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Rolimã: Motos teimosas

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Do ponto de vista do transporte individual, as motocicletas são imbatíveis: econômicas, ágeis e rápidas. Especialmente nos grandes centros. A questão é que nem sempre seu uso pelo mundo afora é feito conforme o figurino e, de individual, passa a ser usada no plural, ou como caminhão, levando cargas inimagináveis, cumprindo um sofrido papel. Normalmente, em regiões castigadas, cuja única alternativa é o esforço do motorzinho e fé nos deuses, para desafiar, ainda que por uma boa causa, as leis da física, da natureza e a segurança. Também são usadas de forma séria, mas de maneira errada, com os equipamentos de segurança olimpicamente ignorados, ou usados incorretamente. Descuido ou falta de cultura em segurança? Os dois, acrescidos de fiscalização inexistente, legislação permissiva e carência de opções, onde a “precisão” se impõe. Felizmente em maioria, as motos são usadas corretamente, obedecendo a todo o protocolo de segurança e convivência, e ainda oferecem, de graça, uma sensação única de liberdade, belas paisagens e folga para os deuses. 

 

 

INACREDITÁVEL Em Sófia, capital da Bulgária, terra do pai da presidente Dilma, o ilustre conterrâneo motociclista conseguiu o mais difícil. Simplesmente vestiu o capacete ao contrário, ignorando também a cinta jugular. Tarefa complicadíssima, que exige técnica apurada. Se existisse multa por insensatez, o notável piloto iria estourar os pontos.

 

 

FAMÍLIA Em Currais Novos, região do Seridó, no Rio Grande do Norte, quem não tem cão caça com gato. A esposa de saia vai na garupa, sentada de lado para não se expor na hora de subir e descer. Porém, expõe a segurança do bebê que espera. Pelo menos já vai fazendo o enxoval, como mostra a sacola de compras.

 

 

CANGURU Na cidade de Jiangmen, próximo a Guanghzou (Cantão), Hong Kong e Macau, na China, circular com o filho de moto é uma tarefa corriqueira. Basta pôr o pequeno em uma espécie de bolsa na dianteira com cinto, como um canguru, e acelerar. Em solidariedade ao filho, o pai vai com um capacete de brinquedo.

 

 

NO TANQUE Em Katmandu, capital do Nepal, na Ásia, a família que anda de moto unida permanece unida. Até no hospital, em caso de acidente. A filha vai no tanque, o pai no comando e a mãe, na garupa, sentada de lado. Capacete? Para quê, se os deuses protegem? O problema é que são tantos que pode haver alguma falha de comunicação.

 

 

DECORAÇÃO O badalado artista plástico Romero Britto, nascido em Pernambuco e radicado nos Estados Unidos, é admirado de costa a costa. Com um estilo pop, de cores fortes, aceitou o desafio de quebrar a sisudez da pintura monocromática das motos, para decorar um modelo Shineray, que virou um valioso quadro ambulante no Brasil.

 

 

CAMINHÃO Na ilha de Hainan, Sul da China, as motos têm um papel importante no transporte de toda sorte de mercadorias. Inclusive as do campo para abastecer os mercados das cidades. Quando o sinal fecha, juntam os diferentes modelos. Quase todos ignorando a regra básica e mínima de segurança: o uso do capacete adequado.

 

 

MODA O Brasil está na moda. Inclusive em Milão, na Itália. Mas não é só pela economia e por sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Quem quiser vender motos para o país tem que adular o freguês, como faz a indústria europeia, em crise, com a explícita mensagem de que o Brasil é a bola da vez.

 

 

LOTAÇÃO Em Nova Délhi, Índia, o problema de transporte público, assim como no Brasil, é crônico. A diferença é que lá a população tem cerca de 1,2 bilhão de habitantes, em uma área equivalente a cerca de 40% da brasileira. Tudo que se move anda lotado, como motos e os exóticos Tuk Tuk, para a família e quem mais aparecer.

 

 

TÁXI Paris, capital da França, é a cidade mais visitada do mundo. Com uma arquitetura e monumentos espetaculares, circular por suas ruas e não poder apreciar suas formas é impensável. Para não perder nada, a visita pode ser em luxuosas mototáxis Gold Wing 1600, com direito a som, encosto, porta-malas e até comunicação para
o tour guiado.

 

 

PONTE As motos de trial são capazes de superar obstáculos difíceis até para alpinistas profissionais. Parece mágica, mas é pura técnica dos pilotos e tecnologia das motocicletas. A mesma tecnologia que permitiu, em Belo Horizonte, transformar humanos em ponte, sem deixar qualquer sequela, além da incredulidade.

DUPLA A moda “emo”, politicamente correta, também está em evidência próximo de Xangai, na China. A dupla de estudantes não dispensa a decoração na carenagem do scooter e sapatos com apliques fashion. Porém, para circular mostrando o penteado dentro do estilo, só mesmo com um capacete transparente.