O crescimento das vendas de carros brancos no Brasil é evidente. Dentro de seu carro branco, perguntamos a Tallicy Castro Arrais qual é sua cor preferida. “Adivinha?”, rebate a empresária, cheia de orgulho de seu vistoso utilitário-esportivo. A cor favorita é o branco, mas não pode ser em qualquer modelo. “O branco fica bem em modelos mais sofisticados”, resume.
A psicóloga Sheila Caetano Medina da Silva, assim como outras pessoas consultadas, concordam: “Branco eu gosto conforme o carro. Em utilitários-esportivos fica bom”. De acordo com Caio Reis, da ADM Automóveis, os carros brancos têm tido boa aceitação, mas ele não sabe se veio para ficar. Mas a cor não chega a ser unanimidade. Wellerson Vilas Boas, supervisor de laboratório, já teve carro branco e não gostou porque “suja demais”. Já a gerente de produção Bárbara Michetti resume o que muitos em Belo Horizonte pensam do carro branco: “É cor de táxi”.
A empresária Neisa da Silva Oliveira é outra que está em lua de mel com seu Renault Duster branco, mas, provocada, conta que não teria Fiat Siena branco justamente por ser um modelo comum da “praça”. O taxista Rodrigo Gomes conta que acaba tendo que vender o táxi (que é branco) cerca de 20% mais barato em Belo Horizonte. “Muitos taxistas vendem o carro no interior do Espírito Santo, onde pagam melhor”, conta.
CLÁSSICAS Além do branco, as cores consideradas clássicas são o preto, o prata e o cinza. Comercialmente, elas são bem aceitas no mercado. “O prata e o cinza são as mais fáceis de vender por ser de fácil manutenção, aparentam menos a sujeira e pequenas marcas. O preto também é bem comercial, mas tem a desvantagem de deixar qualquer marca mais aparente”, explica Caio, da ADM. Quase unanimidade, o engenheiro José Roberto Vasconcellos gosta dos benefícios do prata, e acrescenta o fato de a cor não absorver tanto calor.
O administrador Antônio Carlos Tavares é fã incondicional do preto: “Dos 18 anos até hoje só tive carro preto. Meu primeiro carro foi um Corcel preto”, relembra. Já Sidney Gonçalves, servidor público, fica com o prata e o cinza: “Preto nunca mais, aparecem muito os arranhões”. A bordo do seu Captiva preto, a decoradora Graziela Siqueira esboça a preferência pelas cores clássicas: “Queria mesmo um cinza-chumbo, mas como não tinha para pronta entrega comprei este aqui, preto. A outra opção era o branco, mas fiquei na dúvida. Mas o próximo será branco”.
CORES E MODISMOS De acordo com Caio, cores como o azul, amarelo e vermelho já têm mercado mais específico. “Geralmente, são as mulheres que já vêm com uma cor definida”, relata. Segundo o vendedor, é preciso ter cuidado com as chamadas cores de lançamento: “Pelo lado comercial, evite essas cores”, aconselha. É a mesma percepção da bancária Carine Hipólito Melgaço, que evita as cores do momento: “A gente não troca de carro todo dia”. Com um toque de humor, a arquiteta Érica Sgarbi Reis também esboça um perfil mais conservador: “Odeio cores cítricas, laranja, verde, amarelo. Parece carro de Playmobil”.
Já o artista plástico Alex Queiroz escolheu seu Novo Uno Way na cor verde-box porque estava fugindo das cores tradicionais. “Comprei porque achei legal, não considerei se vai ser mais difícil para revender”, explica. A professora Isadora Fernando queria um Fiesta vermelho, mas como tinha pressa teve que ficar com um preto. O dentista Fábio Vinícius Teche tem preferência pelos carros prata ou cinza, mas não tem nada contra os coloridos: “Tem gente que não gosta de amarelo, mas ofereça uma Lamborghini dessa cor para ver se ela não vai aceitar”.