5 extensamente preparado para gerar 350 cv e ir aos 100 km/h em 4,8 segundos e disparar aos 277 km/h.
A Jaguar, que se renova sob a nova direção do Tata, volta a casa da sua antiga dona Ford mostrando os renovados XF e XK. O sedã médio-grande executivo XF sofreu modificações para tentar segurar as pontas diante da concorrência renovada dos Audi A6, BMW Série 5 e, o ainda novo, Mercedes-Benz Classe E. Ganhou faróis afilados, como os do maior XF e do conceito C-XF concept que lhe deu origem, sublinhados por um filete de LEDs.
E deixou de lado as lâminas metálicas nas saídas de ar dos para-lamas dianteiros. Já o cupê de luxo XK se alinhou aos tempos atuais, ou seja, delineou os olhos com LEDs e ganhou grade maior. Acompanha o botox o novo para-choque dianteiro com faróis de neblina e entradas de ar verticalizadas. Outro concorrente do 911, só que em versão mais luxuosa.
Bem diferente do mais visceral Audi R8 GT, outra estrela do Salão, com motor V10 5.2 FSI de 560 cv capaz de concorrer de fato com a versão Turbo do Porsche. Pena que serão apenas 333 unidades feitas. Talvez seja melhor esperar pelo Audi GT conversível.
Por alguns instantes, esses bólidos fizeram os visitantes pensarem que os outros carros são apenas o resto.