O papa Francisco será o responsável por inaugurar oficialmente em evento público o mais recente papamóvel, que foi entregue pelo presidente da Mercedes-Benz a Bento XVI em setembro do ano passado. Mesmo com as adaptações necessárias para transportar o pontífice, o Classe M de nova geração do papa, tem os mesmos equipamentos e tecnologia das versões normais, segundo a marca. Em comparação com o papamóvel anterior (última geração do Classe M, fabricado até 2010), a cúpula de vidro blindado foi aumentada, melhorando espaço e acesso. O papamóvel sempre é pintado em branco diamante. Para facilitar o transporte do Classe M em aviões, a Mercedes reduziu a altura total do veículo em alguns centímetros. A segurança em torno do papamóvel é tanta que a Mercedes-Benz do Brasil não pode passar detalhes sobre as modificações feitas no modelo. Nem mesmo a matriz na Alemanha repassa essas informações. O que se sabe é que o atual papamóvel tem vidros e lataria blindados, é resistente a tiros de grosso calibre, como dos fuzis russos AK 47 e das metralhadoras de 1,27mm, além de suportar ataques com granadas.
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PIONEIRO O conservadorismo de Bento XVI à frente da Igreja Católica se refletiu também na manutenção do contrato com a Mercedes-Benz, que fornece o principal veículo do papa há mais de 80 anos, mesmo com as constantes ofertas de outros fabricantes que enviam projetos de construção do papamóvel baseado em modelos já produzidos. O primeiro Mercedes-Benz para um papa foi o Nürburg 460 Pullman, usado por Pio XI em 1930. Na década de 1960, o papa João XXIII recebeu uma Landaulet 300d sob o disfarce de um cabriolet com transmissão automática. Posteriormente, o papa Paulo VI usou primeiro um Mercedes-Benz 600 Pullman Landaulet, seguido por um SEL 300. O carismático papa João Paulo II usou um Classe G modificado. Depois da aposentadoria, os carros dos papas entram para coleções em exposição, tanto no Vaticano quanto no Museu da Mercedes-Benz, em Stuttgart, na Alemanha.
A Santa Sé mantém impecavelmente os antigos papamóveis já fora de serviço em um dos museus do Vaticano, inclusive as carruagens usadas antes dos veículos motorizados. O papamóvel só passou a ter um compartimento especial para que o papa pudesse ser visto pela multidão, em 1975, com Paulo VI, que era um confesso apaixonado por automóveis e o primeiro papa a viajar de avião, em 1963.
Mas foi com João Paulo II que o papamóvel ganhou popularidade mundial. Foi em um exemplar da Fiat que João Paulo II sofreu o atentado em 1981, na Praça São Pedro. Um ano antes, o papa havia viajado ao Brasil e o papamóvel na época foi um Mercedes-Benz baseado no caminhão 608, também aberto. Somente depois do atentado terrorista, o Vaticano decidiu blindar o papamóvel.
DISPUTA Quando Bento XVI assumiu o papado, em abril de 2005, as montadoras alemãs travaram uma disputa para oferecer um novo papamóvel. A Volkswagen sugeriu transformar seu utilitário Touareg para ser o papamóvel. Já a BMW ofereceu o concorrente X5. Recentemente a Renault presenteou o papa com um Kangoo Z.E., versão totalmente elétrica do multiuso francês. Em 2006, a Volkswagen doou um Phaeton de cor preta metalizada, com modificações para responder às exigências de conforto, segurança e discrição. Foi nesse modelo da Volks, que Bento XVI fez seus últimos deslocamentos ainda como papa em exercício. Pouco tempo depois de assumir o papado, Bento XVI havia ganhado um Volvo XC90 da montadora, que foi doado a uma instituição de caridade no Vaticano.
Não é a primeira vez que montadoras doam ou fabricam modelos especiais para os pontífices. Em 2004, por ocasião dos 26 anos do pontificado de João Paulo II, a Ferrari fabricou um modelo de Fórmula 1 especialmente para o papa, mas em pequena escala.
Já como papa, sem precisar de um veículo particular, Joseph Ratzinger se desfez de seu Golf 1999, usado por ele enquanto cardeal-bispo da Sé Episcopal de Velletri-Segni, em Roma. Em 2007, o Golf foi leiloado pelo site ebay por quase 188 mil euros. A ideia foi do proprietário do carro, um americano do Texas, que doou o dinheiro a uma instituição de caridade. Dois anos antes, ele havia comprado o carro de um alemão, de 21 anos, por US$ 250 mil. Em 1997, o próprio João Paulo II entregou as chaves de seu Escort 1975 ao comprador anônimo, que pagou US$ 102 mil pelo Ford.