UAI

Motoboys em greve nacional: saiba até quando e entenda a polêmica

Paralisação acontece após falta de acordo dos profissionais com o governo e as plataformas

Publicidade
Greve deve durar até domingo (01/10)
Greve deve durar até domingo (01/10) Foto: Greve deve durar até domingo (01/10)

Há alguns meses, entregadores de aplicativo – mais conhecidos como motoboys – têm vivido um debate com o governo e representantes das plataformas (iFood, Rappi, Zé Delivery e outros) em prol da elaboração de uma proposta de regulamentação do serviço que prestam. Com a dificuldade de chegada em um acordo que garanta melhores salários e condições de trabalho, os entregadores optaram, então, por entrar em greve nesta sexta-feira (29).

Ao que tudo indica, a paralisação se estenderá por três dias. Ou seja, se você é daqueles que curte relaxar e pedir um delivery aos finais de semana, se prepare para, possivelmente, ficar sem o queridinho iFood.

Os sindicatos dos motoboys confirmaram a greve, ao menos, nos seguintes estados: AM, DF, ES, MG, PB, PE, RJ, RS, SC e SP. Além disso, os organizadores também buscam convencer os clientes a boicotar os apps, deixando de fazer pedidos durante o período.

Vale lembrar que os aplicativos de transporte, como Uber e 99 também estão envolvidos em discussões com o governo e sindicados. Neste caso, regulamentações de remuneração e melhores condições de trabalho também estão sendo reivindicadas pelos motoristas de aplicativo.

O que está em discussão na pauta dos motoboys?

As reivindicações dos motoboys englobam a definição de uma taxa fixa mínima paga pela plataforma e melhores condições de trabalho. No caso destas últimas, a luta seria, principalmente, por mais segurança, já que os motociclistas, muitas vezes, precisam se arriscar durante as viagens, acelerando para realizar a entrega o mais rápido possível.

Para articular o debate, o governo federal criou um Grupo de Trabalho (GT), o qual tem as negociações empacadas – o que acabou se tornando o estopim para o início da greve.

Os representantes dos entregadores que integram o GT reivindicam que empresas paguem uma tarifa mínima de R$ 35,76 por hora de trabalho. Por outro lado, o governo em conjunto com a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), entidade que representa iFood, Uber e 99 e outras companhias, tenta negociar um valor mínimo de R$ 17 por hora efetivamente trabalhada.

Somente pela Amobitec, a última oferta realizada foi de R$ 12 por hora trabalhada pelos motoboys, sob a justificativa de que o valor representa 200% do salário mínimo.

Vale lembrar que, atualmente, o pagamento realizado para os motoboys varia de aplicativo para aplicativo – ou seja, não há uma regulamentação padrão, o que acaba deixando os profissionais, muitas vezes, ao sabor das imposições da própria empresa.

No caso do iFood, por exemplo, o sistema de remuneração envolve dois modelos: no primeiro, o pagamento dos motoboys fica por conta do estabelecimento do pedido; no segundo, os profissionais recebem conforme a rota percorrida entre o restaurante e o cliente. Neste modelo, três critérios são considerados:

  • O valor mínimo pago por quilometragem percorrida aos motoristas é de R$ 1,50. Ou seja, em uma viagem de 10 quilômetros, o motoboy recebe no mínimo R$ 15.
  • Além disso, há um mínimo R$ 6,50 por entrega. Caso a soma da coleta, entrega e distância fique abaixo desse valor, o iFood paga a diferença.
  • E quando a taxa de entrega é gratuita aos clientes, o aplicativo estipula qual seria o valor de acordo com os critérios acima e remunera o motoboy, sem cobrar do cliente.