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País e garagem despreparados para os carros elétricos

Além de escassos, imóveis preparados para recarga de veículos elétricos são caros. Especialista afirma que Brasil não tem plano para cuidar da estrutura necessária

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Projeção do edifício com vagas dotadas de uma tomada para recarregar veículos elétricos

Imagine que você ganhe hoje, num sorteio, um carro elétrico. É certo que a felicidade seria grande, mas sua garagem estaria preparada para recebê-lo? Ou você teria que puxar uma extensão, vinda de uma tomada do depósito do zelador, para recarregar a bateria? Sem falar que a conta seria socializada com todos os vizinhos! Esse exercício mostra que quase nenhum lar brasileiro está preparado para receber os elétricos (nem haveria de estar, já que ainda vivemos a era do motor a combustão interna).

Mas algumas iniciativas isoladas já existem no país. Com apelo sustentável, em 2012, começa a ser construído um edifício na região de Nova Lima. Entre as seis vagas disponíveis por apartamento, uma delas terá uma tomada para carregar carros elétricos. “O morador estaciona, coloca o plugue na tomada e passa um cartão, que funciona como uma chave, para liberar o sistema. Isso garante que a energia seja cobrada daquele morador e impede que algum vizinho use aquela tomada”, explica Eduardo Luiz Silva, da EPO Engenharia.

Eduardo não soube precisar quanto vai custar a instalação das tomadas, mas garante que é uma quantia significativa. Luiz Manetti, da construtora Tecnisa, disse que apenas a instalação da fiação numa das torres de um condomínio de luxo em São Paulo vai custar R$ 270 mil. Para quem estranha o valor, Manetti explica que a instalação deve suportar, por exemplo, todas as unidades do edifício recarregando seu veículo elétrico ao mesmo tempo, e, para isso, a estrutura diferenciada começa já na rede de transmissão.

“É importante ressaltar a diferença entre disponibilizar tomadas e estações de recarga”, conta o engenheiro da Tecnisa, dizendo que um veículo elétrico consome o equivalente a quatro fornos de micro-ondas ligados na potencia máxima, ao mesmo tempo e na mesma tomada por seis horas seguidas. “Tomadas comuns derreteriam nessas condições, causando acidentes graves”, afirma Manetti.

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COMO SERÁ? Pelo tamanho do investimento, fica claro que o valor desses imóveis é acessível a uma parcela mínima da população, assim como o preço dos próprios veículos elétricos, que mesmo nos países desenvolvidos são caros e subsidiados. Como será o modelo de recarga de veículos elétricos adotado no Brasil, residencial ou em eletropostos públicos? “No Brasil, não há um plano nacional de implantação da tecnologia veicular elétrica. Um plano dessa natureza envolve diversos setores como o da energia, do transporte, o da ciência e tecnologia e o indispensável meio ambiente”.

A resposta preocupante foi dada pelo professor Luiz Artur Pecorelli Peres, membro do Núcleo de Coordenação da Rede do Veículo Elétrico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), além de membro do Conselho Diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e coordenador do Grupo de Estudos de Veículos Elétricos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

PADRONIZAÇÃO Para facilitar a vida dos consumidores e dos fornecedores de infraestrutura de recarga, sete fabricantes de automóveis (Audi, BMW, Daimler, Ford, GM, Porsche e Volkswagen) fecharam acordo para criar um padrão do sistema de carregamento de veículos elétricos. O acordo vale para a Europa e os Estados Unidos. Na prática, os consumidores dessas sete marcas poderão compartilhar as mesmas estações de recarga rápida. As marcas acreditam que a padronização vai reduzir a complexidade de produção dos fabricantes, acelerar a instalação de sistemas comuns internacionalmente e melhorar a experiência dos motoristas no uso dos veículos elétricos.

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