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Rolimã - Desenhos japoneses mostram carros com alta fidelidade de detalhes

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Toyota AE86



Personagens de olhos gigantescos, criaturas que vivem em bolas até serem chamadas para batalhar, animais de estimação que falam... Quando se pensa no universo de animês (desenhos animados) e mangás (histórias em quadrinho) japoneses, a realidade pode ficar de lado na narrativa. Mas não quando o assunto é automóvel. Com raras exceções, os quadrinhos ocidentais não abordam o mundo automotivo com a fidelidade dos japoneses. E é justamente nesse universo que o caderno Vrum entra para mostrar alguns desses personagens sobre rodas, cuja influência vai bem além das telas.

HACHI-ROKU A Toyota lançou no Salão de Tóquio o GT86, esportivo médio cujo projeto foi realizado a quatro mãos com a Subaru. O número não está ali para acompanhar. É uma referência direta ao Truenno (Corolla Levin ou Sprinter Truenno) AE86, a última geração a contar com tração traseira. Se atualmente o modelo passa longe dos dotes esportivos, na época o médio encantava graças ao comportamento dinâmico afinado, sendo objeto de culto entre os praticantes do drift até hoje. Por isso mesmo foi escolhido para ser a estrela do animê Initial D, lançado em 1995. Ambientada nos arredores do Monte Akagi, a trama conta a história de Takumi Fujiwara, que aprendeu as manhas da direção em circuitos sinuosos entregando tofu (queijo de soja) da loja do pai. Sem dar-se conta do seu talento, Takumi dá um coro em corredores mais experientes e motorizados com carros bem mais potentes que o Truenno e seu motor 1.6 16V de 130cv.

À MEIA-NOITE O mundo das corridas ilegais de rua é a inspiração de uma série de histórias, que incluem jogos de videogame. Embora as corridas de montanha façam parte do imaginário nipônico, nenhum grupo de corredores ficou tão famoso quanto o Midnight Club, ou Clube da Meia-Noite, composto por um pessoal que se reunia com carrões para disputar a ponta nas longas retas entremeadas por curvas ocasionais. As corridas ocorriam na via expressa metropolitana de Tóquio, dispensando acrobacias como o drift para investir na velocidade máxima, já que só entravam carros capazes de ir além dos 250km/h e muitos ultrapassavam 300km/h.

Fairlady Z



WANGAN Esse grupo inspirou o mangá Wangan Midnight, lançado em 1990, que conta a história de Akio Asakura, um estudante que logo descola um preparado Fairlady Z (que inspirou o atual 370Z) na cor azul meia-noite para encarar o grande rival, o médico Tatsuya Shima, que dirige um igualmente preparado Porsche 911 Turbo (964). No caminho, acidentes, caminhões e outros perigos das corridas de rua na Wangan (como é conhecida), via que tem a reta mais longa do Japão. A série de TV estreou em 2007, enquanto o mangá fez tanto sucesso que durou até 2008.

VERY SMALL BLOCK Chamados maldosamente pelos americanistas como rice burners (queimadores de arroz), os carros japoneses mostram que têm status de clássico na terra natal. Nos desenhos os motores são chamados pelo nome-código, como é o B16A2. Não reconheceu? Fique sabendo que se trata daquele 1.6 16V VTEC de 160cv que moveu duas gerações do Civic VTi importado por aqui. Objeto de culto na mesma medida dos V8 small block americanos.

Lotus Elise



ARES EUROPEUS Os nativos podem ser maioria, mas os carros estrangeiros não estão relegados apenas ao papel de coadjuvantes. No mangá/animê Neon Genesis Evangelion, de 1995, não faltam robôs gigantes (os mechas), porém os poucos carros que aparecem são bem curiosos. O autor Yoshiyuki Sadamoto é um apaixonado por esportivos europeus. Mas não recorreu aos Porsches, como a maioria, e se concentrou em carros mais raros. O espião Ryoji Kaji dirige um Lotus Elise dos anos 1960, enquanto o seu par romântico, a militar Misato Katsuragi, curte um futurista Renault Alpine A310.

Renault Alpine A310



Subaru 360



SUBARUZINHO Olhando para esses exemplos, pode-se ter até a impressão de que todo mundo no Japão anda em carrões. Mas a realidade do país está mais para os kei cars, aqueles pequenos modelos com motor inferior a 1 litro que são beneficiados por impostos mais baratos. Além de comporem o cenário, especialmente em cenas que retratem o tráfego, os carrinhos já tiveram seus cinco minutos de fama. A série Getbackers, que surgiu como mangá em 1999 (foi até 2007) e como animê em 2002, conta a história de Ginji Amano and Ban Mido, cuja especialidade é recuperar objetos e outros itens perdidos. A dupla roda ao volante de um pequeno Subaru 360, o primeiro carro do fabricante, lançado em 1958. É uma visão rara fora do Japão, o que dificulta a vida dos fãs que curtem um cosplay (se vestem igual aos personagens). A saída é se amparar em um Fusquinha no mesmo tom, como fizeram esses americanos.



POKECARRO Enquanto alguns carros são mostrados em animês, outros viram plataformas para a promoção de determinado desenho. Quem não se lembra dos compactos vestidos de Pokémon, em especial o simpático rato elétrico Pikachu? Servia de tudo, de Ford Ka ao Volkswagen New Beetle, passando até pelo menos arredondado Toyota IST . Outros preferem plotar o carro com imagens dos desenhos. Além das fantasias, tem fã que curte reproduzir o estilo artístico dos desenhos orientais e também une as duas coisas. Como essa peça que reuniu dois fetiches assumidos dos homens japoneses: mulheres vestidas como colegiais e um Mitsubishi Lancer de rali, tudo no mesmo quadrinho. Preferências nacionais.

Toyota IST


Mitsubicsh Lancer Rally