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Manutenção - Airbag tem validade

Bolsas infláveis exigem alguns cuidados especiais, duram no máximo 20 anos e devem ser substituídas depois desse prazo para continuar protegendo os ocupantes do veículo

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O airbag completa em dezembro 30 anos, pois, embora tenha sido patenteado em 1952 por John Hetrick, foi vendido como equipamento opcional pela primeira vez em 1980, no Mercedes-Benz Classe S. Atuando em conjunto com o cinto de segurança, esse equipamento pode ser considerado um verdadeiro anjo da guarda para motoristas e passageiros, pois podem reduzir em até 30% o risco de morte em uma colisão frontal direta. Sua principal função é reduzir a quase zero (desacelerar) a velocidade de motorista e passageiro com pouco ou nenhum dano.

Estima-se que, nos Estados Unidos, entre 1987 e 2003, o airbag tenha sido responsável por salvar quase 14 mil vidas em acidentes de trânsito. No Brasil, onde não existem estatísticas tão precisas sobre mortes no trânsito, as bolsa infláveis chegaram primeiro nos modelos importados, no início dos anos 1990, e depois passaram a ser comercializadas como opcionais em modelos nacionais. Mas é importante que os motoristas saibam que airbags têm validade e exigem alguns cuidados para continuarem cumprindo bem o papel de "anjo da guarda".

Vencido

O manual do proprietário estabelece um prazo de validade para o airbag de cada veículo, que varia de 15 a 20 anos, de acordo com o modelo e a marca. Segundo Nivaldo Siqueira, gerente de desenvolvimento da TRW (fabricante de airbags), na verdade, o equipamento foi projetado para durar mais do que isso, mas parece que os fabricantes de veículos trabalham com uma margem de segurança. "Isso é compreensível, pois se trata de um equipamento de segurança e cada motorista tem uma maneira de cuidar do seu veículo. Em condições normais de uso, o airbag teria uma durabilidade bem superior. Nos Estados Unidos, já ocorreram diversos acidentes com veículo que tinham airbags com mais de 30 anos e o equipamento funcionou normalmente."

Nivaldo explica que o importante é o motorista saber qual a validade prevista pelo fabricante do veículo e ficar de olho na luz do airbag no painel, pois todo o sistema é monitorado por uma central eletrônica, que faz constantemente verificação das condições nas quais o dispositivo foi projetado para funcionar. "É a luz no painel que vai indicar se há, por exemplo, um cabo rompido ou oxidações no contato. Qualquer anomalia detectada pelo sistema é avisada ao motorista por meio da luz." Assim que essa luz se acender, o motorista deve procurar a concessionária para realizar o conserto.

Reparos

O proprietário do veículo deve tomar alguns cuidados ao fazer manutenção nos pontos em que estão alojadas as bolsas infláveis, como volante, painel, bancos e teto. "Algumas pessoas acham que, ao realizar um conserto no volante, existe o risco de o airbag explodir. Esse risco praticamente não existe, pois o que faz um airbag ser acionado são sinais eletrônicos, enviados por sensores, quando há uma forte desaceleração e deformação do chassi. Mas, se esses reparos não forem feitos por profissionais especializados, pode ocorrer, por exemplo, a ruptura de um cabo, que vai prejudicar o funcionamento, fazendo com que a luz indicativa de problemas se acenda no painel", explica o gerente da TRW.

Água


Outro mito que existe em torno do airbag é quanto à água. O fato de lavar um painel, banco ou teto com um pano molhado não vai trazer nenhum problema para o sistema, mas, se o motorista encarar um alagamento, com certeza terá que trocar o conjunto. De acordo com o diretor comercial da Delphi Automotive Systems (fabricante de componentes eletrônicos para o sistema de airbag), Valdir de Souza, embora a caixa seja blindada, ficando próximo da região da alavanca de marchas, o fato de o carro ficar submerso pode afetar a central eletrônica do conjunto. Nesse caso, a luz também vai se acender no painel.

Preço

Para que se tenha ideia do quanto custa a substituição de um airbag, a troca do equipamento (somente do lado do passageiro) de um Honda Civic LXS 2008 fica em torno de R$ 11 mil. Portanto, quem for comprar um veículo usado com airbag que esteja com quase 15 anos de fabricação, ou acima disso, é bom levar em conta a despesa com a troca desse dispositivo, para não dispensar esse valioso anjo da guarda.

Usados

É preciso muito cuidado, pois existem pessoas que, no momento de vender o carro usado com airbag, apelam para mecânicos desonestos, que realizam verdadeiras gambiarras, fazendo com que a luz do painel se apague e não indique que o sistema não está funcionando ou que as bolsas infláveis (e toda a infraestrutura necessária para o seu funcionamento) foram simplesmente retiradas. Fique de olho!

Posição

Para evitar ferimentos, motorista e passageiro devem guardar uma distância segura do volante e painel. Alguns especialistas afirmam que 25cm é um espaço com boa margem de segurança. Outra atitude arriscada, e que pode ser fatal para o passageiro caso a bolsa venha a ser acionada, é viajar com os pés apoiados no painel. A questão dos óculos é polêmica. Alguns experts defendem que não há problemas porque, quando o motorista ou passageiro, toca na bolsa ela está esvaziando e, por isso, seria um contato leve. Mas um estudo recente sobre as lesões oculares e orbitárias em pessoas que usam óculos causadas pela explosão do airbag em baixas velocidades, realizado na Espanha pelo Instituto de Segurança Viária da Fundação Mapfre (uma empresa do ramo de seguros), revelou que os efeitos das armações e lentes sobre o globo ocular podem ser devastadores e produzir lesões graves, mesmo em uma colisão a baixa velocidade. Para reduzir esses riscos, os estudiosos recomendam sempre usar o cinto de segurança e aumentar a distância mínima para o volante/painel para 45cm.