Na sexta-feira passada, o analista de sistemas Leandro Damasceno Pio fechou negócio na concessionária Ford Pisa: comprou um Fiesta Rocam 1.6, com ar-condicionado, direção hidráulica, airbag duplo e freios ABS, entre outros itens, por R$ 35.666. O carro seria faturado nesta segunda-feira, mas um atraso fez com que a nota não fosse enviada à fábrica a tempo. O imprevisto era o prenúncio de uma economia de quase R$ 2 mil. No fim da tarde do mesmo dia, veio o anúncio do governo federal de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nos veículos zero quilômetro em até 7%, aliada ao acordo de queda nas tabelas de preços das montadoras (além do percentual do imposto) de até 2,5%, conforme o modelo. Tudo válido já no dia seguinte. No caso de Leandro, por se tratar de modelo 1.6 flex, o percentual de desconto é menor, mesmo assim, com a possibilidade de “remarcação” de preços dos veículos em estoque, o carro, já dentro da novo política, saiu por R$ 33.934.
“Como no caso do Leandro, pude cancelar outras notas de veículos que ainda não tinham sido faturados e o cliente teve a oportunidade de reivindicar o desconto”, afirma o gerente de vendas da Pisa, Antônio Longuinho, comemorando a redução de preços da nova tabela da Ford, ainda com margem para descontos promocionais.
Preço praticado
As ações promocionais, inclusive, estavam entre as preocupações no início da semana (reportagem publicada no último 23), quando ainda não se sabia ao certo como seria, por parte das montadoras, a política de queda nos preços sugeridos em relação aos considerados promocionais. Isso porque, como muitas vezes o carro não é vendido a preço de tabela (sugerido do fabricante), adota-se o chamado preço praticado, que, conforme o modelo e/ou a marca, é tão mais baixo que a redução exigida pelo governo, na prática, poderia não significar nada ou quase nada.
A maioria dos fabricantes, além de reduzir as tabelas (preço sugerido), também está mantendo os preços promocionais, bem abaixo dos cobrados antes das novas medidas. A Nissan, por exemplo, que antes do anúncio do governo dava bônus para praticamente toda a linha (exceto o Versa), de R$ 300 a R$ 3 mil, variando conforme o modelo; manteve exatamente a política, conservando os descontos em cima dos novos preços.
Das marcas de maior volume, um dos melhores exemplos é o Volkswagen Fox 1.0 duas portas básico. Na tabela, o carro teve desconto de 9,9%; enquanto o preço cobrado caiu 10%, indo agora para R$ 27.890. Outro bom exemplo é o Chevrolet Cruze sedã LT cuja redução do preço sugerido foi de 7,87% e a do cobrado 7,7%. “O Cruze LT, que é o primeiro catálogo, estava sendo anunciado a R$ 64.990 e agora sai por R$ 59.990. É uma diferença boa, uma situação que aconteceu com quase toda a linha. O cliente que estava negociando, por exemplo, um veículo básico ou pouco equipado, pelo mesmo preço pode agora levar um completo”, avalia o gerente de vendas da Jorlan, Marcelo Michel.
Jogada
Mas os exemplos não podem ser tomados como regra. Na maior parte dos casos, houve a redução no preço cobrado, mas não na mesma proporção do sugerido. E, além disso, há situações em que a montadora simplesmente mudou o foco, fazendo campanhas promocionais em cima de modelos que não estavam com desconto antes do anúncio das novas medidas e deixando de anunciar o valor cobrado daqueles que até a semana passada estavam em alta na mídia dos fabricantes e/ou concessionárias. Por fim, é importante ressaltar que alguns modelos já não eram vendidos com desconto, prevalecendo, nesse caso, como parâmetro para o consumidor o preço sugerido (tabela).