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Novo monovolume da GM, Spin substitui Zafira e Meriva

Versão de sete lugares tem ótima relação custo x benefício e suspensão é confortável, mas o consumo assusta. Confira o teste!

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Foto:

Opiniões divergentes sobre as linhas da carroceria e a grade bipartida com gravata dourada


As linhas do Spin não são exemplo de beleza com a geometria irregular dos vidros, mas estão longe de estrelar filme de terror. A frente ostenta a tradicional grade bipartida com a gravata dourada ao centro. As linhas musculosas estão em alta e depois do sucesso do Renault Duster fica provado que conceito de beleza é mesmo subjetivo. Quando se entra no Spin, percebe-se o bom espaço interno e ares joviais com painel central bicolor e forração em tecido de cor clara, que é pouco aceita no Brasil. Aqui, prefere-se a cor escura por não aparentar sujeira.

BANCOS

Há três fileiras em alturas diferentes para proporcionar prazer no visual da estrada. Dessa maneira, não é preciso esticar pescoço para ver o que se passa lá fora. O acesso aos bancos dianteiros e da primeira fileira é fácil, contrastando com a dificuldade de se chegar à última. Se o Zafira tem o melhor sistema de escamotear os bancos, o Spin segue o estilo Jac J6, em que a última fileira é escamoteada de maneira nada prática: um elástico preço à haste do apoio de cabeça segura o banco. Faltou massa cinzenta ou abertura de bolso suficiente para encontrar solução coerente. Na segunda fileira falta apoio de cabeça e cinto de três pontos para o passageiro do meio. É o único penalizado. Os outros seis ocupantes contam com cintos retráteis de três pontos e apoios de cabeça.

O painel bicolor é agradável aos olhos e o quadro de instrumentos tem o tradicional azul com mostradores digitais, apenas o conta-giros é analógico. A maioria dos comandos está ao alcance das mãos (ver análise ergonômica). Incomodam as teclas na alavanca de marchas para a troca manual. Falta praticidade. A boa visibilidade é ajudada pelos retrovisores bem dimensionados. Com sete ocupantes, a capacidade do porta-malas é insuficiente, mas são cerca de 500 litros com a última fileira escamoteada.

Haste de apoio de cabeças segura banco rebatido

RODANDO

Ao colocar o Spin em movimento, dois aspectos ficam evidentes: o limite do motor, que é apenas suficiente com carga máxima, e a suavidade da suspensão, privilegiando o conforto sem assustar o motorista nas curvas. O abuso nas curvas é desaconselhável por causa da altura do carro. O câmbio automático de seis marchas deveria hesitar menos. Às vezes, demora a mudar a marcha até quando se pisa fundo no acelerador (kick down) em ultrapassagens. Porém, é bem melhor do que os tradicionais de quatro marchas. Parece-me ser apenas questão de calibragem, o que já aconteceu com o Cruze sedã. O diâmetro de giro pequeno facilita as manobras e o Spin vira bem em espaços apertados. Os freios são eficientes.

CONSUMO

Abastecido com gasolina, duas pessoas a bordo e ar-condicionado desligado, o computador registrou de 5km/l a 5,5km/l na cidade e de 10km/l a 12km/l na estrada abastecido com gasolina. Com etanol, a média não passou de 4km/l na cidade e de 9,5km/l na estrada. É muito. Fora a vocação para bebedeira, o Spin vai cair fácil no gosto dos consumidores.

AVALIAÇÃO TÉCNICA

Acabamento da carroceria
A pintura tem vários pontos com impurezas e imperfeições. O capô está descentralizado e desalinhado em relação às bases das colunas A (dianteiras). As quatro portas estão desniveladas. A tampa traseira está descentralizada e levemente desalinhada em relação às lanternas. As portas não têm friso protetor. NEGATIVO

Vão do motor
O resultado da insonorização (somente parte do painel de fogo) é ruim devido ao nível das transferências de ruído de funcionamento do motor em rotação média/alta, causando desconforto auditivo. O acesso à manutenção é bom, e os itens de verificação constante têm fácil identificação e manuseio. REGULAR

