Tudo (e nada!) ao mesmo tempo agora. A Volkswagen lançou a Space Cross, versão aventureira da perua SpaceFox. Durante a apresentação, profissionais de marketing e design da marca se atrapalharam tentando definir o segmento do modelo, afirmando que não se trata de uma perua, não é uma van, mas ao mesmo tempo é tudo isso. Chegaram a falar que poderia até mesmo ser um utilitário-esportivo. Ao exibir as características da versão, também se afirmou que o veículo era um esportivo aventureiro.
O resultado disso é que a Space Cross não é nem uma coisa nem outra, estando mais para uma mistura estranha. Fato é que, como o test drive no trecho de terra foi abortado em função de uma chuva, convenhamos que a própria Volkswagen não acredita no desempenho do seu aventureiro. Talvez o próprio discurso de lançamento revele a verdadeira vocação do carrinho, posicionado pela própria marca na “faixa dos emocionais”, que deve estar apto a desbravar a selva de pedra.
ESTRANHO O ganho da suspensão de 33 milímetros no eixo dianteiro e 35 no traseiro deverá mesmo ser usado para vencer desafios como rampas angulosas de garagem, quebra-molas, tampas de bueiro desniveladas e a buraqueira que toda cidade tem. Elementos esportivos como faróis e lanternas com lente escurecida, faróis auxiliares (neblina e longo alcance), grade inferior estilo colmeia, pedaleira com acabamento em alumínio, defletor traseiro e pneu de perfil baixo (205/55 R15) se misturam com os já tradicionais apliques plásticos que emolduram as caixas de roda, para-choques e laterais, esse remetendo ao universo do fora de estrada. Além do aspecto estético, pneus de uso misto e bloqueio de diferencial (disponíveis na concorrência), poderiam honrar o termo “cross”.
O QUE MUDOU Com conjunto mecânico idêntico, o já conhecido motor 1.6, os acertos ficaram por conta da elevação da suspensão. A mudança exigiu alteração na geometria e calibração, além do aumento das bitolas em 33 milímetros no eixo dianteiro e 23 no traseiro. O resultado alcançado foi uma boa relação entre conforto e estabilidade. Para melhorar a frenagem, os freios dianteiros receberam discos maiores.
Outro predicado do modelo é a posição para dirigir, mais alta e com bancos confortáveis. Entre os itens de série, destaque para o ar-condicionado, direção hidráulica, airbag duplo, freios ABS, retrovisor interno eletrocrômico, retrovisor esquerdo com função tilt down (que fica virado para o piso quando se engata a marcha a ré), acendimento automático dos faróis, sensores de chuva e estacionamento traseiro.
SALGADO Apesar de se vangloriar de seu pacote tecnológico, em comparação aos concorrentes o Space Cross é caro. O preço sugerido é de R$ 57.990, que sobe para R$ 60.690 com o câmbio automatizado I-Motion. Mesmo com a indecisão sobre qual é o segmento do Space Cross (e SpaceFox), o preço do modelo é salgado. Classificada como perua, a rival Fiat Palio Adventure 1.8 com um pacote semelhante custa R$ 56.661. Já a Peugeot 207 SW Escapade 1.6, R$ 51.790.
Se os Space Cross for classificado como monovolume, o Citroën AirCross Exclusive 1.6 é mais caro, R$ 63.400, mas o Fiat Idea Adventure 1.8 com o mesmo nível de equipamentos custa R$ 57.408. Também indeciso entre perua e movolume, a Nissan Livina X-Gear 1.6 custa R$ 53.290. Na Argentina, de onde vem sem taxas de importação, o modelo (denominado Cross Suran) custa 95.990 pesos, correspondente a R$ 37 mil. A Volkswagen espera vender mil unidades mensais dessa versão, com mix de venda entre 20% e 25%.
(*) Jornalista viajou a convite da Volkswagen.