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Porsche 911 993 - Um jovem clássico

Última versão refrigerada a ar do esportivo alemão é considerada mais valiosa do que os 996 a água que a seguiram. O seis cilindros boxer desenvolve 271cv e 33,7kgfm

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Foto:

A dianteira é semelhante ao do supercarro 959, mais afilada e aerodinâmica

 

 

Os porschemaníacos são fãs peculiares. Ainda que reverenciem a evolução técnica, o aprimoramento contínuo e a modernização da imagem dos 911, em alguns casos, o modelo mais antigo continua a ser o mais querido. Nada representa melhor isso do que o 911 993,aúltima encarnação refrigerada a ar do esportivo. O canto do cisne foi o mais belo para muitos. Não apenas pelo apego a tradição, como também pelo caráter evoluído do carro, que tomou emprestada a dianteira mais aerodinâmica do supercarro 959 e incorporou suspensão traseira multilink. Esse carinho fica claro na valorização do 993, feito entre 1993 e 1998, em relação ao 996, de 1997, que rompeu a tradição adotando um motor refrigerado a água e ficou mais parecido com o menor Boxster, tudo para racionalizar a linha. O antecessor deixara tanta saudade que, quando o 996 evoluiu para o 997, em 2005, voltou a ostentar os faróis ovalados e inclinados.

É uma forma de retorno às tradições, que nesse 911 de 1993 fica ainda mais clara. As referências estão em pontos como o para-brisa pouco inclinado ou no formato das portas envolvidas por calhas e com vidro estilo quebra-vento – as mesmas portas do antecessor. Do 964 vieram também a dianteira de contornos arredondados, com faróis auxiliares incrustados no paracho que - Integrado à carroceria -, além das lanternas unidas por um filete. Os traços familiares escondem a forma mais refinada do projeto original.

 

A traseira não poderia deixar de ser protuberante, dada a localização do motor, mas o aerofólio retrátil e o spoiler dão aderência extra

 

 

BENEVOLENTE Motor lá atrás, na ponta traseira, e dianteira leve formavam um conjunto que exigia do motorista o conhecimento do caráter manhoso do 911. Saídas imperdoáveis em curvas
sempre foram associadas ao conjunto, sem serem encaradas como defeito pelos entusiastas. Afinal, o motor traseiro beneficiava as arrancadas, em que a transferência de peso gruda melhor
o eixo de tração no chão. Os freios, sempre generosos, também ofereciam segurança em ritmos pesados. Uma marca dos Porsche, que costumam parar tão rápido quanto aceleram. Mas o fato é que essa fama de mau do 911 só começou a mudar com a versão de tração integral Carrera 4, de 1989. Uma virada que foi concretizada no 993, que chegou com suspensão traseira multilink em liga-leve que, junto com a eletrônica, conseguiu dar reações menos destemperadas ao 911.

 

Confira a galeria de fotos do Porsche 911 993

 

Ficaram no passado as saídas de traseira provocadas com um simples aliviar de acelerador em curvas rápidas, mérito a ser dividido com as largas bitolas traseiras. Para acomodá-las, os para-lamas ficaram ainda mais largos. Equilíbrio que chegou na hora certa. A linha ficou mais rápida do que nunca. O motor desse 993 em questão é o seis cilindros boxer 3.6 N64. São 271cv de potência a 6.100rpm e 33,7kgfm de torquea 5mil giros, com funcionamento suave e força em médias rotações. Graças a um então inédito câmbio manual de seis marchas, o cupê 1993 pode disparar aos 100km/h em 5,3 segundos e esticar até os 267km/h. E olha que se trata do Carrera 2, o menos potente. Os números de rendimento aumentavam de acordo com cada versão. O Turbo S biturbo contava com 430cv e diminuía o tempo de arrancada para 4,5s, chegando aos 290km/h.O modelo já tinha entrado na seara dos supercarros.

 

Painel guarda muita semelhança com o do modelo original, algo que foi abandonado em parte no 996 e resgatado na última encarnação

GRÃ-TURISMO Por dentro, as formas também remetem aos 911 de antes, mas com contornos arredondados e confortos, modernos, como ar-condicionado, bancos elétricos frontais e, até mesmo, o opcional câmbio automático Tiptronic sequencial, agora difundido. Ao andar no carro, a impressão de solidez é tipicamente germânica, sem ruídos parasitas ou solavancos. Tudo acompanhado por um ruído encorpado abafado em baixa, que chegou a ser imitado pelo sucessor a água, para não desagradar aos puristas. Não à toa, o 993 é vendido no mesmo patamar do 996, começando por volta de R$ 175 mil, mesmo sendo mais velho. Mais um ponto para um clássico jovem, que promete ficar jovem por ainda muito tempo.