Altura do solo
Não houve interferências com o solo, mas por prevenção tem chapa em aço englobando toda a parte inferior do motopropulsor. POSITIVO

Climatização
É por comando manual. Não tem regulagem diferenciada de temperatura para condutor e passageiro nem difusor de ar específico para os ocupantes de trás. No painel, são quatro os difusores, com boa vazão e angulação. Funciona bem, mas o tempo gasto para dar a sensação de conforto no habitáculo, que tem boa área e terceira fileira de bancos, foi maior que o usual, onde se deve manter na velocidade 3/4 da caixa de ar em dias quentes. REGULAR

Freios
O pedal de freio tem boa sensibilidade e o freio de estacionamento atuou normalmente. Apresentou bom comportamento dinâmico com reações balanceadas nos dois eixos e o ABS atuou bem. A desaceleração é positiva pelo espaço percorrido até a imobilização em várias situações. POSITIVO

Câmbio
É automático de seis marchas e no quadro de instrumentos tem display informando a opção de condução selecionada e marcha engatada. Na lateral do pomo da alavanca tem tecla que ativa o modo manual sequencial, com a alavanca na posição M. As relações de marchas proporcionam uma dirigibilidade do tipo familiar razoável, mas as trocas são constantes. Em 3ª, a 60km/h, o motor gira a 3.500rpm e em 6ª, a 110km/h, a 2.500rpm. POSITIVO

Motor
A sua performance é discreta. Rende melhor com etanol no tanque, com ganho significativo de torque. Apresentou bom funcionamento, e proporciona dirigibilidade familiar conservadora. Com cinco adultos e ar-condicionado ligado, a perda na dinâmica é bem sentida. REGULAR

Vedação
Boa contra água e poeira. POSITIVO

Nível interno de ruídos
O habitáculo não é silencioso quando
se trafega sobre piso usual de terra, asfalto malconservado e paralelepípedo. O efeito aerodinâmico inicia-se a 100km/h e é
crescente com a velocidade. NEGATIVO

Suspensão
A estabilidade é boa numa condução normal, com precisão satisfatória em curvas de raios variados e com inclinação moderada da carroceria. Numa condução mais esportiva, tende a alargar a trajetória da curva, onde os pneus homologados têm menor “grip”, além de mais rumorosos em situação de maior carga lateral. O conforto de marcha merece ser revisto, pois não filtra bem as imperfeições do solo, onde a pressão única (vazio ou carregado) de 35 libras nas quatro rodas também merece uma melhor experimentação, mesmo com pneus ecológicos. REGULAR

Direção
Mesmo com o assento do condutor no ponto mais baixo e a coluna de direção na mais alta, a posição de dirigir não é ideal para os de estatura média/alta. O volante tem boa pega e as cargas do sistema assistido estão bem definidas para uso urbano e em rodovias. A precisão na reta e em curvas agrada, assim como a velocidade do efeito-retorno e o diâmetro de giro. REGULAR

Iluminação
Não tem sensor crepuscular. Os faróis de parábola simples têm eficiência normal no baixo/alto e há regulagem elétrica de altura em função da carga transportada. O quadro de instrumentos tem elementos analógicos e digital com fácil leitura. Há luz de cortesia no porta-luvas e no revestimento da tampa traseira. Falta iluminação dos interruptores dos vidros. REGULAR

Estepe/macaco
O estepe é do tipo temporário, com velocidade máxima de 80km/h. Está instalado no fundo do assoalho, abaixo da terceira fileira de bancos. A operação de troca é normal. O conjunto pneu/roda danificado cabe perfeitamente no espaço do assoalho, mas o calço de isopor, que compensa a altura para o nivelamento do assoalho para o estepe de emergência, terá que ir no colo de alguém. NEGATIVO

Limpador de para-brisa
Não tem sensor de chuva. Os esguichos no para-brisa são do tipo spray em V, com boa vazão e abertura, e o esguicho único no vidro traseiro de cima para baixo também é eficiente. O campo de visão no para-brisa e vidro traseiro varrido pelas palhetas, que apresentaram boa qualidade, é razoável. É fácil a reposição da água no reservatório, instalado dentro do vão motor. POSITIVO

Ferramentas

Tem uma chave de fenda combinada com Phillips. POSITIVO

Alarme
A chave de ignição é codificada. A proteção é para as partes móveis, mas não tem a volumétrica. Não tem função um toque em nenhuma porta e ao dar comando para travar as portas, os vidros não sobem automaticamente. REGULAR

Volume do porta-malas
O declarado é 162 litros, o mesmo encontrado com a última fileira na posição normal e sem ultrapassar o campo de visão traseiro e laterais.

