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O sucesso da Tracbel - Peso pesado aos quarenta

Nos 45 anos da Tracbel, presidente e vice fazem balanço e falam sobre sucessão

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Luiz Gonzaga vai passar em breve o comando da Tracbel a seu filho, Luiz Gustavo

 

A Tracbel, empresa que comercializa e presta manutenção de equipamentos industriais, de mineração, construção pesada, civil, siderurgia, logística, agrícola e florestal, experimentou um crescimento espantoso nos últimos 10 anos, multiplicando em 12 vezes o seu faturamento. Em 2012, a empresa completa seus 45 anos tendo em seu portfólio a representação de marcas importantes como a Volvo Construction Equipment, Michelin, Massey Ferguson, Clark, Tigercat e LogMax. Em 2009, o Grupo Tracbel cria a Tracbraz, que representa a marca chinesa de equipamentos pesados SDLG.

Motivos não faltam para comemorar, já que a empresa foi eleita pelo quarto ano consecutivo pelo anuário Melhores e Maiores, da revista Exame, como a melhor revenda de máquinas e insumos do Brasil. A Tracbel também foi eleita por nove vezes como o melhor representante da América Latina pela Volvo Construction. Para falar sobre a história e o momento vivido pela empresa, conversamos com Luiz Gonzaga de Magalhães Pereira e Luiz Gustavo Rocha de Magalhães Pereira, respectivamente presidente e vice-presidente do Grupo Tracbel. Entre outros assuntos, pai e filho falam sobre o processo de sucessão da empresa.

Resumidamente, fale da história da Tracbel e do momento vivido pela empresa.
Luiz Gonzaga: Em 1967, a Tracbel começou em Belo Horizonte como oficina mecânica e assistência técnica para maquinas pesadas. No início da década de 1980 iniciou o trabalho de distribuição da Volvo em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Depois veio a Massey Fergusson. Em 2005 compramos o direito de distribuição dos produtos Volvo em São Paulo e na Região Norte do Brasil, além de alguns concessionários agrícolas no norte de São Paulo.

Luiz Gustavo: Esse foi o grande salto da empresa. Passamos de cinco para 16 filiais. Em 2009 passamos a distribuir os equipamentos Volvo na região central do Brasil. Nesse ano, enxergando a oportunidade dos equipamentos chineses no mercado brasileiro, investimos numa outra empresa, a Tracbraz, totalmente dedicada à marca chinesa SDLG. Mais recentemente, em 2011, tivemos a oportunidade de trazer os equipamentos da linha florestal, para a área de colheita mecanizada. Hoje a Tracbel é uma empresa com 23 filiais, atua em 11 estados brasileiros, com cobertura de 70% do mercado nacional.

A que atribui tamanho crescimento?
Luiz Gustavo: Grande parte disso foram as aquisições de 2005, aliadas ao crescimento do mercado brasileiro de equipamentos, em função de obras de infraestrutura, a mecanização da mão de obra e a necessidade da evolução tecnológica do parque industrial brasileiro. Uma das filosofias do meu pai é que “Empresa é gente”, então gente é que faz a empresa dar certo e gente é que faz a empresa também não dar certo. Então um dos principais fatores de sucesso da Tracbel é a nossa equipe.

Como a empresa divide seu trabalho de venda e pós-venda?
Luiz Gonzaga: A área de venda é onde se iniciam os negócios. Mas o relacionamento com o cliente começa mesmo na pré-venda, no trabalho de especificação, da adequação do melhor equipamento ao uso do cliente. Já o pós-venda é o trabalho mais importante porque o cliente que compra um equipamento pesado para construção, mineração, área agrícola ou florestal fica com esse equipamento por cinco, às vezes 10 anos. Então é o pós-venda que garante esse relacionamento com o cliente.

Com tantas marcas, como é feito o treinamento do pós-venda?
Luiz Gustavo: O grande desafio do pós-venda hoje é a mão de obra qualificada. Nós temos uma escola técnica dentro da própria estrutura da empresa, que contrata técnicos recém-formados e os direciona para a sala de aula por aproximadamente 10 meses. Outro desafio é manter esse pessoal atualizado, já que o desenvolvimento tecnológico desses aparelhos é muito rápido. Então a necessidade de reciclagem é muito grande. Essa área de formação é a que recebe os maiores investimentos da empresa.

Como será o processo de sucessão na Tracbel?
Luiz Gonzaga: O Luiz Gustavo começou aqui comigo há 15 anos. Desde então sempre estivemos juntos e não perdemos nenhuma oportunidade de aprendizado. Eu pretendo sair do dia a dia da empresa muito brevemente, nesse fim de ano ou no máximo no princípio do ano que vem, para poder gozar um pouco mais da minha vida. E acredito que isso vai dar certo porque o Luiz Gustavo, e não digo isso porque ele é meu filho, está muito bem preparado e pronto para assumir essa sucessão.

Luiz Gustavo: E é importante dizer que é uma transição bem tranquila, não existe uma data ou um cronograma rígido, muito pelo contrario. A sucessão vai ser feita gradualmente. Nós trabalhamos na mesma sala e essa convivência é muito importante para o meu aprendizado. Eu entrei na Tracbel em 1998 como estagiário na área de Importação e Suprimentos. Fiquei como estagiário durante quatro anos e aos poucos fui passando por todas as áreas da empresa: Marketing, Comunicação, Assistência Técnica, Peças, TI, Maquinas Usadas, RH, Administrativo, Direção de Filiais, Direção de Linhas de Negócio. Em 2005, na linha de aquisições que aconteceram, eu acabei me mudando para São Paulo, como diretor regional, onde eu fiquei por dois anos. No inicio de 2008 eu retornei à matriz como vice-presidente do Grupo e é onde estou até hoje.

Como as crises internacionais afetaram a empresa nesses últimos 10 anos de crescimento?
Luiz Gustavo: Nos últimos anos nós vivemos dois momentos distintos. Em 2009, o que aconteceu foi uma falta de crédito muito forte, que impactou os negócios muito rapidamente. Em compensação, a retomada dos negócios também foi muito rápida. Como a maioria dos nossos projetos é a longo prazo, e com valores altos, não é por causa de uma crise ou outra que são interrompidos. Eles são suspensos por algum período, mas acabam retornando. Já agora o que está ocorrendo é a falta de novos projetos em infraestrutura. Mas o recente anuncio de investimentos em infraestrutura feito pelo Governo Federal era a notícia que todo o nosso seguimento estava esperando. Mas, como se trata de uma industria de bens de capital e não de consumo, este tipo de projeto leva mais tempo para sair do papel.

Fale sobre o Profissionalizar, projeto social desenvolvido pela Tracbel.
Luiz Gonzaga: Esse projeto, que teve como principal idealizado a minha esposa, Mara Cely Rocha Pereira, já formou mais de 400 homens como técnicos em Mecânica. Muito desses jovens são elementos técnicos de grande capacidade, outros são pequenos empresários. O nosso gerente nacional de treinamento atual veio desse projeto. Naquele ano a turma já havia sido fechada e ele não foi escolhido porque, além da prova técnica, um dos critérios é a carência. Ele sentou-se aqui na porta e disse que não saía até ser admitido no projeto. Ele ficou, se formou e foi o primeiro aluno da turma. Depois foi para esse curso técnico nosso e novamente foi o primeiro aluno da turma. Foi para uma prova da Volvo em nível mundial e foi o terceiro em qualificação técnica.