Alguns motoristas são rigorosos quanto aos cuidados com o carro e até incluem as tarefas entre os prazeres do fim de semana: lavar, encerar, aspirar o interior e dar aquela conferida geral no restante do veículo. Cuidado sempre é bom, mas é preciso saber como fazer esses serviços corretamente. Luiz Otávio Pereira Lima, sócio da Studio Automotivo, afirma que a manutenção correta da pintura é essencial para que o proprietário não seja obrigado a repintar o carro, o que não é barato. "Cuidar da pintura do carro é simples, mas é preciso ficar atento aos produtos usados e não repetir alguns velhos vícios, que podem comprometer sua integridade", explica Luiz.
LAVAR
A primeira providência a ser tomada ao lavar o carro é estacioná-lo à sombra. Antes de começar, é importante dar uma molhada geral para tirar as partículas sólidas maiores, que podem riscar a pintura. Não é segredo, mas vale lembrar a regra de lavar o veículo de cima para baixo. A lateral pode ser dividida em duas partes, acima e abaixo do friso, já que a parte inferior costuma ficar bem mais suja. Rodas e pneus devem ser lavados por último e com esponja diferente.
Use sempre xampu automotivo, nada de detergente ou sabão em pó, que são alcalinos e removem toda a cera. O xampu deve ser diluído na proporção indicada pelo fabricante. Por isso, contenha a ânsia de querer fazer muita espuma. Para esfregar ,deve ser usada uma esponja macia e não o pano, que tem a superfície dura. Em contato com alguma impureza, o pano pode atuar como uma verdadeira lixa. Secar não é capricho. As gotas que ficam pelo carro ampliam a intensidade dos raios solares (como uma lente de aumento) e queimam a pintura. Escolha um pano macio (existem produtos específicos para isso) e comece pelos vidros, para que ele pegue alguma umidade e diminua o atrito com a pintura.
ENCERAR
Para encerar, escolha um produto de marca conhecida (as ceras que contêm carnaúba são as melhores). Além de dar brilho, a cera também serve para remover sujeiras que a lavagem não consegue. O serviço deve ser realizado à sombra. Assim como a lavagem, comece de cima para baixo e divida em partes para que não junte poeira na cera. Esse pequeno cuidado, assim como molhar o veículo antes de lavar e usar produtos adequados, evita os arranhões leves, que vão se juntando com o tempo e fazem com que a pintura fique opaca e deixe de refletir os raios solares, tendendo a queimá-la.
Esqueça a estopa, que é um resíduo têxtil feito de vários materiais, uns mais duros, e pode riscar. Para aplicar e retirar a cera, o melhor é usar algodão automotivo ou toalha de microfibra. Além de serem macios, esses materiais têm superfície plana e economizam cera (enquanto a estopa retém). Por ter maior superfície de contato, esses produtos também facilitam a retirada. A cera deve ser espalhada com média pressão e em movimentos circulares. Para retirar, também use movimentos circulares e a mão mais leve.
POLIR
Para começo de conversa, não é recomendável fazer o polimento do carro em casa. "Não é raro chegarem veículos aqui com a pintura comprometida porque o dono se aventurou a mexer na politriz", conta Luiz, explicando que, para cada parte do veículo, estado e tipo de pintura, existe uma velocidade de rotação da máquina, uma pressão, uma inclinação e um produto específico. Existe uma maneira para fazer o teto, o capô e as laterais porque uma parte fica mais exposta à sujeira, outra ao sol, às vezes, uma parte já foi repintada, e o profissional sabe avaliar isso e aplicar a técnica correta.
O polimento é feito para remover arranhões superficiais. Existem vários processos no mercado. O sócio da Studio Automotivo explica que sua empresa utiliza uma técnica chamada espelhamento, um micropolimento que usa produtos pouco abrasivos. Entre as vantagens desta técnica, enumera Luiz, é que o brilho é obtido por um processo, por isso, o veículo pode ser encerado sem o risco de remover qualquer produto. O serviço custa em média R$ 380, para carros pequenos; R$ 400, para os médios; e R$ 450, para os grandes.
DICAS
Excrementos de passarinho, morcego e libélula estragam a estrutura do verniz e devem ser removidos o mais rápido possível. Seus danos podem ser irreversíveis.
Resina de árvores também é prejudicial. Por isso às vezes é melhor estacionar ao sol do que embaixo de uma árvore.
O sereno queima a pintura tanto quanto o sol.
A cera não é um produto abrasivo e, por isso, não desgasta a pintura.
Se usar querosene para remover alguma sujeira, aplique com cuidado para não entrar em contato com partes plásticas e borrachas, que ressecam. Como a querosene remove a cera, é preciso lavar e encerar o carro novamente.
Não passar pano quando o carro estiver empoeirado. O melhor é lavar.
A cor prata requer mais atenção, por ser difícil notar que a pintura está queimada.
A micropintura não apresenta bons resultados em cores claras. A cor mais beneficiada por esse processo é o preto sólido. Lembrando que a micropintura é um paliativo para disfarçar o arranhão e evitar uma repintura.
O polimento serve para tirar arranhões superficiais que não ultrapassaram a camada de verniz.
Pinturas com trincas e queimados com manchas claras (fácil de ser visualizado na cor vermelha) não podem ser recuperados com o polimento, sendo necessário uma repintura.