Desde que foi inventado, o automóvel sempre mexeu muito com a cabeça do homem, levando-o a exercitar sua imaginação tanto no que diz respeito à forma de usá-lo quanto às possibilidades de transformá-lo. Símbolo de status e poder, o carro é para alguns um bem tão precioso que supera até mesmo os prazeres da carne. Cria-se uma relação tão íntima entre o objeto e o possuidor que fica difícil encontrar explicação para algumas atitudes. Mas dessa paixão exacerbada podem surgir histórias interessantes, provando que o mundo do automóvel não tem limites nem barreiras. É a loucura permitida.
PROIBIDO
Teoricamente, os carros foram feitos para superar distâncias, transportar pessoas e objetos, em velocidade limitada ou a mil por hora, para os mais afoitos. Mas não é que inventaram outro jeito de usar o automóvel! E só poderia ser lá, nos Estados Unidos. Diz a lenda que alguns moradores de periferia criaram a cultura lwrider, que visava dar um aspecto diferenciado aos automóveis. Para isso, eles colocavam pedras e sacos de areia no porta-malas, deixando a frente do carro levantada. Já nos anos 1950, as autoridades da Califórnia resolveram proibir alguns tipos de personalização, principalmente as suspensões rebaixadas. Para driblar a fiscalização, foi criado um sistema que permitia levantar e abaixar a suspensão, de acordo com a necessidade. Ou seja: tem polícia, levanta. Sem polícia, abaixa!
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DANÇANDO
Mas o que era um artifício para literalmente enganar as autoridades acabou transformando-se em uma brincadeira muito maluca. Era o lowrider, prática que consiste no uso de suspensões pneumáticas, monitoradas por um sistema que permite controlar a altura de cada roda. É possível fazer a frente ou a traseira do carro pular ou simplesmente trafegar com o veículo em três rodas. Existe até revista especializada no assunto, a Lowrider Magazine, editada por Alberto Lopez, que também organiza o Lowrider Experience, evento que reúne os melhores carros do segmento, promove shows dançantes com coreografias cuidadosamente preparadas para os automóveis, além de reunir belas garotas para a alegria dos marmanjos.
EXÓTICOS
Além de pular e dançar, os carros da cultura lowrider também carregam outra característica: normalmente, têm detalhes exóticos, de gosto duvidoso. Atualmente, são admirados pelos rappers americanos, que gostam de acrescentar detalhes como rodas e motor banhados a ouro e diamantes cravados em alguns componentes. O próprio Alberto Lopez não mede esforços para preparar seus carros. Em 2003, ele participou do Lowrider Experience com um Chevy El Camino 1979 com o interior todo modificado. Os bancos dianteiros foram substituídos por assentos giratórios e o interior foi totalmente revestido com tecido amarelo aveludado e almofadado, com detalhes dourados, lembrando uma suíte de motel de filme pornô dos anos 1970.
EXAGERADOS
Mas os automóveis com decoração escandalosa não são exclusividade da cultura lowrider. Os salões de tuning e afins também são frequentados por tipos estranhos, que abusam da criatividade e ostentação de luxo. No Essen Motor Show 2004, na Alemanha, um dos destaques foi um Chevrolet 1938 totalmente banhado a ouro. Já no salão de tuning realizado em Paris, em 2008, a pérola foi um modelo com o interior todo revestido com tecido felpudo alaranjado. Painel, bancos, teto, colunas dianteiras, tudo coberto por uma material que lembra bichinhos de pelúcia. Haja imaginação!