O grupo Renault/Nissan tomou a dianteira para tornar o carro elétrico viável no mundo todo, incluindo o Brasil. Ontem, o presidente mundial do grupo, Carlos Ghosn, assinou parceria com a Prefeitura de São Paulo para estudar o desenvolvimento da infraestrutura necessária para o abastecimento desse tipo de veículo. Acordos similares já foram feitos com mais de 40 cidades e instituições de diversos países. Esse é o primeiro acordo na América do Sul. A intenção é ter modelos que não emitem poluição rodando pela capital paulista já no próximo ano.
Ghosn adiantou, porém, que os carros elétricos só serão viáveis para uso em massa com ajuda dos governos. "Precisamos da ajuda inicial do governo, com incentivos, até atingirmos uma produção de 500 mil a 1 milhão de unidades ao ano, o que nos permitirá uma competição equilibrada com o carro a gasolina", afirmou o executivo. "Do contrário, o carro elétrico será apenas um produto de nicho."
Nos Estados Unidos e no Japão, onde o primeiro carro elétrico da marca, o Nissan Leaf, será lançado no fim do ano, há incentivos na compra entre US$ 5 mil e R$ 7,5 mil. No Estado da Califórnia, o benefício chega a US$ 12 mil. O Leaf vai custar US$ 25,2 mil nos EUA.
O presidente da Nissan Américas, Carlos Tavares, afirmou que, para "popularizar" o carro elétrico serão necessários de três a cinco anos de incentivos. No Brasil, segundo ele, não houve ainda discussão formal com os governos federal e estaduais para avaliar possíveis isenções fiscais.
Projeto
A Prefeitura de São Paulo tem seis meses para apresentar um plano para o uso de carros elétricos, com dados como investimentos necessários e pontos de abastecimento. O prefeito Gilberto Kassab antecipou-se à conclusão do projeto e ontem mesmo fez uma encomenda de 50 unidades do Leaf para serem incorporados à frota da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) "antes do final do ano", conforme citou o prefeito. "Vamos fazer o possível para entregar, mas se não este ano, em 2011", avisou Ghosn.
A Renault/Nissan admite que, embora tenha lançamento previsto para o fim do ano, a venda em massa só será possível a partir de 2012. A produção começa em uma fábrica do grupo no Japão e depois será estendida para outras seis unidades, incluindo EUA e França. "A produção local (no Brasil) só será viável se atingir vendas de 50 mil unidades ao ano", informou. O grupo terá uma gama de oito carros elétricos, começando com o Leaf e logo em seguida com os modelos Renault Fluence e Kangoo.
Barbaridade
Na opinião de Ghosn, o "carro elétrico não é uma opção urgente para o Brasil", que tem a tecnologia dos modelos flex, mas uma alternativa para as grandes cidades como São Paulo, que tem frota de 6,2 milhões de automóveis e sérios problemas com emissão de poluentes. "Mas o consumidor não pode pagar uma barbaridade pelo carro elétrico."
O executivo também disse que a companhia já fez uma parceria internacional com uma empresa que será responsável pela reciclagem das baterias.
Sobre o carro de baixo custo que o grupo desenvolve na Índia em parceria com a empresa Bajaj, para concorrer com o Tata Nano, o executivo afirmou que o projeto está atrasado, em parte por causa da crise internacional,
Além da parceria com a Prefeitura, Ghosn veio ao Brasil para participar do lançamento do novo Renault Logan, em evento realizado na Bahia, e também para participar de um fórum empresarial em Porto Alegre (RS), na noite de segunda-feira. Aproveita ainda para visitar a mãe, que mora no Rio de Janeiro.
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