O enigma gerou palpites de todos na redação. A única pista da charada era a inconfidente distância entre-eixos de 2,70 metros. Poderia ser um novo sedã emergente, um primo mais espigado do projeto HB (ver matéria na última página). Ou seria tudo uma investida da matriz sul-coreana, que juntaria os impérios desunidos de Hyundai e Kia também no Brasil, cumprindo uma profecia até então não revelada? Que nada! Bastaram duas ou três ligações e e-mails do nosso caçador de segredos, Marlos Ney Vidal, para chegar ao nome do suspeito mascarado. Esse ilustre desconhecido é o novo Kia Cerato, que já está sendo visto disfarçado também na Europa, mas que ainda não tinha dado o ar da graça no Brasil. Bem que a grade frontal em forma de boca de tigre já dava pistas de seus contornos. Uma vez feita a identificação, apelamos para o talento do designer João Kleber Amaral, que em menos de 24 horas traçou o fiel retrato falado bem antes do lançamento, programado para setembro, no Salão de Paris.
Vamos à ficha do enquadrado. Se o Cerato atual fica posicionado entre os sedãs médios de acesso, um pouco menor que alguns concorrentes mais parrudos, o novo vai dar uma encorpada. Lembra-se da distância entre-eixos? Ela é o que garante o espaço mais para médio-grande. Com isso, o Cerato pula uma categoria. Não por acaso, a gama inteira da Kia está tomando fermento. O Kia Rio sedã, eterna promessa para o mercado brasileiro, é que vai fazer o meio de campo entre os compactos e médios. Além de maior espaço, a plataforma compartilhada com os novos Hyundai i30 e Kia Cee’d, só que cinco centímetros maior, vai incorporar alguns avanços técnicos, exemplo da suspensão traseira multilink em substituição ao atual eixo de torção. Os motores a gasolina devem ser da linha Gamma, com destaque para o 1.6 GDI de injeção direta e 130cv, porém versões mais apimentadas podem contar com turbo para um empurrão extra. O interior também promete trazer do Cee’d o painel envolvente ao estilo do irmão maior Optima.
ESTILO
A nova geração de modelos Kia não consegue esconder o toque do alemão Peter Schreyer, que deixou a área de estilo da Audi para assumir a da coreana. Esse novo Cerato, principalmente visto de traseira, dá até para confundir com o A4. O Cerato mantém o bocão, mas investe também em um olhar mais agressivo, com faróis encimados por fileiras de LEDs. O perfil é cortado por um vinco que vai dos para-lamas até a traseira. A linha dos vidros é ascendente, o que diminui a área envidraçada, ainda que o modelo conte com a janelinha espia antes dos retrovisores. O terceiro volume é harmonioso, alto e com lanternas que são delineadas por um vinco que vai aos para-choques. Um jeitinho esportivo, ainda tímido, mas que perdeu a vergonha nas projeções.