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Novo Ka 2019 por R$ 72 mil vale a pena?

Ford Ka chega aos 21 anos revigorado. No facelift de meio de geração, a montadora apresenta duas versões, um motor e uma transmissão novos. Mas o preço final assusta!

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Novo Ka 2019: vale a pena?
Leilão acontecerá no dia 17 de novembro Fotos: RM Sotheby’s/Divulgação

Gramado (RS) — Segundo o Código Civil (CC) brasileiro, quando uma pessoa alcança a maioridade, ele pode “viver” por conta própria, podendo realizar atos que antes só poderiam ser feitos com, ou pelo, suporte dos responsáveis legais, geralmente os pais. Pelo CC de 1916, para poder ter plenos poderes sobre si mesmo, era necessário ter 21 anos. O Código foi alterado e renovado em 2002, quando a idade civil passou a ser a mesma da penal (prevista na Constituição de 1988), de 18 anos.

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Cinco anos antes da reformulação do CC, a Ford revolucionou o mercado ao apresentar um modelo compacto diferente de tudo que a indústria estava acostumada. Em 1997 nascia o Ka. O modelo diminuto causou um verdadeiro alvoroço. Na época, as principais reações foram de ame ou odeie, principalmente por causa do design nada comum. No entanto, o tempo passou e o carrinho continua firme e forte. Em 2014 ganhou uma nova geração (a terceira e atual). Desenvolvido no Brasil, ele é vendido em mais de 125 países mundo afora.

Aos 21 anos, o pequeno chega a maioridade (de acordo com o CC da época de seu lançamento). Nas mais de duas décadas, as evoluções foram grandes, mas a maior delas veio agora. Para a linha 2019 — o facelift de meio de vida da geração —, a Ford preparou duas novas versões, um novo motor e, pela primeira vez na história do Ka, um câmbio automático. Agora são cinco opções em duas carrocerias, permitindo 19 configurações diferentes, os preços seguem a tendência salgada do mercado, partindo de R$ 45.490 e chegando a surreais R$ 70.990.


Moda à europeia

Mesmo com o desenvolvimento feito no Brasil, o Ka é, hoje, um produto global. Com isso, ele tende a atender diversos públicos diferentes. Na parte do design, as mudanças foram importantes mas não profundas. As principais alterações ficaram pela grade em formato trapezoidal, identidade da marca, e pelo conjunto óptico. A posição das luzes de apoio ganharam um acabamento em “C”. Os vincos do capô e os para-choques lembra o estilo do Fiesta.

Um detalhe interessante é que, dependendo da versão e da carroceria, a grade dianteira muda. Ela é em estilo colmeia no hatch e quatro barras no sedã. O acabamento pode ser cromado, em pintura cinza ou preta ou ainda no formato de diamantes em prata. No interior, as mudanças foram poucas. A principal alteração é a inclusão da tela na central multimídia a partir das versões SE Plus e da cabine toda em preto, exceto na Freestyle, que é bicolor. Além disso, os bancos contam com novos desenhos.


O acabamento interno do Ka é bom, melhor até que do EcoSport. Todos os encaixes são feitos de forma correta, sem qualquer tipo de rebarba. No entanto, a Ford peca pela utilização maciça de plástico duro, tanto nas portas quanto no painel e console central. As versões topo de linha até contam com banco em couro. O espaço é correspondente à categoria, bom para quatro adultos, apertado para cinco.

Coração novo


Apesar de ser um facelift, a linha 2019 do Ka é repleta de novidades. As principais estão no conjunto mecânico, com a nova transmissão automática de seis velocidades e o motor 1.5 de três cilindros de 136 cavalos, mesmos equipamentos das versões de entrada do EcoSport. Ele ainda tem 16,1kgfm de torque. As outras opções permanecem as mesmas, o 1.0 de 85 cavalos e 10,7kgfm e o câmbio manual de cinco marchas. Direção elétrica de série completa o conjunto.

Durante o lançamento da linha em Gramado, na Serra Gaúcha, o Veículos testou o Ka Sedan, na sua versão topo de linha, a Titanium e o hatch na intermediária SE, as duas com o motor 1.5 e a transmissão automática. Rodamos cerca de 50 quilômetros — em cada um — em trechos sinuosos e de cidade da região. Aqui um ponto, no mínimo, curioso, o hatchback se comportou muito melhor do que o três volumes, principalmente nas retomadas e nas ultrapassagens. Nos momentos que foram necessários utilizar mais força.

