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Rolls-Royce presidencial

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Como é comum nas cerimônias de posse presidenciais, muitos brasileiros ficaram encantados ao ver ou rever aquele suntuoso Rolls-Royce, um dos símbolos máximos do refinamento sobre rodas. Herança (talvez) do nosso complexo de vira-lata, existe até certo estranhamento no uso de tanta pompa e circunstância em um país onde o que se vê na rua é tanta precariedade. Quem sabe a simplicidade do Fusquinha do Itamar não seria a viatura mais adequada para a ocasião? De qualquer forma, o atual tom da política tem muito a ver com o período em que o veículo foi adquirido, 1953, fase populista de Getúlio Vargas.

 

RARO Mas o assunto aqui é carro, mais precisamente o Rolls-Royce Silver Wraith Cabriolet, de 1953, que pertence à Presidência. Apesar de o formato do radiador (o arco dórico) ser característico dos modelos da marca inglesa, existem apenas sete carrocerias como essa no mundo. Para ter ideia de seu valor, “nosso” RR está segurado por US$ 400 mil. Mas também pudera, um veículo tão exclusivo, com carroceria em alumínio feita à mão, não poderia custar menos. Característica única do RR presidencial são os estribos laterais e traseiros, que podem carregar até 15 pessoas.



ROTINA Depois de uma restauração caprichada, o conversível mantém a boa forma com passeios semanais dentro da garagem do Palácio do Planalto, além da volta mensal pela Esplanada dos Ministérios. Existem controvérsias a respeito da veracidade dos 28 mil quilômetros estampados no hodômetro do Silver Wraith. Se a fachada está irretocável, a mecânica (dizem!), nem tanto. A Presidência não informa muito sobre o veículo, mas entendedores de carro dizem que seu motor tem 4.5 litros de capacidade e 120cv de potência.

ORGULHO Poucos perceberam, mas o orgulho feminino que pairava no ar com a posse da primeira presidente da história do Brasil estava em plena sintonia com a figura alada que os Rolls-Royces ostentam sobre o radiador. Denominada Spirit of Ecstasy, a escultura existe desde 1911 (portanto é quase centenária!) e foi modelada por Charles Sykes. Diz a lenda que a figura feminina foi inspirada em Eleonor Thorton, secretária de um lorde que havia encomendado um modelo da marca.

BARCA Já o segundo carro da comitiva, que levou o vice-presidente, era um Cadillac 1968. A “barca” tem nada menos que 5,7 metros de comprimento, 3,28m de entre-eixos, 2,02m de largura e pesa 2.300kg. Foi o último ano em que os faróis foram elegantemente empilhados na vertical. Em 1968, o modelo ganhou o motor V8 de 7.7 litros, 375cv e o torque descomunal de 71.2kgfm. O Cadillac não faz parte da frota da Presidência, pertence a um colecionador. Conta-se que, inicialmente, o veículo usado em seu lugar seria um Lincoln 1941 conversível, mas seu dono não achou boa ideia deixar um motorista inexperiente conduzi-lo.

RESERVA Outro carro que é frequentemente associado à frota presidencial é o Ford Landau.Conta-se que, com medo de não ter um veículo à altura no Brasil, quando foi informado que a Ford iria descontinuar a fabricação do modelo, o governo dobrou a encomenda de seis para 12 unidades.

 

Recentemente, a Ford recuperou seu espaço na garagem do Palácio do Planalto com a chegada do Fusion, inclusive um hibrído entregue a Lula durante o Salão do Automóvel. Antes com o Opala Diplomata e agora o Omega, a Chevrolet também tem modelos que servem a Presidência.

 


BRASíLIA Muitos modelos foram batizados em função da nova capital federal, talvez devido ao incentivo do desenvolvimento da indústria automotiva feito por Juscelino Kubitschek, idealizador da cidade: o DKW Candango (menção aos trabalhadores que construíram Brasília); Simca Esplanada; Willys Itamaraty; e o VW Brasilia. Algumas unidades do luxuoso FNM JK, lançado em 21 de abril de 1960, data da inauguração da capital, que serviram ao governo foram usadas no Grande Prêmio Presidente Juscelino Kubitschek, realizado dois dias depois. Grandioso, quem deu a bandeirada no evento foi ninguém menos que o piloto Juan Manuel Fangio.