Num país de clima tropical como o nosso, e de índices elevados de violência urbana, é fundamental cuidar bem do de ar-condicionado, pois essa manutenção permite aos ocupantes rodarem com os vidros fechados, criando um ambiente mais agradável, silencioso e seguro. Saiba como manter esse sistema funcionando de forma eficiente, evitando que o veículo se transforme em um verdadeiro forno.
Como funciona?
O sistema funciona quase como um refrigerador. Ou seja, um compressor, que é movimentado por uma correia, ligada ao virabrequim, aumenta a pressão do gás (a maioria utiliza o R134, que não agride a camada de ozônio), cuja característica básica é uma repentina redução de sua temperatura nessas condições de pressão, criando uma região fria pela qual vai passar o ar empurrado pelo ventilador para o interior do veículo.
Como o gás se expande e sua temperatura aumenta com a pressão, entra em cena o radiador, que será responsável pela sua condensação e, por consequência, por sua transformação para o estado líquido. Nessa nova forma, ele entra em uma válvula de expansão que irá evaporá-lo, retirando calor do ar ambiente e possibilitando que fique bastante resfriado. Como esse circuito é fechado, o gás retorna ao compressor e o processo se inicia novamente.
Fôlego e consumo
Uma das poucas desvantagens do ar-condicionado é que o sistema retira um pouco da potência do motor. Isso acontece porque, como o compressor é movimentado indiretamente pelo virabrequim, o motor passa a executar um 'esforço' maior para acioná-lo. Isso resulta em perda de potência que varia de 3% a 7%, dependendo do motor. Nos de baixa cilindrada, nos quais fazem muita falta esses cavalinhos a menos, existe um dispositivo ligado ao sistema de injeção que desliga automaticamente o compressor toda vez que o acelerador é pressionado a fundo. Nesse caso (em uma ultrapassagem, por exemplo), o dispositivo ?entende? que a potência do motor deve ser totlamente aproveitada. Outra desvantagem é o aumento do consumo. Embora varie de acordo com o modelo, com o ar-condicionado ligado o consumo aumenta em torno de 5%.
Cheiro e doença
Esse componente é responsável por filtrar todo o ar que entra dentro do veículo e deve ser substituído no período de um ano, no máximo, ou a cada seis meses se o veículo rodar por estradas de muita poeira, poluição etc. Se a troca for prolongada, os ocupantes vão sofrer não somente com o mau cheiro, mas também com problemas de saúde, causados por fungos e bactérias presentes no sistema. Mas não é só isso. Se o motorista demorar demais a trocar o filtro de cabine, pode acabar prejudicando o rotor do sistema de ventilação, pois as impurezas podem afetar seu funcionamento. De acordo com Edson Brasil, da Delphi Automotive (fabricante de sistemas de ar-condicionado), para saber se o filtro está saturado, basta verificar se há muita redução na vazão de ar quando se muda a função de recirculação para a de entrada de ar externo, pois, na maioria dos veículos, essa peça é colocada somente na captação externa.
Recirculando
Quando a temperatura externa estiver muito alta, é aconselhável usar a recirculação, para acelerar o resfriamento interno. Essa função também é muito útil quando se atravessa lugares com muita poluição no ar (como túnel, engarrafamentos, etc.). Mas seu uso, de acordo com Edson Brasil, não é aconselhável usar essa função por mais de 20 minutos, porque isso leva à redução da umidade interna e do oxigênio do ar da cabine. Fumar enquanto a recirculação estiver ligada é um ato abominável, pois a fumaça aspirada deposita-se sobre o evaporador, provocando permanente odor desagradável. Para sanar este inconveniente, o motorista vai gastar uma boa grana (cerca de R$ 800), com a substituição do evaporador.
Limpando a área
Uma das grandes vantagens do ar-condicionado é desembaçar rapidamente os vidros, pois o sistema desumidifica o ar. E isso é bastante útil para o motorista, principalmente em época de chuva. Para melhorar a visibilidade, o motorista pode virar o fluxo de ar totalmente para o para-brisa.
Uma vez por semana
O motorista deve ligar o ar pelo menos uma vez por semana, mesmo no inverno, para evitar o ressecamento das mangueiras e a falta de lubrificação no compressor, que é o "coração" do sistema. Os problemas de vazamento de gás que costumam ocorrer (embora raros) muitas vezes são causados por deficiência ne lubrificação interna dos dutos, mangueiras e demais componentes do circuito, explica Edson. "O óleo que circula diluído ao gás, embora tenha como função principal a lubrificação do compressor, também ajuda na vedação do sistema".
Carga de gás
A carga de gás deve ser feita a cada três ou quatro anos, para os aparelhos novos. Após esse prazo, a manutenção e recarga deverão ocorrer anualmente, em função das borrachas sofrerem fadiga, podendo causar vazamentos e queda de pressão no sistema.
Água que pinga
Quando a temperatura externa e a umidade do ar forem elevadas, é normal pingar água da condensação do evaporador, formando uma poça debaixo do carro. Não precisa procurar uma oficina.
Melhorando o odor
Uma dica importante para evitar o mau cheiro é desligar o ar-condicionado três minutos antes de chegar ao seu destino, mantendo ligada a ventilação com ar natural, de preferência na velocidade máxima. Esse processo, além de secar o sistema e impedir a proliferação de fungos, ocasionado pelo ambiente úmido, também ajuda na adaptação da temperatura do corpo, evitando o choque térmico ao sair do carro.