A disputa pelo espaço, cada vez mais acirrada, já não é privilégio das
grandes cidades. No trânsito, além das retenções e poucas vagas para
estacionar, as ruas vão ficando cada vez mais apertadas. O espaço em
que antes existia apenas uma fila de carros agora traz delimitadas duas
faixas, sem contar o grande número de veículos estacionados dos dois
lados da rua. As garagens dos prédios também ficam cada vez mais
apertadas e cercadas de pilastras.
Essa realidade exige muitas
manobras, o que demanda mais agilidade tanto do veículo quanto do
motorista. É aí que entra um fator que está na maioria das fichas
técnicas dos automóveis, mas quase ninguém presta atenção nele: o
diâmetro de giro. Sua definição é muito simples de ser assimilada. De
acordo com Ricardo Bock, engenheiro mecânico e professor do Centro
Universitário da FEI, o diâmetro de giro representa a menor
circunferência de trajetória que o carro consegue descrever (confira a
ilustração). Esse número é dado em metros. Na prática, um modelo com
bom diâmetro de giro tem como vantagem poder fazer o retorno (sem
muitas manobras) numa rua mais estreita. Em manobras menores, esse
veículo também tem capacidade de virar melhor.
Álvaro Costa,
engenheiro mecânico integrante da Sociedade de Engenheiros Automotivos
(SAE Brasil) e professor da USP de São Carlos, explica que dois
parâmetros interferem no diâmetro de giro. O primeiro é o ângulo em que
as rodas viram. Segundo Bock, o ângulo máximo de esterçamento está por
volta dos 30 graus, mas o mais comum é 25 ou 26 graus. O segundo
parâmetro é o entre-eixos do veículo. Assim, quanto maior for essa
medida, maior será o diâmetro de giro e o espaço de que esse veículo
precisará para ser manobrado.
POR CATEGORIA
Como o entre-eixos interfere diretamente na definição da categoria do
veículo, o mais adequado é fazer a comparação entre iguais. Sendo
assim, o popular mais ágil é o Ford Ka, que precisa de 9,6 metros para
fazer um retorno. O maior é do VW Gol, que precisa de mais 80
centímetros para fazer o mesmo. Na disputada categoria dos hatches
compactos, o novo Uno e o Palio dividem a liderança, ambos com 9,8
metros de diâmetro de giro. Os hatches médios não são muito diferentes
dos compactos. A melhor medida é do Astra, 10,1m, seguido pelo Focus e
o Stilo. O modelo que mais deixa a desejar nesse quesito é o Citroën C4.
Entre
os sedãs compactos ficam empatados, com 9,8 metros, os Chevrolets
Classic e Prisma e o Fiat Siena. Nas últimas posições estão Voyage,
Polo Sedan, Symbol e Corsa Sedan. O Astra também leva a coroa no
segmento dos sedãs médios, com os mesmos 10,1m do hatch. O pior é o do
C4 Pallas, 10,99m. Fusion e Omega empataram no topo dos sedãs grandes.
O Malibu, com seu enorme entre-eixos, tem mais 90cm de diâmetro de giro.
O
destaque entre as peruas é a Palio Weekend, com 10,5m. Diferentemente
da SpaceFox e Parati, que também são derivadas de compactos, mas
ficaram nas últimas posições. A Mégane Grand Tour seguiu o caminho
contrário. Mesmo derivada de um médio, ficou na segunda colocação. A
Strada honrou a boa participação da Fiat nesse quesito, ficando no topo
da lista. A Saveiro, com duas versões, amargou as últimas colocações.
As
minivans compactas se saíram mais ou menos iguais. A diferença entre a
Meriva e a Livina é de 32 centímetros. Entre as médias, a Zafira fica
na primeira colocação, seguida de perto pela Grand Livina e o Scénic.
Os três representantes da Citroën seguram a lanterna. No segmento dos
multiusos, Doblò e Kangoo estão no topo, ambos sobre a velhinha Kombi.
Enquanto Blazer e SW4 ficaram quase empatadas entre os utilitários
médios, a Captiva ostenta o título do maior diâmetro de giro do
comparativo. Porém, existem modelos, como algumas picapes médias de
cabine dupla, que fazem curvas com mais dificuldade.