Rolimã
Fenômeno engraçado ocorreu com os carrinhos de rolimã (à direita da página). É notório que não se vê mais nas ruas das grandes cidades meninos descendo ladeiras com esses carrinhos. A psicóloga Suzana Veloso Cabral, que trabalha de perto com crianças, garante que o rolimã ainda é popular nos condomínios fechados e também em bairros de periferia. Note que, devido à impossibilidade de brincar na rua por causa do trânsito e da violência, as crianças de classe média mal conhecem esse brinquedo, que ainda é uma realidade para os mais ricos e também os mais pobres.
Legado
Mas os carrinhos de rolimã construídos em casa, com madeira, parafusos e rolamentos descartados, são mais raros. Cederam espaço para os carrinhos prontos, de madeira ou até de plástico. Suzana explica que o aprendizado de novas brincadeiras, assim como suas técnicas (como construir um carrinho de rolimã) fica comprometido pela impossibilidade de aprendê-las com as crianças mais velhas, seja da turma da rua ou mesmo dentro da família, já que essas são cada vez menores. Atualmente, essas brincadeiras só podem ser introduzidas por adultos, que precisam estar disponíveis e demonstrar interesse em interagir com as crianças.
Criatividade
Antes não existia uma oferta tão grande de brinquedos prontos e de boa qualidade, como alguns carrinhos realmente transados que hoje não custam mais do que R$ 5. As crianças daquela época improvisavam, faziam carrinhos de madeira e até imaginavam que uma caixa de fósforos era um automóvel. A psicóloga explica que ainda hoje a imaginação é própria do brincar das crianças de 2 até os 10 anos. Ela está presente tanto na brincadeira de meninos e meninas pobres, quando é feita com materiais improvisados, como de crianças ricas, com brinquedos mais sofisticados. A diferença é que aqueles com possibilidades reduzidas de diversão acabam desenvolvendo mais a imaginação e sabem melhor como lidar com a falta.
Virtual
Os pequenos dos tempos modernos estão mais presos ao virtual, como jogos de computador e videogames. E isso não é privilégio apenas das classes mais elevadas. Porém, jogos como o lendário Enduro, cartucho do jurássico Atari foram substituídos por títulos como Gran Turismo e Need for Speed, para consoles como o Xbox 360 e Playstation 3. Segundo Suzana, as crianças sentem necessidade de gráficos mais parecidos com a realidade para se interessar por um game.
De verdade
E nada pode ser mais real que, em vez de simular numa tela, dirigir um carro de verdade, mais precisamente um miniveículo. Esse sim pode ser considerado um brinquedo voltado à elite, já que o modelo mais vendido da tradicional Fapinha, o Cross Dakar, custa quase R$ 10 mil. E nada de puxar cordinha para fazer o motor quatro tempos funcionar, já que o aventureiro tem partida elétrica e até marcha a ré. De uns anos para cá chegaram ao mercado, a preços bem mais acessíveis, miniveículos elétricos, até mais corretos por não emitirem poluentes.
Eternos
Brinquedos tradicionais que continuam em alta, bicicleta, skate, patins, patinete, ganharam evoluções, como o sistema de marchas e motor auxiliar para bikes, patinetes motorizados (walkmachine) e até skates off-road. Eternos também são os autoramas, ferroramas e carrinho de controle remoto. O que faz a diferença é como se divertir com esses veículos e aí ganha quem tiver mais imaginação: com a bicicleta, por exemplo, vale fazer rampa, apostar corrida e até colocar um papelão no pneu para simular o barulho de uma moto (para desespero dos adultos).