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Manutenção preventiva: preguiça e responsabilidade

Quando se trata de cuidar do carro, a troca do óleo do motor raramente é esquecida, mesmo pelos mais displicentes. Mas revisões completas não são prioridade de todos

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Tomaz de Alvarenga admite que seu Corsa Wagon só visita mecânico quando estraga: "Conto com a sorte"



“Levo o carro para revisão toda vez que vou viajar e troco o óleo sempre que vence a quilometragem”, afirma a funcionária pública Cláudia Campos Brasil Jost, dona de um Fiat Palio 2008, com 53 mil quilômetros rodados. “Quando tenho condição, faço uma revisão geral de 10 mil em 10 mil quilômetros. Olho, em especial, os itens de desgaste natural, como as pastilhas de freio. Mas a troca de óleo é inadiável”, completa o corretor Fábio Martins, proprietário de um VW Gol 2006, com 94 mil quilômetros. Fábio e Cláudia retratam bem grande parte dos motoristas de Belo Horizonte quando se trata de manutenção de veículo: a primeira coisa que vem à mente é a troca de óleo do motor. Felizmente, esta raramente é deixada de lado, já que na maioria das vezes é fixado um lembrete no para-brisa, avisando sobre a próxima troca.

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Em enquete realizada por diversos pontos da capital, Veículos perguntou a cerca de 50 motoristas como fazem a manutenção do carro, com que frequência e que itens são olhados. Quase 100% foram categóricos ao se lembrar da troca de óleo, ressaltando não esquecê-la devido ao adesivo fixado no interior do para-brisa. Todo o restante fica resumido quase sempre às revisões determinadas pelo manual do fabricante, enquanto o carro está dentro do período de garantia. Passada esta fase, nem todos os motoristas têm o cuidado de fazer uma checagem minuciosa, nem que seja anualmente. Os mais cuidadosos se lembram dos freios e dos pneus.

Plano de manutenção

Mas, enquanto muitos se atêm ao básico (ou nem a isso), outros levam o assunto a sério não só pela segurança envolvida, mas pelo gasto advindo da falta de cuidado. “Comprei esse carro agora (Ford Ka 2004) e vou revisá-lo por estes dias e seguir direitinho as instruções que me passaram”, garante a atendente de consultório Maura Cristina Alves de Oliveira, mostrando, no banco de trás, os pneus novos recém-comprados. “Tomo conta do que é meu, pois o dinheiro sai do meu bolso”, continua.

O técnico em telecomunicações Adair Ricardo, dono de um Fiat Uno com 160 mil quilômetros rodados, vai além: “Fiz um plano de manutenção, de acordo com a quilometragem do veículo. Foi baseado no manual do proprietário. Inclui examinar correias, suspensão, fazer a troca de óleo etc. Sempre fiz assim. Tem que ser, se quiser ter um carro bom e funcionando”.

Assumidos

De um extremo ao outro, motoristas como o músico Fábio Leão e o estudante Tomaz de Alvarenga assumem o comportamento oposto. “Levo geralmente quando dá algum problema; antes, não. Recentemente troquei os amortecedores já em situação bem ruim. O óleo, como tem o aviso no para-brisa, fica mais fácil, mas mesmo assim passa um pouquinho, até uns 2 mil quilômetros”, revela Fábio, dono de um Fiat Uno igualmente com 160 mil quilômetros.

“Sou irresponsável. Só levo à oficina quando dá algum problema. Agora mesmo estou esperando o carro esfriar e vou para a aula. Conto com a sorte. O óleo eu troco, sigo o que está marcado, mas às vezes passa da hora. Sou muito largado”, completa Tomaz, enquanto aponta para o capô, aberto, de seu Chevrolet Corsa Wagon um pouco mais rodado (163 mil quilômetros).

Revisões

Fiz revisão há pouco tempo. Sigo o manual e, por enquanto, levo à concessionária porque o carro está na garantia. Mas, depois que passar, vai depender do que o carro apresentar. Se for alguma coisa mais tranquila, devo levar em oficina não credenciada. Se for algo mais sério, levo à concessionária”, pondera a fonoaudióloga Soraya Figueiredo Neves de Barros. A manutenção regular do veículo traz à tona outra discussão, em torno da facilidade de levar o carro em uma concessionária autorizada enquanto o modelo ainda está no período de garantia, em detrimento do custo (muitas vezes a oficina cobra mais caro) que isso gera depois deste prazo. As opiniões se dividem.

“Meu carro não está mais na garantia, mas continuo levando à concessionária porque quero tudo original. Mas, para falar a verdade, já estou querendo outro carro zero de novo”, confessa a vendedora Sônia Aparecida Pereira. “Meu carro ainda está na garantia, que é de três anos. Então vou levar à autorizada enquanto durar. Acabando, pretendo trocar de carro”, observa o jornalista Raphael Lorenzetto.