De Piracicaba, SP - A Copa SAE Petrobras Baja chegou à maioridade da 18ª edição com jeitinho de Libertadores da América. Não faltam os campeonatos regionais, enquanto a copa realizada pela Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE) serve desde 1995 como ingresso para a final mundial nos Estados Unidos. As equipes contam com torcidas organizadas e gritos de guerra, tudo para compor aquele clima de final. Esse era o astral de estádio que tomou conta da copa realizada entre os dias 22 e 25, no Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA), instalado na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo. Ali, sob sol tórrido e poucas nuvens, escavadeiras criaram a pista calculadamente, embutindo obstáculos para o enduro de quatro horas, que fechou as provas no domingo. Dificuldades apimentadas com a ajuda de um caminhão pipa, em uma série de desafios que fazem o vestibular parecer fichinha para os futuros projetistas.
Como bom campeonato, a Copa começou com grande número de participantes: 62 equipes de 15 estados. As equipes contam com estudantes de engenharia (de várias especializações) e um professor, mas não podem ultrapassar o número de 20 alunos. Os times vêm de todos os cantos e se instalam em chácaras, hotéis ou, até mesmo, no camping do Esporte Clube. A equipe que veio de mais longe foi a do Instituto Federal do Piauí. Ali todos se revezam para não perder o horário, já que cada uma tem janela de horário para cumprir determinada prova, que inclui testes de apresentação, suspensão, conforto e tração, entre outros. Ou seja, passou? Já era! Tudo para ensinar prazos estreitos. A semelhança com o futebol chega aos olheiros: entre os organizadores, a maioria esmagadora são ex-bajeiros e trabalham na indústria. Fabricantes como a Fiat faziam cadastros de estudantes na prova.
CARRINHOS Futuros talentos que aprendem fazendo. Os carrinhos são protótipos de estrutura tubular em aço para apenas um passageiro. As limitações são poucas: são carrinhos de quatro ou mais rodas capazes de levar um adulto de até 1,90m de altura e pesando até 113kg. O motor padrão de 300cm³ tem 10cv. Todo o resto pode mudar: suspensão, transmissão, freios e chassis. As equipes ainda têm que correr atrás de patrocínios e rateios de despesas, o que sempre exige criatividade, com orçamentos nem sempre favoráveis, quase que a realidade da indústria. Claro que tem espaço para tecnologias como telemetria (que envia os dados ao box), GPS, e soluções sofisticadas, como suspensões traseiras multilink.
Ou seja, há espaço para inovação, ainda que as mais ricas larguem na frente – no que lembra também as escuderias de Fórmula 1 –, já que alguns protótipos custam cerca de R$ 20 mil. Desta vez, o heptacampeão Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI), de São Bernardo do Campo, não foi tão bem, perdendo para outra barbada, a equipe Poli Ciser Magnus da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). A USP tinha ficado em terceiro e quarto lugares no ano passado, atrás das equipes da FEI. Já o segundo foi a Mangue Baja 1 da Universidade Federal de Pernambuco, que venceu o enduro. A outra equipe da USP, Poli Ciser Fênix, ficou em terceiro, seguida da Escola de Engenharia de São Carlos, também da USP, enquanto a Mangue Baja 2 da UFPE manteve a quinta colocação de 2011. As três participarão do mundial Baja SAE Kansas, nos Estados Unidos, entre 26 e 29 de maio. O Brasil já ganhou quatro vezes o mundial, com direito ao triunfo de um azarão: a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que levou o troféu em 1998. A UFMG marcou o sexto lugar, logo à frente da equipe FEI 1, a mais bem colocada entre as mineiras, sendo que o Cefet-MG ficou em 15º lugar, a primeira equipe da Universidade Federal de São João del-Rei em 25º e o segundo time em 36º, a Federal de Viçosa em 26º e a de Itajubá em 39º.
HUMOR Com mais de 1.400 estudantes, a competição guarda o bom humor estudantil, que está estampado já nos nomes. A equipe da Universidade Federal de São João del-Rei é chamada de Komiketo, enquanto a Universidade Federal da Bahia levou o Carpoeira, e a Universidade Federal de Santa Maria homenageia os gaúchos no nome Bombaja. A fauna também garante seu espaço em nomes como Bajacaré da Universidade Federal de Mato Grosso e o Car-Kará da Federal do Rio Grande do Norte. Sem falar na cultura popular. o pessoal da Universidade Federal de Pernambuco levou dois modelos a caráter, um homenageando Luiz Gonzaga no ano de seu centenário, enquanto o outro trouxe as cores do estado.