(Marianna Holanda, Folhapress) O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse nesta quarta-feira (18) que o valor do petróleo já está afetado com a guerra no Oriente Médio e pode piorar com alastramento do conflito na região. Caso isso realmente ocorra, o preço dos combustíveis derivados, como gasolina, óleo diesel e gás de cozinha (GLP) deve subir.
Prates diz não haver indícios por ora de que países produtores se envolvam diretamente na disputa entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que se arrasta desde o último dia 7, mas países árabes têm se alinhado em defesa dos palestinos.
"Das conversas que a gente tem tido, não há intenção de se meter ali nesse momento e tentar procurar solução pacifica, de contorno da situação toda, de replica daquele ataque terrorista, mas ainda sem alastrar para o resto do Oriente Médio", disse Prates.
"(O preço do Petróleo) já está afetado, piorar mais é a tempestade perfeita".
Jean Paul Prates, presidente da Petrobras
Embargo petrolífero pode fazer o preço da gasolina disparar
Nesta quarta (18), o petróleo Brent, contrato de referência global, chegou a ficar perto de US$ 93 (cerca de R$ 471) por barril, enquanto o risco de escalada do conflito no Oriente Médio ameaçava interromper o fornecimento de petróleo na região, após o Irã pedir a imposição de um embargo petrolífero a Israel.
Os mercados levaram em conta os riscos da escalada do conflito entre Israel e Hamas depois que centenas de palestinos foram mortos em uma explosão em um hospital da cidade de Gaza, na terça-feira. Autoridades israelenses e palestinas culparam umas às outras pela explosão.
"Esta reviravolta na discussão diplomática gera novamente o medo da propagação do conflito e, portanto, do salto no petróleo", disse John Evans, da corretora de petróleo PVM. Em Jeddah, na Arábia Saudita, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Hossein Amirabdollahian, instou os membros da Organização de Cooperação Islâmica a imporem um embargo petrolífero a Israel.
A Opep+ não planeja tomar nenhuma ação imediata em relação ao apelo do Irã, disseram à Reuters duas fontes do grupo produtor. De qualquer modo, caso isso realmente ocorra, deve causar uma disparada global no preço tanto da gasolina quanto no do óleo diesel.
Mercado está apreensivo, mas ainda estável
A declaração de Prates foi dada após reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário-geral da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Haitham Al-Ghais, no Palácio do Planalto.
De acordo com Prates, esta é a primeira vez que um secretário-geral da entidade visita o Brasil. Ele disse ainda que a Opep está comprometida com a transição energética e que, nesse contexto, o Brasil é importante, pelos seus recursos naturais.
No último dia 9, o presidente da Petrobras havia dito que, apesar da pressão da guerra sobre as cotações internacionais do petróleo, ainda era cedo para avaliar o real impacto sobre o mercado e suas consequências sobre o preço de combustíveis como gasolina e óleo diesel no país.
"É mais um evento de volatilidade [sobre os preços]", afirmou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, em entrevista durante após organizado pelo Consulado Geral da Noruega no Rio de Janeiro. "Vamos acompanhar, tentando mitigar a volatilidade para manter os preços mais ou menos estáveis."
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