As ladeiras chegam a colocar medo nos alunos de autoescola. Afinal, a dificuldade de parar na subida e arrancar em seguida envolve um balé intrincado, que exige sincronismo na hora de soltar o pedal da embreagem e dosar o acelerador. Algo tão difícil que alguns carros passaram a vir com o hill-holder, dispositivo eletrônico que segura o carro em ladeiras, dando ao motorista o tempo de acelerar sem que ele volte. Mas o seu carro também tem um dispositivo do tipo. Leia e descubra.
Sem trocar os pés
Segurar o carro na embreagem em subidas pode parecer uma prova de habilidade, mas desgasta alguns componentes do veículo. Saiba como não dar vexame na arrancada.
A dificuldade de arrancar com o carro na subida é pesadelo para motoristas novos e antigos. É tão complicado que os instrutores de autoescola até recomendam usar o freio de mão ou de estacionamento, o que dá todo o tempo para acelerar na subida, sem recuos. Como se fosse aquele dispositivo que impede recuos na situação, o hill-holder, que é conjugado com o ABS. O sistema percebe a inclinação, enquanto outro sensor ligado ao freio ABS detecta se o freio está sendo acionado e o mantém nessa condição. Assim que o motorista começa a acelerar, a central eletrônica determina se o torque é suficiente para fazer o carro avançar e, se for, libera o freio, sem o carro recuar. Porém, o freio de mão tem a vantagem de ficar acionado o tempo que você precisar, enquanto o dispositivo segura o carro apenas por poucos segundos.
O mais curioso é que o macete era para ser a via de regra. Afinal, segurar o carro demais na embreagem e no acelerador não faz bem ao conjunto, que vai durar menos do que deveria. “Na verdade, a embreagem serve para transferir o movimento do motor para a transmissão. Ela faz o acoplamento. E isso é planejado para ser feito em um espaço curto”, explica Ricardo Dilser, consultor técnico da Fiat.
Se não é possível simular o funcionamento dos freios ABS em uma situação normal, o do hill-holder é fácil. É só puxar o freio de mão. Assim, fica fácil impedir que o carro desça contra sua vontade. E, de quebra, é possível descansar um pouco os pés. Por isso, repare da próxima vez que pegar um táxi na capital, onde os motoristas adotam a prática de puxar o freio de mão para descansar e também para economizar, evitando desgaste prematuro da embreagem. Algo prosaico, mas que é aplicado até por modelos mais sofisticados equipados com transmissão automatizada e freio de estacionamento eletrônico, que acionam automaticamente o freio nas paradas.
SENÃO Só que a prática, embora simples, guarda uma armadilha. Em geral, assim que o carro ensaiar o movimento começando a trepidar, é necessário desengatar o freio de mão, uma coordenação fina. “Se o freio de mão estiver segurando enquanto o carro já quer se mover, esse é o momento em que a embreagem acaba sendo submetida a um grande desgaste”, alerta Dilser. O que não desaconselha o uso do freio de estacionamento nessas situações, é só ficar atento. Até porque dar a partida em aclives acentuados é pior com o automóvel carregado.
Memória
Studebaker foi o pioneiro em 1936
O mecanismo foi criado pela marca americana Studebaker, que passou a oferecer o sistema nos seus modelos já em 1936, quando a segunda geração do President passou a vir com a opção. O funcionamento é simples, mas o sistema era mecânico ao contrário do eletrônico atual. Depois, o dispositivo passou a ser utilizado em uma ou outra marca, sendo a japonesa Subaru a mais lembrada, tendo reintroduzido o recurso no mercado brasileiro nos anos 1990. Atualmente, outros carros têm dispositivos que funcionam como o hill-holder, incluindo o nacional Fiat Bravo. E, se você acha difícil arrancar com o carro carregado, imagine só os motoristas de veículos de carga. O que justifica a presença do hill-holder até em comerciais como a Ford Transit, importada da Turquia.