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Marcha a ré do ano

Como a palavra planejamento foi suprimida dos dicionários do governo, voltou a faltar etanol

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O ano vai chegando ao fim e, infelizmente, o governo brasileiro confirmou seu descaso, negligência e omissão em relação à segurança e ao combalido saldo bancário do motorista.

INCENTIVO Na contramão geral, foi prometido mas não foi criado nenhum incentivo ao desenvolvimento do carro híbrido ou elétrico. Aliás, nenhum estímulo também ao desenvolvimento de novas tecnologias dos motores tradicionais, a combustão: o governo acha que a ridícula redução de imposto do carro com motor 1.0 é suficiente.

COMBUSTÍVEL
Como a palavra planejamento foi suprimida dos dicionários em Brasília, voltou a faltar etanol. E gasolina. Aliás, segundo o governo, somos autossuficientes em petróleo, mas falta diesel. Em 2011, todos os três vieram também de navio para o Brasil.

SEGURO Entretanto, para enfiar o mão no bolso do motorista, o governo continua craque: o DPVAT foi aumentado, mas não foi moralizado. Das duas, uma: ou se elimina essa “taxa”, ou se estabelece um controle nos bilhões de reais arrancados à força, anualmente, do brasileiro.

SEGURANÇA
A inspeção veicular não sai do papel. Ela está prevista no código de trânsito desde 1998 e, por enquanto, nada. É tanta omissão que as mortes de crianças em acidentes de trânsito foram reduzidas este ano em 40%, graças à obrigatoriedade das cadeirinhas. Nem esses números sensibilizaram o governo a cumprir a promessa de exigi-las também nas vans escolares. Tem cabimento?

PACTO O Brasil aderiu ao pacto mundial para redução de 30% das mortes no trânsito até 2020. Mas, só aderiu: se alguém teve notícia de ações do governo para alcançar esse objetivo, favor informar. Cartas (ou e-mails) para a redação.

MARCHA A RÉ E o grande retrocesso de 2011 foi a decisão do ministro Guido Mantega de aumentar os impostos dos automóveis importados. Ele foi, inclusive, o grande laureado, este ano, com o Troféu Pinóquio de Ouro, em sua oitava edição. O prêmio é uma espécie de contraponto, criado por essa coluna, aos inúmeros concursos e eleições realizados pela imprensa no fim do ano para apontar os melhores disso e daquilo.

Só mesmo uma sucessão de mentiras para justificar uma medida que, além de ilegal, é protecionista, arrepia a concorrência, prejudica o consumidor e alivia as nossas fábricas, sem nada exigir em troca. Foi consequência da pressão das montadoras, que, pela primeira vez na história, reduziram os preços de seus automóveis para enfrentar a concorrência asiática. Entre as inverdades para justificar a atabalhoada decisão, a de que ela estimulou diversas marcas a investirem em fábricas no Brasil. Mentira também: todas elas já tinham anunciado esses investimentos. E só não correram para o México ou Argentina porque o ministro Pimentel azeitou as coisas e teve o bom senso (que faltou ao seu colega) de estabelecer um plano de índice crescente de nacionalização dos componentes.

E-mail para esta coluna: boris.feldman@uai.com.br