Lembra a tal borra do motor, aquela pasta preta que andou causando prejuízos a muitos proprietários de carros? Pois é, parece que ela anda sumida dos salões de oficinas e retíficas. Mas quais seriam os fatores que teriam contribuído para diminuir o problema? Especialistas atribuem o sumiço da borra ao uso de óleos mais finos e termorresistentes, além da redução no prazo de troca dos lubrificantes. Porém, há controvérsia sobre qual tipo de óleo provoca mais a borra: mineral ou sintético. Saiba o que dizem os profissionais do ramo.
Para Remo Lucioli, diretor superintendente da Inforlub, empresa especializada em lubrificantes, o problema da borra do motor foi atenuado, mas ainda existe em menor escala. Ele afirma que o inconveniente está relacionado diretamente com a qualidade do óleo, que no Brasil é produzido a partir de básicos fabricados pela Petrobras. Em outros países, segundo Remo, os lubrificantes estão em gerações mais avançadas e atendem as exigências das montadoras, que querem um óleo cada vez mais resistente a altas temperaturas, pressão e vazão. “Se o lubrificante não for bom, oxida”, afirma o especialista.
Ele acrescenta que a tendência é usar óleos mais finos e mais termorresistentes. Os motores modernos trabalham em temperaturas elevadas e exigem lubrificantes mais finos, que circulam mais rápido, reduzindo a possibilidade de oxidação. Questionado sobre a influência do combustível adulterado na formação de borra no motor, Remo se mostra descrente. “O combustível adulterado altera o ponto de ignição e gera hipercarga térmica, exigindo mais esforço do óleo, mas não o suficiente para oxidá-lo”, revela.
Então o que teria contribuído para reduzir a incidência de formação de borra nos motores dos carros brasileiros? Para Remo, houve uma redução de 60% nos casos e o fato está relacionado com a melhoria na qualidade dos lubrificantes e com a postura do consumidor de usar o produto com as especificações determinadas pelos fabricantes, respeitando o prazo de troca. E ele garante que, se o proprietário do carro usar o produto com a especificação correta, respeitando o tempo de troca, e mesmo assim surgir borra no motor, a montadora passa a ser responsável pelo problema.
Quanto ao uso de óleo mineral ou sintético e a relação de ambos com a borra, Remo expõe seu ponto de vista. “O sintético é mais resistente às altas temperaturas e o mineral exige prazos de trocas bem mais reduzidos”, afirma. Ele acrescenta que o motor que usa óleo mineral por muito tempo e depois passa para o sintético vai soltar fuligens, que causam a borra. O ideal antes da troca é fazer a limpeza do motor com uso de detergente dispersante.
NA OFICINA A redução dos casos de borra no motor nos salões das oficinas mecânicas é uma realidade. Para Vicente Guimarães, proprietário da Alinha Rodas, em seu estabelecimento constatou-se uma diminuição de cerca 80% nos casos. “Os proprietários de carros estão mais cautelosos e bem informados e com isso fazem a troca do óleo e do filtro na hora certa, evitando problemas. Quando acontece, é descaso”, afirma.
E, contrariando a opinião de Remo Lucioli, Vicente garante que no salão de sua oficina os poucos casos de borra que ainda aparecem são em carros que usam óleo sintético ou semissintético. “São poucos os casos de borra com óleo mineral e quando ocorrem foi porque o proprietário deixou passar o prazo da troca”, revela Vicente. Ele afirma que a experiência mostra que o lubrificante mineral é melhor, desde que a troca seja feita rigorosamente aos 5 mil quilômetros.