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Salão de Frankfurt - Estratégia de choque

Mais importante do que fabricar um carro elétrico e verde, é afirmar que o veículo faz mais do que o concorrente. Porém, muitos planos ainda demoram para ganhar as ruas

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Citroën Revolte tem tecnologia híbrida e portas traseiras do tipo suicida

Nos discursos dos executivos durante a mostra, o que se ouviu foi uma retórica ensaiada, quase competitiva, de que o carro produzido, ou, na maioria dos casos, o projeto (ou melhor, conceito), é mais verde do que o do concorrente. O que importa é encontrar uma fresta na janela para enxergar o quintal verdejante, mesmo que a comparação omita alguns dados.

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O principal executivo da Peugeot, J.M Gales, diz que a marca francesa vendeu mais de meio milhão de veículos que emitem menos de 130g/km de CO2 no primeiro semestre deste ano, o que faz dela a primeira nesse quesito. A Citroën, por sua vez, se gaba que 25% dos veiculos vendidos na Europa que emitem menos de 110g/km de CO2 são fabricados por ela. O orgulho da Fiat é que, no ano passado, a empresa teve, pela segunda vez seguida, o valor médio mais baixo de emissões: 133,7g/km de CO2.

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Silêncio

Enfim, é muito barulho, mas o que todos querem é o silêncio, como o impressionante conceito E-up!, que se vale de um falso ronco de motor para que seja ouvido. Isso mesmo, como não emite ruídos, a VW criou um falso ronco já prevendo o lamento dos portadores de necessidades especiais visuais, que protestam contra veículos quietos demais.

O conceito tem capacidade para 3 1 passageiros e é totalmente elétrico (80cv de potência e torque de 21,4kgfm), que permite acelerar até 100km/h em 11,3s. Faz parte da família up!, apresentada em salões anteriores, mas que, por enquanto, vive apenas no plano conceitual. Já foram mostrados o urbano up!, a microvan up! e a space-up blue, com célula a combustível. O up! deve se tornar realidade em 2011, enquanto a versão elétrica chega em 2013.

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A bateria do E-up! pode durar até 130 quilômetros, dependendo do estilo de direção. Para uma carga de 80%, em uma rede especial, o tempo necessário é de 1h. Já em uma tomada de 230V, a carga completa leva 5h. Segundo o cálculo da VW, à noite, quando a energia é mais barata na Europa, custaria 2 euros para rodar 100 quilômetros. É equipado com um ultracompacto scooter elétrico chamado kickstep, que, sem carga, funciona como patinete. Segundo o designer Flávio Manzoni, o E-up! segue o princípio criado em 1920 pela escola de Bauhaus, em que "menos é mais".

Fusca

Outro aspecto ressaltado pelos designers da marca foi a inspiração no Fusca. A busca no passado, mas com o motor do futuro, também foi a tônica do exótico Citroën Revolte, inspirado no 2CV. Apesar da herança, tem portas traseiras suicidas e tecnologia híbrida, sendo que o motor a combustão funciona apenas para carregar a bateria. A marca acredita que o conceito tem um appeal feminino e o descreve com "cores irridescentes e glossy, tecidos sedosos e aveludados, além de materiais sutis e refinados".

Na onda do quanto mais exótico melhor, está outro francês: o conceito da Peugeot BB1, que tem dois motores elétricos, que, somados, chegam a 20cv e proporcionam autonomia de 120 quilômetros. Olhando rapidamente, parece que está amassado. Já o outro conceito da Peugeot, o iOn, é calcado na realidade e tem previsão de chegar ao mercado europeu no fim do ano que vem. Fruto da parceria da Peugeot com a Mitsubishi.

Pacote

A terceira francesa presente na mostra, a Renault, também apostou pesado nos elétricos e apresentou um pacote de quatro veículos. A versão ZE (Zero Emission) do Fluence tem estilo futurista e motor elétrico que gera uma autonomia de 160 quilômetros. O Kangoo também passou para o plano conceitual na versão ZE, com um moderno teto solar. Mas o abuso da criação dos designers da Renault ficou para Twizy, um típico urbanoide que parece ter saltado dos filmes de ficção científica. Com potência de apenas 20cv, o carro não passa de 75km/h, mas tem autonomia de 100 quilômetros. Por fim, o Zoe é o hatch que completa a gama elétrica da Renault.

A Toyota, que tem experiência bem-sucedida com tecnologia alternativa, aposta no conceito do Auris HSD Hybrid, que recebe a mesma tecnologia do Prius e deve chegar ao mercado europeu no segundo semestre do ano que vem. Enquanto isso, segue aperfeiçoando sua galinha dos ovos de ouro, o Prius, que recebeu em forma de conceito a tecnologia Plug-in, que possibilita a recarga na tomada, mas a autonomia ainda é pequena: apenas 20 quilômetros. Cerca de 150 modelos serão produzidos e entregues para clientes especiais testarem.

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