A necessidade de otimizar o tempo no trabalho e estar em várias cidades no mesmo dia fez o engenheiro mecânico Ronaldo Santiago Silveira pensar em comprar um avião para visitar seus clientes mais rapidamente. Inicialmente, a ideia dele era se matricular em um curso de aviação, comprar um monomotor e ele mesmo pilotar a aeronave. “Mas, no meio do curso, percebi que não seria viável ir pilotando para o trabalho e contratar um piloto aumentaria muito os custos. E quando constatei isso, já estava apaixonado pela aviação”, conta o engenheiro, que desistiu de comprar o avião para construir sua própria aeronave.
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O projeto foi comprado de uma empresa americana e Ronaldo construiu peça por peça, nos fundos de sua casa, em Contagem, na Grande-BH. A montagem do avião experimental, modelo Zodiac, começou há seis anos e até hoje o engenheiro faz ajustes para aperfeiçoar o equipamento.
CONSTRUÇÃO
O engenheiro fez questão de registrar cada passo da evolução na execução do projeto. Algumas peças são de automóveis, como o marcador de rotações do motor. Os flaps, responsáveis por dar sustentação ao avião em pousos e decolagens, são acionados por uma máquina de vidro elétrico de carro, assim como os ailerons, que direcionam a aeronave.
O projeto inicial previa um motor Volkswagen 2.0 de 116cv, o mesmo usado no Golf e Santana, mas o bloco seria muito pesado para a aeronave decolar e Ronaldo substituiu por um Rotax de 100hp, próprio para aviões.
Com o conjunto mais leve, o Zodíac estava pronto para decolar, mas antes de realizar testes com o novo 'brinquedo', o engenheiro levou o avião ao aeroporto de Divinópolis, onde fez voos rasantes sobre a pista, apenas para conhecimento dos sistemas operacionais.
Após conseguir o registro PU-RST, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Ronaldo passou a se aventurar fora do 'espaço aéreo mineiro'. Com autonomia para voar até sete horas, o Zodíaco pode ir de Belo Horizonte a Recife, sem escalas, mas o piloto com experiência de 230 horas/voo, ainda não explorou a autonomia total do avião, mas já foi de férias para Guarapari (ES) e Porto Seguro (BA) pilotando. Por voar baixo (teto máximo de 14.500 pés, ou 5 mil metros de altura), não há necessidade da cabine ser pressurizada.
Ele decola de uma pista gramada de 450 metros de comprimento de um aeroclube que fica dentro de um condomínio residencial de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A área já é um desafio pelas dificuldades de aproximação e de decolagem, pois nas duas cabeceiras há montanhas que além de serem obstáculos físicos, favorecem a formação de turbulência. “Considero essa pista uma das mais perigosas do Brasil por causa das condições de aproximação nessa altitude de 4.400 pés”, comenta.
FUTURO
Ronaldo diz que no próximo ano irá fazer uma viagem mais longa com o avião experimental, até Buenos Aires, fazendo escalas nas três capitais do Sul do país. O passo seguinte será em 2014, quando ele planeja uma viagem a Miami, nos Estados Unidos, fazendo escala nas capitais nordestinas e nas diversas ilhas do Caribe, até chegar na cidade da Flórida.