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País será o 4º maior mercado de carros

Consultoria alemã prevê que este ano Brasil vai superar a Alemanha em vendas de automóveis, mas produção não alcançará nível global

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Por Cleide Silva

O Brasil vai subir um degrau no ranking mundial de vendas de carros e ocupar, neste ano, a quarta posição, atrás apenas da China, EUA e Japão. Na lista de maiores mercados, o País vai desbancar a Alemanha, dona do posto há sete anos. A conta é da Roland Berger, consultoria de origem alemã que acaba de preparar estudo sobre a indústria automobilística brasileira que, em dez anos, saiu do décimo para a quarto lugar na lista.

O estudo projeta vendas de 3,2 milhões de automóveis e comerciais leves em 2010 e potencial de chegar perto das seis milhões de unidades em 2015. O número deste ano aumenta para 3,4 milhões se forem contabilizados caminhões e ônibus. A Alemanha, na quarta posição desde 2003, deve vender 2,8 milhões de unidades (ver quadro).

Para divulgar as principais conclusões do estudo aos clientes locais e a representantes do governo, Berger, de 72 anos, fundador e presidente da empresa, veio ao País na semana passada e avaliou que este "é o melhor momento do Brasil" em vários aspectos, do econômico ao social.

Mas não trouxe apenas boas notícias. "O Brasil é um mercado em crescimento, mas muito dependente das vendas internas e sem condições de jogar globalmente." A constatação se apoia no fato de que o crescimento nas vendas não é acompanhado em igual ritmo pela produção, cujos volumes põem o Brasil em sexto lugar no ranking.

Emergentes. A China lidera nos dois quesitos. A Coreia do Sul não aparece entre os dez maiores mercados, mas é a quinta maior fabricante. A Índia está na oitava posição em vendas e na sétima, em produção. Os emergentes são os principais concorrentes do Brasil.

"Para ter papel global nesse tabuleiro e manter-se é preciso ter competitividade e o Brasil tem diversas falhas nesse ponto", constata. Da falta de infraestrutura aos altos impostos, passando por burocracia e o "custo Brasil", há muito a ser feito.

Em encontro com executivos das principais montadoras, das fabricantes de autopeças e representantes do Ministério do Desenvolvimento, Berger aconselhou: "Unam-se e coloquem em prática um plano de ação urgente para melhorar a competitividade brasileira".

Importação recorde. O risco é de o País se transformar em grande importador, ao mesmo tempo em que minguam as exportações. O estudo, que no Brasil foi coordenado por Stephan Keese, projeta que, a partir de 2015 o País poderá importar 1 milhão de veículos ao ano, número que pode ser antecipado.

Em 2009, o País importou volume recorde de 488,9 mil automóveis e este ano deve se aproximar das 600 mil unidades, conforme prevê a Anfavea, que também trabalha com vendas totais este ano de 3,4 milhões de veículos. Já as exportações esboçam pequena melhora de 470 mil em 2009 para 530 mil unidades, a maioria para Argentina e México, com que o Brasil tem acordos comerciais.

Uma das razões de o carro brasileiro não ultrapassar fronteiras mais distantes é o alto custo: 37% maior que um carro médio indiano e o dobro de um chinês da mesma categoria. Em relação ao México, a diferença é de 82%.

Segundo Keese, um corte definitivo de 10% nos impostos sobre a compra dos automóveis já resultaria em vendas adicionais de 488 mil veículos ao ano. Com essa e outras medidas, o mercado interno pode atingir praticamente o dobro de vendas dos números atuais, além de conquistar mercados hoje atendidos por fabricantes asiáticos.

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