De São Paulo - Ao entrar no Civic Si usado como Pace Car na Fórmula Indy, no circuito de rua do Anhembi, em São Paulo, no último fim de semana, deu para sentir o forte cheiro de queimado, uma mistura de borracha de pneu, discos de freio e disco de embreagem. Mas nada que assuste, principalmente porque quem está ao volante é Johnny Rutherford, uma das lendas da Indy, pois venceu três vezes a prova 500 milhas de Indianapolis (1974, 1976 e 1980). Aos 72 anos, Rutherford é o piloto do Pace Car da Indy e deu carona a convidados nos intervalos entre os treinos.
A reportagem também pegou uma carona e percebeu que o motivo do cheiro de queimado se explica pela traçado do circuito montado no Anhembi, que combina retas imensas, como a da Marginal do Rio Tietê, de 1,5 quilômetro de extensão, com curvas em formato de cotovelo. Rutherford levou o Si a velocidade de 180km/h, observada no velocímetro, para reduzir bruscamente para 60km/h em uma curva. Rutherford necessita de muito braço, pois precisa manter um ritmo acelerado sempre que a bandeira amarela entra em ação, o que acontece com muita frequência, como se viu no último fim de semana. Nessas situações é preciso usar os 192cv de potência do motor 2.0 do Civic Si, que, ao contrário dos motores da Indy, são abastecidos com gasolina. Mas ambos os propulsores são aspirados. O Pace Car recebeu uma preparação especial no freio para suportar o traçado.
Tudo igual
Os carros da Indy têm todos a mesma estrutura: motor, câmbio, pneus e chassi. As diferenças estão no acerto da suspensão e detalhes da aerodinâmica. O motor é Honda V8 3.5, que rende 650cv e é abastecido com etanol, proveniente da cana-de-açúcar. As rotações por minuto são limitadas a 10,3 mil giros (veja o funcionamento do oito cilindros no vídeo abaixo).
Os pneus são Firestone, sendo na dianteira 10.0/25.8 R15, com pressão entre 22 e 26 libras; e na traseira 14.5/28.0 R15, com pressão de 20 a 25 libras. O chassi, que é Dallara e feito em fibra de carbono, tem peso mínimo de 726kg, incluindo os fluídos do motor e sem contar o piloto e o combustível. O custo médio de cada chassi é de R$ 550 mil.
A piloto Bia Figueiredo, da equipe Dreyer e Reynbold Racing, que fez sua estreia na categoria na prova de domingo, explica que, em São Paulo, devido às irregularidades da pista, os mecânicos precisaram concentrar o trabalho na suspensão do carro. Ela calcula que o seu carro ficou cerca de 3cm mais alto. A estratégia deu certo, pois Bia conseguiu terminar a prova na 13° posição, depois de largar em 22°, e considera que o resultado foi positivo. Ela foi a melhor entre as quatro mulheres que disputaram a prova.
(*) Jornalista viajou a convite da Honda.