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Mahindra Scorpio - Conexão amazônica

Parceria entre empresa nacional e fabricante indiano lança no Brasil de utilitários produzidos em Manaus, com contribuição mineira e a preço competitivo

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SUV inclui alguns equipamentos extras, como bancos em couro e rodas de liga leve

De São Paulo (SP) - Recentemente, a indústria automobilística indiana esteve em evidência, devido ao lançamento do Nano, apresentado como o veículo mais barato do mundo. Aqui no Brasil, os indianos também estão marcando presença, mas de uma maneira menos controvertida e sem muito estardalhaço.

Nesta semana foi apresentada oficialmente à imprensa a Scorpio, linha de utilitários feita em Manaus, numa parceria entre a montadora indiana Mahindra e a empresa Bramont. Grupo industrial com 60 anos de existência, a Mahindra atua em áreas muito distintas, como incorporação imobiliária, microcrédito e administração hoteleira. No setor mecânico, o conglomerado produz motos, tratores e utilitários. O único carro de passeio da Mahindra é o Logan, feito em associação com a Renault, para o mercado indiano.

No mercado brasileiro, estão sendo vendidos três modelos: as picapes, com cabine simples ou dupla, e o utilitário-esportivo (SUV). Os veículos foram expostos pela primeira vez no Salão do Automóvel de São Paulo, em 2006. Nesse meio tempo, foi construída a fábrica e feita a adequação do produto ao mercado brasileiro.

Atualmente, o índice de nacionalização dos veículos está em 49%, com participação mineira. A cabine é feita pela Usiparts, em Pouso Alegre, Sul de Minas. Por enquanto, a empresa é responsável apenas pela montagem final, mas o próximo passo será fazer também o processo de soldagem. A capacidade atual de produção é de cinco mil unidades por ano, em um turno. Mas a montadora garante que é possível expandir esse número para 10 mil ou 15 mil carros por ano, de acordo com a demanda do mercado.

Há apenas uma opção de motor: 2.6 turbodiesel, de quatro cilindros, que produz 110 cv de potência e 27,5 kgfm de torque. Curiosamente, o propulsor não é comprado de terceiros. Trata-se de um projeto desenvolvido pela própria Mahindra, com colaboração da Daimler Benz.

Toda linha tem tração integral de série, mas faltam equipamentos como sistema ABS


A tração integral, com reduzida, é de série nos três modelos, e o acionamento é feito por um comando eletrônico no console, e não pela segunda alavanca, como é comum em vários utilitários. Os freios são a disco, na dianteira, e a tambor, na traseira, sem previsão de ABS.

De perto
Sem dúvida, estar frente a frente com um veículo de origem indiana desperta curiosidade. Mesmo considerando que beleza é uma questão subjetiva, a estética não é o ponto forte desses utilitários. O pára-brisa é praticamente vertical, e detalhes como a grade dianteira um pouco rebuscada e as calhas nas molduras das portas não ajudam.

O interior, por sua vez, tem estilo mais convencional, embora alguns detalhes, como o acabamento imitando madeira no console do SUV, sejam de gosto duvidoso. Uma surpresa entre os veículos da categoria é a instalação da alavanca de acionamento do freio de estacionamento no console central, e não por pedal. O utilitário-esportivo vem equipado com a terceira fileira de bancos, mas, diferentemente de rivais mais sofisticados, ela não se recolhe no assoalho nem tampouco é bipartida. Para aumentar o espaço do porta-malas, a solução é dobrar o encosto ou preparar o muque para retirar o banco inteiro.

A lista de equipamento de série é extensa e inclui vidros e travas elétricas, faróis de neblina, rádio com CD (reprodutor de MP3) e entrada USB e ar-condicionado. A versão SUV, mais luxuosa, conta ainda com bancos revestidos em couro, rodas de liga leve e sistema de travamento, com follow me. Infelizmente, itens de segurança, como airbags e apoio de cabeça para o ocupante do meio na segunda fileira de bancos, estão ausentes.

Dirigindo
Ao volante, poucas surpresas. No curto test-drive com o SUV, feito nas ruas de São Paulo, foi possível conferir um nível de ruídos relativamente controlado. O câmbio é de acionamento mais macio e preciso do que outros veículos do gênero. Outro aspecto positivo da linha são os preços sugeridos: R$ 71.860 (picape cabine simples); R$ 79.864 (cabine dupla); e R$ 86.864 (SUV). Atualmente, a rede é composta por 11 revendas. Em Belo Horizonte, a abertura de uma concessionária da marca está prevista para março.

(*) Jornalista viajou a convite da Bramont