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Mercedes-Benz C 320 CDI - Quem vibra é o motorista

Metade dos automóveis vendidos na Europa é a diesel. Rodamos uma semana na Alemanha e descobrimos a razão do sucesso

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Ruído de funcionamento de motor a óleo, quase imperceptível, muitas vezes confunde com o do propulsor a gasolina, por causa da suavidade

De Bad Mergentheim, Alemanha - Numa inteligente jogada de marketing, a Alemanha criou a Estrada Romântica (Romantische Strasse) no sul do país. Ela começa em Wurzburg, passa por quase 30 lindas e antigas cidadezinhas medievais (Bad Mergentheim, Rothenburg, Nordlingen, Donauworth e Schwangau, entre elas) e acaba em Fussen, quase na Áustria.

Nada de grandes cidades nem autobahnen (auto-estradas): só estradinhas pequenas, estreitas, sinuosas, permeando campos e rios e, naturalmente, muito bem asfaltadas.

Ideais para experimentar a Mercedes C 320 CDI. Trata-se da nova Classe C com motor 3.0 litros (nem a fábrica explica por que a denominação 320 para um motor 3.0?) mas o DI quer dizer que é diesel e tem injeção (direta) e, de troco, um turbo.

Muita gente no Brasil ainda torce o nariz para o automóvel a diesel, lembrando das antigas Mercedes importadas há quatro ou cinco décadas ou mesmo de picapes nacionais equipadas com esses motores que são extremamente barulhentos, fumacentos e vibram tanto que costumam deixar as mãos formigando depois de uma longa viagem.

As picapes mais modernas movidas a diesel já evoluíram muito, são mais silenciosas e trepidam muito menos, além de oferecer desempenho razoável graças aos motores turbinados.

Volante de quatro raios tem vários comandos, como os do rádio. Motor de seis cilindros com potência de 224 hp e torque de 52 kgfm. Logotipo indica motorização a diesel e injeção. No modelo da década de 50, o que vibrava era o motor


Outra história
Mas alguns dos modernos automóveis a diesel europeus são outra história. Tão silenciosos, equilibrados e com desempenho tão extraordinário que muita gente (mesmo quem é chegado ao assunto) é capaz de entrar no carro, ligar, dirigir e não perceber que se trata de um diesel. Aliás, conta o gerente de uma locadora européia que, quando um brasileiro liga da estrada dizendo que o carro alugado pifou, ele já manda alguém com uns 20 litros de diesel e ferramentas para esvaziar o tanque cheio de gasolina? A Mercedes C 320 CDI, por exemplo, tem impecável motor V6 de 224 hp e caixa manual de seis marchas. Fosse a 280 (3.0 V6 a gasolina), a potência seria próxima, com 231 hp. Mas o torque, ahhh? o torque: o diesel tem 52 kgfm, contra apenas 30,6 kgfm, da gasolina. Vinte e dois quilos a mais de torque numa ultrapassagem ou numa saída de curva fazem toda a diferença.

Alguém sempre diz: "Mas tem baixa rotação e custa a arrancar, pois é mais pesado." Nem tanto: até 100 km/h é quase o mesmo, pois o motor a diesel faz em 7,7 segundos e o movido a gasolina em 7,5 segundos.

Além de acelerar, a suspensão é de braços múltiplos na dianteira e traseira e o carro nem dá pelota para as curvinhas da Romantische Strasse. Tem sistema antimergulho e antilevantamento, amortecedores a gás e outros babados. Transmite uma sensação de segurança com os freios (ABS + BAS) a disco (ventilados) nas quatro rodas, e mais todos os sistemas de segurança ativa, como ASR, ESP e outros coerentes com o menor sedã da linha Mercedes.

Saiu da estradinha e pegou um bom trecho de auto-estrada? Pode conferir: só não passa de 250 km/h porque a velocidade é limitada eletronicamente?
E, depois de rodar quase mil quilômetros numa semana, o consumo médio foi de apenas 14 km/l.

Deu para entender por que o europeu está aderindo ao carro a diesel?

PROIBIDO NO BRASIL
O governo brasileiro decidiu não cobrar impostos do diesel para baratear o transporte de carga e de passageiros (caminhões e ônibus). Outros veículos com motores a diesel são picapes que carregam mais de 1 mil kg, microônibus que levam 11 passageiros ou jipes e utilitários-esportivos.

A limitação é porque, ao refinar o petróleo, sobra gasolina (que é exportada) e falta diesel (que é importado). Então, tão cedo o governo não vai permitir a comercialização de automóveis a diesel no Brasil. Quem sabe o biodiesel, um dia, reverta a situação?