Assim como os esmaltes de unha, as maquiagens, os acessórios e até a banda teen do momento, a tendência é que as ruas e rodovias brasileiras virem uma verdadeira passarela de modelos coloridos. Quem garante é Antônio Carlos Oliveira, diretor da divisão automotiva da DuPont na América Latina. O modelo ícone desse movimento é o Novo Uno, com sua rica paleta de cores (laranja Nemo, amarelo Citrus, verde Box e azul Splash) e o comercial de TV com a canção Uni Duni Tê (salamê minguê / o sorvete colorê / o escolhido foi você). Segundo Oliveira, essa tendência reflete o bom humor dos brasileiros, empurrado pelo bom começo econômico (estabilidade, desemprego em baixa, oferta de crédito).
Reforçando a tendência, na última edição do Salão do Automóvel, a Volkswagen reservou um espaço no qual as mulheres podiam escolher entre 12 cores de esmalte na cor da carroceria dos seus modelos, como o amarelo Gol Rallye, azul Polo, laranja CrossFox e preto Golf. A Ford também aposta em cores “modernas e vibrantes”, como uma tendência para sua linha de veículos no Brasil, citando o vermelho Magenta, azul Montecarlo e o verde Coimbra como algumas das novas cores que fazem parte do portfólio da marca. Outra cor que chamou muito a atenção é o verde Jásper da nova Chevrolet Montana, que assim como o amarelo Carman do Agile é bastante chamativa.
O programa Vrum abordou o assunto em uma das matérias de Ana Cristina Pimenta:
Oliveira conta que as cores mostradas nas passarelas da moda costumam estar nas carrocerias dos automóveis daí a três anos, tempo necessário para desenvolver uma cor sem ter problemas de durabilidade. Segundo o diretor da DuPont, certas cores combinam mais com determinados tipos de carrocerias. Os coloridos, por exemplo, casam melhor com os veículos compactos. A tendência do branco está mais para os veículos de luxo, que também costumam usar preto, prata e azul escuro. Em esportivos, amarelo e vermelho caem bem. A cor também pode mudar a percepção do veículo. O prata realça as partes arredondadas, e o preto disfarça. Cores claras tendem a aumentar, e as escuras, a diminuir o veículo.
PESQUISA Em estudo divulgado pela DuPont, o antropólogo Peter Weil conta que as sociedades atribuem determinados valores às cores. Sendo assim, o prata, que é a preferência mundial, vestindo 26% dos veículos produzidos, está associado ao status econômico. Sua popularidade aumentou a partir do crescimento econômico pós 11 de setembro. Porém, nos últimos anos, talvez por causa da crise, a cor tem perdido espaço. Já o branco, cor associada à transição, vem ganhando campo principalmente nos veículos de luxo, porém com efeitos especiais como o pérola.
A psicóloga Kayta Gadjos também participou da pesquisa. Ela disse que em tempos difíceis, como os de crise, as pessoas optam mais pelas cores para se sentir melhores. Segundo a psicóloga, na hora de optar por uma cor, a personalidade influencia mais que a idade ou o gênero do indivíduo. Assim, pessoas objetivas tomam decisões mais práticas do que estéticas, tendendo a escolher cores mais visíveis no escuro ou que disfarçam a sujeira. Já as pessoas intuitivas tendem a ser mais influenciadas por fatores subjetivos do que lógicos e tendem a ser mais espontâneas na escolha da cor.
NEUTRAS Mas atenção, o aumento de modelos coloridos não significa o fim da supremacia das cores neutras no trânsito (leia-se preto, branco, prata e cinza), que hoje ocupam juntas as quatro primeiras colocações do ranking brasileiro. De acordo com a pesquisa anual de cores da DuPont, em 2010, os neutros dominaram juntos 83% do mercado brasileiro. A cor mais popular é o prata, com 34%, seguido pelo preto, com 24%. O terceiro lugar, com 13%, é o branco e a quarta colocação é o cinza, com 12%. Quando se trata de cores vivas, o quinto colocado é o vermelho, com 9%, seguido pelo marrom ou bege (3%), verde (3%) e azul (2%).
