Apesar do crescente aquecimento das vendas de carro zero no Brasil, os preços promocionais para carros básicos em vigor atualmente variaram pouco em relação ao mesmo período de 2006. Até o início de julho, a maioria dos carros de entrada custava exatamente o mesmo de um ano atrás, situação que começou a mudar no início de julho, com reajustes especialmente nos veículos Fiat, Ford e Volkswagen. A grande mudança, porém, foi nas taxas de juros, que, impulsionadas pela queda da Selic, caíram de cerca 1,7% a 2% para entre 1,3% e 1,5%, além da consolidação dos prazos prolongados, com forte indução dos bancos à compra financiada. Haja vista a tamanha facilitação e a oferta de brindes na compra do carro parcelado. Situação que pode ser alterada em virtude da turbulência econômica que afeta o mercado financeiro.
Os revendedores explicam o fenômeno, que não segue a velha lei de oferta e procura. Segundo o gerente de vendas da concessionária Ford Pisa, em Belo Horizonte, Antônio Longuinho da Costa, apesar de o mercado estar aquecido, a disputa pelo consumidor entre os distribuidores ainda é grande, o que garante as constantes promoções. “O mercado está aquecido, mas todo mundo quer vender. E a gente tem que fazer muita promoção para atrair o cliente. Se não fizer direito, ninguém compra”, diz. Ele observa que as montadoras também reajustaram pouco neste período (preço sugerido, de tabela), pois tiveram que compensar a queda das exportações, devido à desvalorização do dólar, com mais vendas no mercado interno.
A Ford, por exemplo, há um ano, anunciava o Fiesta hatch, que acabara de receber o motor flex e ainda não tinha sido reestilizado (o que ocorreu em janeiro desse ano), a partir de R$ 26.990, valor promocional em vigor há até pouco tempo. Com os últimos aumentos na tabela de fábrica, de 1% no início de julho e 0,5% no último dia 3, as revendas passaram a vender o veículo por R$ 27.490. O Ka é outro bom exemplo. Desde um ano atrás até antes dos reajustes, era anunciado por R$ 19.990, preço que atualmente só é garantido se o carro for financiado. À vista, custa R$ 21.590. O preço do Focus se manteve em R$ 41.990 e o do Ecosport passou de R$ 45.990 para R$ 46.990.
Mantidos
Alguns veículos da General Motors tiveram mantidos os preços anunciados: Corsa, a partir de R$ 26.990, e Corsa Sedan Classic, de R$ 24.990. Curiosamente, também o valor sugerido do Corsa foi mantido nesse período de um ano, enquanto o do Classic subiu R$ 75. Já o Celta, que subiu R$ 600 na tabela, teve aumento de R$ 1 mil nas promoções, passando de R$ 22.990 para R$ 23.990. Outra curiosidade interessante e a favor do consumidor está no preço do Peugeot 206, anunciado na internet pelo mesmo preço sugerido pela fábrica, de R$ 26.990. Embora o valor promocional já fosse esse, em agosto do ano passado o automóvel custava mais caro na tabela da montadora: R$ 27.290.
Mais caros
Entre as montadoras que vendem veículos “populares” no Brasil, Volkswagen, Fiat e Renault tiveram mais aumento nas promoções no período de um ano. O Renault Clio hatch duas portas, por exemplo, era ofertado por R$ 23.990, com brindes de películas escuras, tapetes e protetor de cárter. Hoje é anunciado por praticamente o valor sugerido na tabela da fábrica, R$ 25.840 (desconto de R$ 50). A VW anunciava o Gol City 1.0 quatro portas por R$ 24.990. Hoje, esse é quase o preço da versão duas portas (R$ 24.590). A oferta do Gol Power 1.6 teve aumento de R$ 3,3 mil e o Fox duas portas, de R$ 1,3 mil. No caso da Fiat, o maior aumento, entre as ofertas praticadas hoje e em agosto do ano passado, foi na picape Strada, de R$ 1 mil (de R$ 27.490 para R$ 28.490).