Palavra  de Especialista
Daniel Ribeiro Filho


De duas, meia

O Spin não substitui Meriva nem Zafira, pelo conjunto, comportamento dinâmico e soluções de engenharia. É um produto bem inferior. Acho curioso a GM aprovar o estilo desse veículo. Nos últimos lançamentos, acertaram a mão na família Cruze, Captiva, S10 e Sonic. O Spin utiliza o antigo motor 1.8 Econoflex (108cv com etanol e 17,1kgfm) com melhorias, sendo o Meriva 1.8 (114cv e 17,7kgfm). A habitabilidade no Meriva é superior, apesar de entre-eixos semelhantes, e do Zafira, mesmo com sete lugares, é bem melhor, e com opção de levar seis pessoas e sobrar ótimo espaço para bagagem, pois na terceira fileira os bancos são individuais, escamoteáveis, um projeto inteligente e sem economia. O estepe de emergência não é prático e não funciona no Brasil. Economizaram também nos para-sóis sem espelho e iluminação, materiais plásticos e tecidos dos bancos. No conjunto mecânico, o único ponto positivo em relação a Zafira/Meriva é o câmbio automático de seis marchas.

Aerofólio está embutido na tampa traseira e lanternas têm bom tamanho




FICHA TÉCNICA


» MOTOR
Dianteiro, transversal, quatro cilindros em linha, 8 válvulas, 1.796cm³ de cilindrada, que desenvolve potências máximas de 106cv (gasolina) a 5.600rpm e 108cv (etanol) a 5.400rpm e torques máximos de 16,4kgfm (g) e 17,1kgfm (e) a 3.200rpm

» TRANSMISSÃO
Tração dianteira, com câmbio automático de seis marchas

» SUSPENSÃO/RODAS/PNEUS
Dianteira, independente, tipo McPherson, com barra estabilizadora; e traseira, eixo de torção / 6 x 16 polegadas (liga leve) / 195/65 R15

» DIREÇÃO
Do tipo pinhão e cremalheira, com assistência hidráulica

» FREIOS
A discos ventilados na frente e discos sólidos na traseira, com ABS e controle eletrônico de frenagem (EBD)

» TANQUE
68 litros

 

EQUIPAMENTOS

» DE SÉRIE
Conforto/conveniência: Vidros, travas e retrovisores elétricos, limpador traseiro, banco do motorista com ajuste de altura, banco da terceira fileira rebatível, travamento automático das portas, sensor de estacionamento traseiro, porta-copos, volante multifunção com regulagem de altura, direção hidráulica, ar-condicionado, CD Player com entrada USB.

» Segurança
Faróis com regulagem elétrica de altura, faróis de neblina, terceira luz de freio (brake light), retrovisor interno antiofuscante, luz de seta auxiliar, lanterna de neblina traseira, airbag duplo, cintos de segurança dianteiros de três pontos, trava central das portas, alarme antifurto e freio ABS com EBD.
 
» Aparência
Barras laterais no teto, volante revestido em couro, revestimento dos bancos em tecido, rodas de liga leve

» OPCIONAIS
Transmissão automática de seis velocidades e controle
automático de velocidade.

» Quanto custa?
O Spin LTZ tem preço sugerido de R$ 50.990 e com todos s opcionais R$ 54.690. O monovolume é vendido também na versão LT a partir de R$ 44.590.

 

» Notas (0 a 10)

Desempenho: 6
Espaço interno: 8
Porta-malas: 8
Suspensão/direção: 8
Conforto/ergonomia: 7
Itens de série/opcionais: 8
Segurança: 8
Estilo: 6
Consumo: 5
Tecnologia: 7
Acabamento: 7
Custoxbenefício: 9