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Inovação - Teoria para lavar o carro

Professor de geografia prega limpeza do veículo com produtos ecologicamente corretos, além de refletir sobre cada ato e efeito do processo de higienização

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Para o geógrafo Bonfá, "o horizonte de quem lava o carro é o momento da venda"

Lavar o carro para uns é diversão. Com direito a cerveja gelada, música alta e uma oportunidade para espantar o calor. Para outros é uma despesa rotineira, como levar ao lava-jato. Para o geógrafo Flávio Bonfá, lavar o carro é um negócio, que exige estudo, dedicação e muita teoria. Professor durante anos e mestre em marketing, Bonfá pondera sobre os detalhes e busca resultado mais eficiente. Proprietário de lava-jato em Brasília, a conversa de Bonfá se guia por um objetivo traçado: "O horizonte de quem lava o carro é o momento da venda".

O método de Bonfá começa por reinventar a matéria-prima da lavagem: a água. Com desvio das calhas do telhado do lava-jato e dos vizinhos, ele armazena a água da chuva e a despeja em tanques de decantação para eliminar as impurezas grosseiras. "Em regiões poluídas, a água da chuva é ácida, mas não tem flúor e algicidas à base de sulfato de cobre", explica. Os componentes da água da torneira são mais prejudiciais à pintura do que os da água que vem do céu. Além, é claro, de serem mais baratos e ecologicamente corretos.

Na busca pelo brilho ideal, Bonfá explica que o verniz da tinta do carro é da espessura de um papel celofane dobrado. "É muito fino. As pessoas falam em polimento, mas não compreendem que o processo usa uma massa abrasiva e reduz o verniz da tinta", entende Bonfá. Em vez do polimento, ele aplica cera de carnaúba. Nativa do sertão nordestino, as folhas da carnaúba têm um pó que as protege da incidência dos raios solares agudos do sertão. Bonfá explica que a cera é 80% mais cara do que as derivadas do petróleo e corriqueiras nas prateleiras dos supermercados. "O princípio é diferente, pois aumenta a espessura de proteção e também confere o brilho", defende a idéia o professor. A cera usada por ele é proveniente de uma comunidade ribeirinha do Tocantins.

"É possível criar uma empresa só com produtos naturais para carro", vislumbra o professor. Outro produto natural que Bonfá recomenda é o óleo de babaçu, que faz às vezes de impermeabilizante. "Quando um cliente viaja para o litoral recomendo o uso desse óleo para proteger a lataria do efeito da maresia. Na volta, o ideal é retirar, pois impurezas como areia e sal ficam incrustadas", explica.

Tropical

Bonfá considera o interior dos veículos um paraíso dos ácaros. "Os carros brasileiros são excelentes para a Europa. Cheios de veludo, carpetes e materiais porosos. Tudo em total descompasso com o clima tropical", afirma. Quando entorna comida no banco, a fricção da pele com o estofado gera milhares de microorganismos. O professor conta que se observar um recorte do tecido em um microscópio, a quantidade de sujeira impressiona. A solução pensada por ele é o álcool 70, com menor quantidade de água e que tem poder microbiostático, capaz de impedir o crescimento dos microorganismos.

Depois de toda a limpeza, falta o essencial: o cheiro de carro novo. Pois o "professor Pardal" de Brasília pensou nisso também e descobriu que o odor é proveniente da cola usada para fixar o carpete e os materiais plásticos do automóvel. Após conversar com os clientes, percebeu que o cheiro que mais agrada é de menta, que é o misturado à essência do "cheiro de carro novo" e pulverizado no carro após a limpeza.

As idéias do professor contemplam a interpretação das condições climáticas e geográficas. Ele explica que em Minas, onde existem cristais de óxido de ferro na atmosfera, não se deve esfregar um pano na lata do carro, pois provoca arranhões. Outra dica é para locais com grande amplitude térmica, onde os veículos amanhecem cobertos por pequenas gotas da água. Neste caso, antes de expor o veículo ao sol, deve-se jogar água, pois as pequenas gotas funcionam como lentes de aumento e aceleram a queima do verniz.

Serviço

Endereço:
A Restaura Car está na W2 Sul, na quadra 509 voltada para as quadras residenciais. Ao virar pela W3 ou se aproximar pela W2 fica visível a bandeira da empresa.
Fone: ( 61) 3242 0443
O site do lavajato é www.restauracar.com