O que poderia ser um pequeno aborrecimento, se transformou em um verdadeiro estorvo para o médico Renato Rocha Lage, que comprou uma uma Ford Ranger Limited em meados do ano passado.

No dia 19 de outubro, o médico se viu envolvido em um pequeno acidente em Belo Horizonte: um Golf ficou sem freio e arrastou sua picape. Não houve vítimas e as partes chegaram a um acordo. A sugestão de rebocar sua Ranger para a concessionária Jorlan Ford foi aceita por Renato. E também o início de uma longa espera até que o veículo voltasse às suas mãos, e mesmo assim, em condições longe de perfeitas.

O proprietário conta que, no dia seguinte, o orçamento já estava pronto, mas que três semanas depois seu carro ainda não havia sido tocado. Um dos motivos da demora estava na caçamba, que precisou ser trocada. Ainda de acordo com o dono, duas vezes foi enviada a peça errada. Só na terceira vez o componente era o correto. No início de dezembro, o carro ainda estava na Jorlan, o problema agora era o eixo traseiro, que também precisava ser trocado. A informação passada a Renato era de que a peça (que assim como a própria picape é importada da Argentina) estava em falta. Entre idas e vindas o veículo foi finalmente entregue dia 12 de janeiro, após quase três meses. Um alívio, pensou o médico. Mas não foi bem assim.

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Entregue sim, mas não exatamente pronto. Renato notou vários problemas com sua Ranger. “O bocal e cano do tanque estavam soltos da carroceria, havia resto de cola e defeitos no acabamento da caçamba. As rodas estavam desalinhadas e desbalanceadas. O freio de estacionamento, mesmo apertado até o final, não deixa o carro parado”, lista o médico. A insatisfação foi tanta, que no domingo, dia 28, Renato pagou do próprio bolso um anúncio no primeiro caderno do jornal Estado de Minas. No dia seguinte a Jorlan entrou em contato para levar o carro de volta para a oficina. “Senti-me enrolado. O tempo sem o carro foi muito mais oneroso do que o dinheiro do anúncio”, desabafa. O médico ainda esclarece que tem todas as notas e que considera entrar na justiça contra a Jorlan Ford.

Contatada pela reportagem, a Jorlan, pelo seu gerente geral de Mecânica e Lanternagem, Walney Perdigão, afirma que a demora ocorreu em primeiro lugar por problemas burocráticos. A primeira autorização de desmonte só haveria sido liberada pela seguradora no dia 30 de outubro. Mesmo assim a autorizada ainda precisaria de autorizações adicionais para finalizar o reparo.

Seguradora

Walney também atribui à seguradora o problema com a entrega da caçamba, “Foi a seguradora que fez o pedido da caçamba, e foi com o número da peça errada.”, explica. A Jorlan sustenta a falta de estoque do eixo traseiro, que só poderia ser entregue pela Ford a partir do dia 12 de fevereiro, e afirma que importou diretamente a peça da Argentina. Com relação aos problemas no carro entregue, Walney não contesta as reclamações de Renato, mas minimiza o problema, “A cola escorrida da cobertura da caçamba só dá pra ver com a tampa aberta. Os parafusos do gargalo do tanque estão faltando, mas não compromete a segurança. Nos também vamos fazer o alinhamento, mas o dono dirigiu quase 1mil km com o carro. O freio de estacionamento está baixo sim, mas funciona” afirma.

De qualquer forma, a promessa da autorizada é de entregar o carro em perfeitas condições para o dono. Questionada sobre a falta do eixo traseiro da picape, a Ford informou que o fornecedor entrou em férias coletivas no final do ano, período em que a peça ficou indisponível, mas não houve falta de peças e garante que os pedidos podem ser atendidos em poucos dias.