O ponto de interrogação no sedã é a resposta do câmbio, que conta com um delay, clássico de transmissões automáticas, mas, mesmo assim, mais lento do que deveria. No modo sport, ele fica mais esperto com o motor trabalhando em rotações mais altas e acaba funcionando de maneira mais precisa. Mas, consequentemente, o ruído do propulsor também aumenta. Os dois modelos se mostraram confortáveis, principalmente o três volumes, mesmo em trajetos com desníveis na pista. E é na cidade que o está o grande trunfo do modelo. O câmbio trabalha de forma exemplar, sem trancos, o que melhora a vida a bordo, principalmente do motorista.

As - muitas - versões

Agora, o Ka conta com um — quase infinito — número de versões. São seis opções, em duas carrocerias, dois motores e dois câmbios diferentes, o que totaliza 19 configurações possíveis, isso sem falar nas cores (que são cinco). O hatch conta com S, SE, SE Plus, Freestyle e Titanium. O sedã não tem a aventureira nem a mais básica, mas acrescenta a SEL. O motor 1.0 está disponível na S, SE e SE Plus. O 1.5, com exceção da S, equipa todas. A transmissão automática pode ser adquirida em todas as com propulsor 1.5.

A S, apenas no hatch, parte de R$ 45.490 e conta com itens básicos, como ar-condicionado, vidros dianteiros, travas e direção elétrica, banco do motorista com ajuste de altura e traseiro bipartido e Isofix, a novidade fica pelo computador de bordo. A SE 1.0 (R$ 45.990 hatch e R$ 49.490), acrescenta rádio com bluetooth. Já a SE Plus 1.0 (R$ 48.490 e R$ 51.990) ganha Sync 3 com tela de 6,5 polegadas, duas entradas USB, vidro traseiro e retrovisor elétricos, sensor de estacionamento e faróis de neblina.

A SE com motor 1.5 (R$ 51.990 hatch e R$ 55.490) é idêntica em equipamentos da com motor 1.0. A diferença fica pela transmissão, que pode ser automática e também vem com cruise control, com um acréscimo de R$ 4.500 em cada uma. A opção topo de linha das duas carrocerias é a Titanium (R$ 68.990 hatch e R$ 70.990 sedã), apenas com câmbio automático. Ela acrescenta quatro airbags, bancos em couro, controle de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, rodas de liga leve de 15 polegadas, câmera de ré e partida por botão.

O hatch e o sedã contam com opções exclusivas. No três volumes é a SEL (R$ 65.990), que é praticamente igual a Titanium, mas com transmissão manual. As outras diferenças ficam pelos bancos, que são só parcialmente em couro, e na partida pela chave normal. No hatchback, a configuração exclusiva é a Freestyle. Pegando o nome emprestado do EcoSport, ela é a opção aventureira do Ka, podendo ser manual (R$ 63.490) e automática (R$ 67.990). Ele conta com suspensão reforçada, rack de teto, controle de tração e estabilidade, seis airbags, rodas de liga leve de 15 polegadas e é um pouco mais elevado em relação com ao solo.

Mesmo com essa quantidade grande de equipamentos, o Ka ainda deixa a desejar, principalmente pelo preço pedido. Para se ter uma ideia, o modelo não conta com luz de circulação diurna, nem faróis automáticos (aqueles que ligam e desligam junto com o motor), às topo de linha não contam com chave por presença, apenas a partida por botão. Falta um velocímetro digital. Ele não tem, sequer, luz no quebra-sol do passageiro.

Pontos altos


:) - Opções variadas
:) - Novos motores e câmbios
:) - Espaço interno

Pontos baixos


:( - Preços das versões topo de linha
:( - Itens de segurança, presentes apenas nas topos de linha
:( - lista de equipamentos das versões de entrada

A visão do Vrum

É muito importante para indústria a automatização dos câmbios, pois o público só tem a ganhar com isso. A Ford demorou um pouco para apresentar uma variação da transmissão manual para o Ka, mas, pelo menos, não investiu na automatizada de embreagem simples, adotou logo a automática de seis velocidades. A nova linha do Ka peca pelo alto preço pedido nas versões topo de linha e pela simplicidade das configurações de entrada. As intermediárias tendem a ser as melhores pedidas.

*O repórter viajou a convite da Ford

FICHA TÉCNICA

Motores: 1.0 e 1.5

Potência máxima: 85/80cv a 6.300rpm e 136/128cv a 6.500rpm

Torque máximo: 10,7/10,1kgfm a 4.500rpm e 16,1/15,6kgfm a 3.000rpm

Direção: elétrica

Combustível: etanol/gasolina

Transmissão: manual de 5 ou automática de 6 velocidades

Peso: entre 1.033 e 1.135kg

Porta-malas: 258 (h) e 445 (s) litros

Suspensão: independente na dianteira e eixo de torção na traseira

Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira

Tamanho (A x L x C x EE):  1.525 x 1.911 x 3.941 (h) 4.275 (s) x 2.490mm

Preço: entre R$ 45.490 e R$ 70.990