De Balocco, Itália - Mefistófeles é um personagem satânico aliado de Lúcifer. É também essa imensa usina de força sobre rodas com um motor de seis enormes cilindros, 21,7 litros de cilindrada (quase 22 motores de Fiat Mille enfileirados...) com 320cv de potência. Acelera como um diabo, ronca alto e faz fumaça por onde passa.
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Ele foi construído em 1908 para competições e se chamava Fiat SB4, até que foi adquirido, em 1922, pelo inglês Ernest Eldridge para tentar bater o recorde mundial de velocidade. Seu motor original (de apenas 18 litros de cilindrada...) foi substituído pelo A12 da Fiat (aeronáutico), com 21,7 litros e 260cv de potência. Não contente, o inglês deu-lhe uma “envenenada” para chegar aos 320cv necessários para empurrar seus 1.800kg até o recorde batido, em 1924, na cidade francesa de Arpajon, a 146,01 milhas por hora (234,97km/h). E aí virou “Mefistofele”...
Vade Retro... Sua mecânica é simplória: o freio só atua nas rodas traseiras, que também recebem as duas correntes que cumprem o papel de transmissão. A caixa tem quatro marchas, todas à frente. Não adianta gritar “vade retro, Satanás”, pois ele não tem engrenagem de ré...
O consumo é coerente: 500 metros por litro de gasolina, se o motor estiver bem reguladinho.
Ao lado do piloto, fora do carro, três alavancas: freio de mão, de mudanças e uma menorzinha que avança o distribuidor.
Bomba de gasolina não tem: você chucha um botão no painel e o tanque vai se pressurizando. Motor de arranque, nem pensar: é no “muque” mesmo, com uma imensa manícula.
Fumacê É inútil tentar explicar a sensação de rodar no Mefistófele. Quando o motor sobe de giro, é um verdadeiro inferno (oooops...) o fumacê que vem na cara. O torque é coisa de caminhão e te empurra no encosto como se fosse uma Ferrari V12. E turbinada...
O Mefistofele é umas das atrações do Vrum deste domingo:
A pista de Balocco, próxima a Milão (onde o grupo Fiat testa seus carros), vai ficando pequena para o Mefistofele. Quando ganha velocidade (não tem velocímetro, só o conta-giros, que chega aos 1.800 rpm), ele vibra mais do que o motorista e o freio poderia ser batizado de “atenuador de velocidade”. Estabilidade? Nem em linha reta...
A sensação? Dos diabos!
Diabo no inferno
A Fiat comprou o Mefistofele de volta, em 1962, no interior da Inglaterra. Depois de reformado, ele está exposto em lugar de honra no museu da marca em Turim, o Centro Storico Fiat. O prédio, no Centro da cidade, foi a primeira fábrica da empresa, no fim do século 19. Onde? Na Via Chiabrera, esquina do Corso Dante Alighieri. (Quer endereço mais adequado para acomodar um diabo do que na rua de quem escreveu “O inferno”?)