Não são muitos, mas tem motorista que bate no peito e garante que consegue, mesmo em uma situação de risco, controlar no pedal de freio o travamento das rodas. Reza a lenda que, bombeando o pedal do meio, seria possível emular o efeito de um ABS, evitando que as rodas travem e todas as suas consequências. Posto isso, decidimos ir a campo para testar esse mito. O Mega Space gentilmente cedeu sua pista por uma manhã, enquanto a Fiat emprestou um carro do programa Direção Segura, equipado com uma chave que liga e desliga o ABS. Vale ressaltar que os testes realizados foram puramente práticos, diferenciando-se daqueles em laboratório.
NA HORA DO VAMOS VER
1º TESTE: DISTÂNCIA DE FRENAGEM
Como não deixa as rodas travarem, com ABS o carro não “patina” e a distância de frenagem é menor (foto acima). Então, comparamos essa distância de frenagem em três situações: com o ABS ligado e afundando o pé no freio; com ele desligado e também freando forte; por fim, com o sistema desligado e bombeando o pedal de freio. Na média de frenagens, feitas a 60km/h, logicamente com freio ABS a distância foi bem menor, 7,20m. Sem o sistema, a média subiu para 9,80m. Já com o ABS desligado e usando a técnica de bombear o freio (foto abaixo), a média foi superior, a 9,90m. Foram feitas tentativas bombeando o pedal em velocidades diferentes, mas sem uniformidade de resultados; bombeando rápido e, em seguida, devagar, mas sem comportamento padrão.
2º TESTE: NO CONTROLE
Talvez seja a principal vantagem do ABS. Como as rodas continuam em movimento, o motorista mantém o controle da direção do veículo por meio do volante. Com isso, ele pode desviar-se de um obstáculo enquanto diminui a velocidade. O resultado está nas fotos. Com ABS, motorista no controle (foto acima). Sem ABS, sem controle (foto abaixo). Tentando bombear, sem controle também, além da maior distância de frenagem.
O que nos interessa
Sem ABS, não dá!
Mais do que colocar o mito à prova, esse tipo de teste demonstra, mais uma vez, a importância em se investir em equipamentos de segurança, além de aprender a usá-los. Quanto mais o motorista tem contato com equipamentos de segurança, mais tende a valorizá-los e a priorizá-los ao comprar um carro.
PALAVRA DE ESPECIALISTA:
Fator humano
Ricardo Dilser - analista técnico da Fiat
“O teste realizado pelo Estado de Minas não foi surpresa. Para evitar o travamento das rodas, o sistema ABS libera a potência de frenagem e a retoma em milésimos de segundos. Sabemos que em nenhuma situação conseguimos simular o sistema antibloqueio dos freios, derrubando o mito de que "bombear" o pedal de freios possa ser uma alternativa. Fiquei surpreso, contudo, com a grande diferença de espaço de frenagem entre as situações simuladas. Além disso, há o fator humano. Pilotos de competição, por mais treinados que sejam, no risco iminente de um acidente, bloqueiam os freios. Trata-se de nosso instinto de sobrevivência: controlamos os freios, desde que o risco seja administrável”.