O leitor há de concordar que a marca de 126km no hodômetro é muito pouco quilômetro rodado para um veículo usado, mas muito caminho andado para um carro novo. Pois foi com essa quilometragem que a professora universitária Carla Moreira afirma que retirou seu Citroën AirCross “zero” da concessionária Chamonix. “No dia em que fui buscar o carro, quando a vendedora estava me mostrando os detalhes, percebi que ele já havia rodado 126 quilômetros. Cheguei a questionar a vendedora, mas ela disse que era normal encontrar veículos novos com até 200 quilômetros rodados, porque eles passam por testes de fábrica”, relata a professora.
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Apesar de ter ficado incomodada com a situação, Carla aceitou a explicação, mas, desconfiada, analisou minuciosamente o veículo e viu que estava arranhado na região do para-choque. A vendedora pediu que ela esperasse um pouco para que o veículo fosse polido. “Esperei quase uma hora, quando a vendedora chegou se desculpando e dizendo que parte da tinta do para-choque havia saído e que a peça precisaria ser trocada”, conta Carla, que voltou para casa sem o carro.
No dia seguinte Carla voltou à Chamonix para buscar seu AirCross devidamente reparado. Ao sair com o veículo, mais decepções: os vidros geravam bastante barulho no habitáculo, e a direção estava desalinhada, puxando muito para a direita. No fim daquela semana, o carro ainda apresentaria um problema eletrônico, quando a luz que indica anomalia no sistema de injeção acendeu. O veículo seguiu rebocado para a concessionária, onde novamente passou por reparos. Logo o carro voltou a apresentar o mesmo problema eletrônico e voltou à Chamonix, onde de novo foi reparado e, dessa vez, saiu com todos os defeitos (inclusive os vidros e o alinhamento) sanados.
DESCONFIANÇA
Apesar de terem sido resolvidos, tantos problemas só contribuíram para que Carla ficasse ainda mais desconfiada a respeito do veículo. “Eu paguei por um carro novo, me sinto completamente insegura com este. Fora a sensação de me sentir uma idiota por ter retirado um veículo com 126 quilômetros rodados como se fosse um zero quilômetro”, extravasa a cliente da Chamonix. Carla explica que sua situação ficou desfavorável depois que bateu o veículo durante uma viagem que fez. “Fica parecendo que não quero mais o carro porque ele foi batido, mas minha briga com a concessionária vem desde a primeira semana, na qual o retirei”, relata.
DOCUMENTO
De acordo com Tulio Albuquerque, diretor da Chamonix, o AirCross de Carla chegou à concessionária com 19,8km rodados e saiu com 22km. “Nós temos 13 veículos destinados exclusivamente para test-drive, para que usaríamos o veículo de um cliente?”, afirma Tulio, que na época em que o carro foi vendido não trabalhava na Chamonix. Segundo o diretor, a empresa tem o documento que registra a retirada do veículo, devidamente assinado pela cliente, em que consta que o veículo havia rodado 22 quilômetros.
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Carla rebate, falando que a assinatura de todos os documentos foi feita antes de ver o veículo. “Sem falar que, naquele dia, eu não retirei o carro porque ele estava com o para-choque avariado”, relembra a professora. “Já tive outros três carros zero que nunca deram problema. Acho que foi confiando nisso que, mesmo achando estranha a alta quilometragem, aceitei este carro”, explica Carla. Apesar do diretor da Chamonix afirmar que tem a assinatura de Carla do documento de retirada do veículo, este não foi apresentado à reportagem.