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Indústria automotiva nacional perde espaço para fábricas na Índia

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Funcionários trabalham na fábrica da Tata na cidade de Sanand, na Índia


Depois de conquistar com as matrizes o direito de desenvolver carros no próprio País, e de chegar ao quarto lugar na lista dos maiores mercados mundiais e ao sexto no ranking de fabricantes, a indústria automobilística do Brasil perde espaço para a Índia, sua parceira no Bric, o bloco dos países emergentes.

Estudo da consultoria Roland Berger conclui que vários dos novos modelos que serão produzidos pelas montadoras nacionais nos próximos anos serão desenvolvidos na Índia, ainda que tenha participação de técnicos brasileiros. O país também pode tirar este ano do Brasil o sexto posto de maior produtor de veículos, mantido desde 2008.

No ano passado, a diferença foi de apenas 111,5 mil veículos a mais para o Brasil, segundo a Organização Internacional dos Construtores de Automóveis (Oica). Há cinco anos, quando o País ocupava a oitava posição, a Índia estava em 11º e a diferença entre os dois era de 900 mil veículos. Nesse período, a produção brasileira passou de 2,53 milhões para 3,64 milhões de unidades em 2010. A indiana teve salto de 1,63 milhão para 3,53 milhões.

“O Brasil está perdendo espaço na produção para veículos importados, que já respondem por mais de 20% das vendas”, justifica um dirigente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A Índia, ao contrário, atende quase todo o mercado interno com produção local. As vendas de carros no país asiático crescem a ritmos mais acelerados que o brasileiro, assim como seu PIB.

No primeiro bimestre deste ano, o país já tirou do Brasil o quarto lugar entre os maiores mercados, posto inédito alcançado em 2010. Foram 519 mil veículos vendidos no País ante 594 mil na Índia. No ano passado, a Índia também estava à frente do mercado brasileiro no início do ano, mas acabou na sexta posição.

Para Stephan Keese, diretor da Roland Berger, “o Brasil continuará a participar do desenvolvimento de novos carros compactos, mas vai perder a oportunidade de liderar projetos no segmento que mais cresce no mundo.” O alto custo local, segundo ele, tira a competitividade do País.

A Roland Berger realizou 60 entrevistas com montadoras, autopeças, associações e governos dos principais países, inclusive o Brasil, para traçar um perfil da indústria para daqui a 15 anos.

Segundo Keese, além da consolidação da China como líder do setor e do aumento das vendas de carros compactos, uma das conclusões do estudo é que as montadoras vão concentrar o processo de criação em países de baixo custo. Nesse quesito, a Índia leva vantagem, embora as grandes fabricantes tenham centros de pesquisas no Brasil.