A Mazda não é a maior tampouco a mais conhecida das marcas japonesas, nem vende oficialmente no Brasil. Mas o fabricante tem tradição de inventividade e soluções pouco convencionais. Um dos principais exemplos é o RX-8, esportivo que, em vez de usar motor com cilindros, é equipado com propulsor rotativo do tipo Wankel.
Este tipo de motor é a combustão interna e usa gasolina. Mas em vez de ter pistãos para comprimir o combustível e gerar a explosão, o líquido é injetado em uma câmara irregular ovalada (abaixo) e um compressor rotativo em forma triangular é responsável pelas etapas de admissão, compressão, explosão e exaustão.
O motor foi desenvolvido na Alemanha para a NSU (depois absorvida pela Audi) na década de 50, e foi utilizado também pela Citroën. Apesar da leveza e alta potência específica, o propulsor rotativo apresenta dificuldades na fabricação, pois requer processos produtivos mais rigorosos e, na década de 70, a Mazda era a única fabricante a insistir na tecnologia e, agora em 2007, comemora os 40 anos de uso dos motores rotativos.
[FOTO2]O primeiro modelo foi o Cosmo Sport, de 1967, com dois rotores de 982cm³ de capacidade volumétrica e 110cv de potência. Os bons resultados iniciais levaram ao lançamento de outros modelos, incluindo sedãs, carros familiares, picape leve e até mesmo ônibus, o Parkway Rotary 26. Mas, como uma das características dos motores tipo Wankel é o consumo elevado, o aumento gradativo dos preços do petróleo diminuiu o apelo dos propulsores.
No entanto, a Mazda manteve o motor rotativo para seu modelo topo de linha esportivo. O RX-7 foi lançado em 1978 e ficou conhecido das crianças por ser o carro do herói do seriado japonês Jaspion. Em sua versão final, o motor de 1.143 cm³ desenvolvia 165cv. A segunda geração do RX-7, lançada em 1985, além de um novo estilo, inaugurou o uso do turbo em motores rotativos, o que elevou a potência para 185cv chegando ao máximo de 205cv no ano/modelo 1989.
A terceira geração, de 1991, ganhou sistema com dois turbos e a potência saltou para 255cv. O veículo tinha estilo completamente diferente do modelo anterior, mas chegou em momento de baixa para os esportivos de marcas de grande volume.
Para espantar o fantasma das baixas vendas, o esportivo seguinte foi chamado de RX-8 e tinha proposta ainda menos convencional. Apesar de ser um cupê de quatro lugares, atrás das duas portas principais há duas pequenas portas que se abrem no sentido contrário, para facilitar o acesso dos passageiros de trás.
O carro também foi escolhido para o desenvolvimento da plataforma do modelo a hidrogênio da Mazda. O carro é bicombustível e pode rodar com gasolina onde não há infra-estrutura para abastecimento do hidrogênio. Apesar de não ser vendido ao público, já é comercializado, no sistema leasing, para empresas e o governo japonês.